Leandro Brito: “A paralização dos caminhoneiros é um ato de cidadania ou uma manobra política?”

Leandro Brito: “A paralização dos caminhoneiros é um ato de cidadania ou uma manobra política?”

Leandro Brito é repórter da TV Imigrantes

— Por Leandro Brito

A paralização dos caminhoneiros que está ocorrendo em todo o Brasil mais parece uma manobra arquitetada para obter dinheiro nos cofres em tempo recorde. A paralização movimentou — e muito — os postos de combustíveis. Muitos brasileiros, diante da ameaça da falta do produto, foram aos postos encher seus tanques com medo de ficarem com o carro na garagem por causa do tanque vazio. Com isso, os empresários venderam em tempo recorde o que, comumente, demorava alguns dias para acontecer.

Ok! Esta é uma leitura do processo da paralisação, e uma leitura razoavelmente crível, tendo em vista que aqui em Teófilo Otoni, por exemplo, alguns postos chegaram a vender gasolina na tarde de ontem a praticamente R$ 6,00 o litro.

A matemática é simples. Muitos não enchiam o tanque porque tinha excesso de oferta de combustíveis, tanto é que acompanhamos o tempo todo postos fechando e postos abrindo… e também reabrindo.

Com a paralização dos caminhoneiros, a oferta diminuiu. Nem chegou a se tratar da possibilidade de escassez. Não! Não era uma questão de escassez. Era falta mesmo do produto, e falta absoluta. Com isso, a mercadoria foi comercializada, o dinheiro girou e, claro, os empresários não tiveram tanto trabalho.

Num primeiro momento alguns de nós foram levados a acreditar que tudo não passou de mais uma jogada do cruel capitalismo. O problema com essa leitura, bastante rasa, diga-se de passagem, da situação, é que a paralisação interrompeu a chegada de mais combustíveis nos postos. E isso trouxe prejuízos para os empresários também. De que lhes adiante vender rápido — em um dia — um estoque que seria vendido em dois ou três, e depois não ter mais o que vender?

Então vamos parar de colocar a culpa da paralisação dos caminhoneiros no capitalismo. Mas, se não for culpa do capitalismo, é culpa de quem?

Eu tenho outra hipótese. E, modéstias às favas, uma boa hipótese. Tem a ver com as últimas notícias que foram publicadas nas redes sociais sobre a política mineira. Isso mesmo! A paralisação dos caminhoneiros tem a ver com a política mineira. Em Minas a pré-candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado parece não ser muito aceita por alguns velhos caciques da política estadual, principalmente do MDB, antigo PMDB, e até outro dia parceiro da hora do governo do PT no Estado. O anúncio de que a parceria do MDB e PT está encerrada causou uma certa insatisfação ao Partido dos Trabalhadores.

Mas a pressão não mudou a ideia do PT. O partido declarou que vai mesmo levar a candidatura de Dilma até às últimas consequências com o apoio da militância e das suas bases. O PT quer fazer dela senadora de qualquer jeito para passar a impressão de que o povo sabe que ela foi vítima de um golpe quando sofreu o impeachment.

Coincidência ou não, dias depois do anúncio da candidatura de Dilma as paralisações tiveram início ao mesmo tempo em que nas redes sociais milhares de publicações surgidas não se sabe de onde começaram a lembrar que no Governo da ex-presidente Dilma praticamente não houve aumento de gasolina e dos combustíveis.

Aí surge uma boa pergunta: as paralisações que estão ocorrendo são de caminhoneiros autônomos ou daqueles que escutam a voz de seus líderes sindicais? Nesse momento é quase impossível não se perguntar, também, pensando no nosso futuro mesmo, se uma paralização como essa é um ato de cidadania ou uma manobra política que visa enfraquecer os governos de turno e voltar a fortalecer a imagem de governo popular do PT?

É lógico, e não preciso nem mesmo comentar o porquê, as postagens nas redes sociais em momento algum explicam que o não reajuste das tarifas dos combustíveis no governo Dilma resultaram num rombo de mais de R$ 70 bilhões para a Petrobrás. Rombo esse que está culminando agora com o reajuste das tarifas para cobrir o prejuízo bilionário da empresa.

Mas é claro que o PT, que quebrou a Petrobrás e que quebrou toda a economia brasileira, vai insistir em pôr os seus sindicalizados na rua, caminhoneiros ou não, para xingar o presidente Temer. Que o Temer é ruim? É. Claro que é! Mas se ele não administrar a Petrobrás, que é uma empresa pública, terá que cobrir o rombo deixado por Dilma e companhia com mais impostos. Mais impostos… E aí? Alguém se habilita?

Eu, não.

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