Polícia apura autores de pichação racista em Alfenas

Polícia apura autores de pichação racista em Alfenas

Inquérito foi aberto nesta segunda-feira e investiga inicialmente crime de injúria racial. Caso ocorreu na madrugada do sábado.

À esquerda, a pedagoga Daniela e seu filho Davi, junto com outros integrantes do NCNA (foto: Ana Cristina Bernardes/Divulgação )
À esquerda, a pedagoga Daniela e seu filho Davi, junto com outros integrantes do NCNA (foto: Ana Cristina Bernardes/Divulgação )

A Polícia Civil abriu inquérito nesta segunda-feira para apurar a autoria de pichação com injúria racial no muro da antiga sede do Núcleo de Consciência Negra de Alfenas (NCNA), no Sul de Minas, ocorrida na madrugada do sábado. Os autores da pichação escreveram “núcleo de macaco”. De acordo com a coordenadora pedagógica da instituição, Daniela Rosa, o ataque pode ser uma retaliação às ações da entidade na defesa do espaço dos negros na sociedade e contra agressões de cunho racistas na cidade.

“Para nós, negros, é só mais uma ofensa racial. Desde que entrei na escola, aos 5 anos, ouço esse tipo de coisa, que hoje conhecemos como bullying. Costumo dizer que a mente dessas pessoas nem se renova, pois ainda usam os mesmos termos pejorativos, como ‘macaco’ em seus ataques racistas”, disse Daniela.

Segundo ela, a pichação no muro da antiga sede, na Rua Afonso Arinos, no Centro de Alfenas, ocorreu cinco dias depois do lançamento de documentário sobre a atuação do NCNA, há 26 anos fundado por dona Maria Olímpia da Cruz Lázaro e seu marido Decão. O casal mora no endereço, onde funcionou a sede do núcleo por 23 anos num barracão aos fundos e que ainda é referência do movimento negro da região. A atual sede é no Bairro Jardim Tropical.

“Estou há três anos na cidade e faço parte do NCNA. Percebo que, no tocante à cultura negra, isso é muito palatável na sociedade. E aqui não é diferente em relação as manifestações culturais do núcleo, como as rodas de samba. Mas quando fugimos desse aspecto e buscamos marcar territórios, denunciando situações de violência racial, isso parece que desagrada e aí vêm respostas como essa da pichação”, avaliou a pedagoga.

A pichação foi denunciada em boletim de ocorrência da Polícia Militar, na noite do sábado. No mesmo dia integrantes dos NCNA se uniram no muro e fizeram ato em resposta à ofensa, batizado de “O muro que nos fortalece” e divulgado na página da entidade na internet. Imediatamente surgiram mensagens solidárias de pessoas e instituições. No domingo, um protesto em repúdio em frente ao muro reuniu dezenas de pessoas da cidade.

(Estado de Minas)



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