A Prefeitura não pode permitir que a Copasa continue, impunemente, a retalhar as nossas ruas

A Prefeitura não pode permitir que a Copasa continue, impunemente, a retalhar as nossas ruas

Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI

Eu me lembro bem de que quando foi anunciada a atual obra que está em curso por parte da Copasa, trocando toda a tubulação da área urbana de Teófilo Otoni por tubos novos, supostamente melhores, e coisa e tal, ficou acertado — pelo menos é o que foi dito na coletiva de imprensa no Hotel Capital das Pedras — que a Copasa, através da empresa responsável pela execução da obra, iria recapear todas as vias públicas com um asfalto de qualidade, o chamado asfalto à quente.

Como sou, definitivamente, leigo em assunto de asfalto, e não tenho nenhum inconveniente de admitir isso, não vou dar pitaco na qualidade do asfalto que vem sendo usado para fazer o serviço de recapeamento do piso danificado durante as obras… vou deixar isso por conta da própria Prefeitura. Eu, da minha parte, vou me ater a algo que é perceptível até para nós, meros mortais, que não entendemos nada de asfalto: a qualidade do serviço que está sendo feito — não, necessariamente, a qualidade do material do asfalto.

Antes, cabe esclarecer que na manhã de hoje (11/07) foi realizada uma reunião na Prefeitura de Teófilo Otoni para discutir a qualidade do asfalto que vem sendo empregado no recapeamento das ruas abertas para a troca da tubulação. Segundo consta, a reunião foi requerida pelo próprio prefeito Daniel Sucupira, que teria em mãos um registro fotográfico evidenciando como o asfalto que vem sendo usado é ruim. Participaram da reunião secretários municipais, vereadores e representantes da Copasa.

A Prefeitura não quer mais aceitar, e com razão, que o mesmo asfalto — essa coisa ruim — continue a ser usado. Se o asfalto está ruim, convenhamos, tem mais é que exigir mesmo da Copasa, que, em última análise, é a verdadeira responsável pelo serviço, que cumpra o compromisso assumido de usar um asfalto de qualidade.

Tendo dito isto, deixe-me falar, agora, da qualidade do serviço que vem sendo feito. Uma vez que o assunto veio à tona, quero aqui chamar a atenção da Prefeitura, em especial do secretário municipal de Obras e Serviços Urbanos, para com uma situação que considero tão grave quanto a má qualidade do asfalto: a má qualidade do serviço que está sendo feito. E para não parecer que estou pegando no pé de quem quer que seja, ou que isso aqui se trate apenas de uma crítica vazia ou revestida de interesses escusos, o que não é o caso, quero mostrar a você que me lê agora algumas fotos feitas pelo minasreporter.com da qualidade do serviço — ou desserviço, se você preferir chamar assim — que vem sendo feito pela Copasa e pela empreiteira que contratou.

Por favor, veja as fotos. Depois retomo.

O asfalto recolocado/recapeado pela Copasa está literalmente retalhado, prejudicando o trânsito (foto: SANTHAR/minasreporter.com)
Nesta imagem há um verdadeiro buraco bem no centro da via pública (foto: SANTHAR/minasreporter.com)
Nesta outra, percebe-se que o asfalto recapeado pela Copasa está mais alto que o restante do piso da via pública (foto: SANTHAR/minasreporter.com)
Já nesta foto ocorre o contrário. O trecho recapeado está mais baixo do que o restante do piso da via (foto: SANTHAR/minasreporter.com)

Estou de volta.
Um ditado antigo nos ensina que uma imagem vale mais do que mil palavras. Você acabou de ver quatro imagens. Isso vale mais do que mil linhas que eu possa escrever sobre o assunto. É simplesmente “vergonhoso” o que a Copasa tem feito em nossa cidade. E a palavra é esta: “vergonhoso”. A empresa se ancora no fato de que, supostamente, não tem concorrência, e presta um serviço ruim, sem qualidade, sem os devidos esclarecimentos para com a população, e fica por isso mesmo… Chega!

Quando o prefeito Daniel Sucupira era vereador, ele mesmo presidiu a CPI das Águas na Câmara Municipal de Teófilo Otoni. O seu relatório mostrou, à época, que a Copasa abusava da sua condição de monopólio do serviço que prestava, e não dava a mínima para as cobranças da população, que, em tese, e também em última análise, é o seu real e verdadeiro cliente.

Veja, a seguir, um registro fotográfico do jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS, do qual evoluiu o minasreporter.com de quando o então vereador Daniel Sucupira, presidente da CPI das Águas, apresentou o seu relatório à imprensa local no gabinete do então presidente da Câmara, Northon Neiva.

O então vereador Daniel Sucupira, em 2013, apresentando à imprensa local o relatório da CPI das Águas, presidida por ele, com duras e severas críticas à atuação da Copasa na cidade (foto: SANTHAR/arquivo)

Naquela época a CPI presidida por Daniel só tinha o poder de cobrar. Apenas isso. Precisava do apoio do prefeito de então para “exigir”, de fato, uma mudança na condução da postura da Copasa com relação a sua atuação no Município. Agora, não. Agora Daniel é prefeito. Agora Daniel tem força para “cobrar” e “exigir” que a Copasa honre os seus compromissos e trate a população com a seriedade que nós merecemos.

Até hoje não ficou exatamente clara a razão para esta troca de tubulação tão rápida — não que eu seja contra. Ao contrário, sou a favor da execução do serviço. Até entendo que tenha que ser feito. Mas por que “só” agora? E por que toda essa urgência?

Sem querer acusar ninguém de coisa alguma, fico pensando, cá com os meus botões (é só um pensamento meu, sem nenhuma outra finalidade que não seja discutir o assunto de forma adulta e civilizada), se essa troca de tubulação tem alguma coisa a ver com a má qualidade da água que há meses e anos estamos denunciando. É importante lembrar que foram vários os registros de água escura saindo das torneiras da nossa gente — houve até um caso de uma pessoa que pagou um exame laboratorial na água por sua conta, e o tal exame detectou coliformes fecais. A Copasa não aceitou o exame à época e contestou o resultado. Não aceitou aquilo como prova de nada. E o caso ficou por isso mesmo. Convenhamos que essa história, a história da água escura e contaminada, nunca foi devidamente esclarecida.

Voltando às obras da Copasa, eu aceito e entendo, por me considerar uma pessoa de bom-senso, que alguns transtornos sejam gerados para que as obras sejam realizadas, ainda mais quando se trata de obras nas vias públicas. É lógico e evidente que haveria transtornos. A própria Copasa avisou que isso ocorreria. Mas ocorre que a Copasa se comprometeu a avisar a população, antecipadamente, dos transtornos gerados em cada rua específica. E essa comunicação institucional por parte da Copasa é simplesmente péssima, se é que está havendo alguma. Como diz um amigo meu, a comunicação institucional da Copasa “para ficar ruim tem que melhorar muito”.

E, por último, mas não menos importante, penso que cabe, sim, à Prefeitura cobrar uma postura do Governo do Estado também. A Copasa é uma empresa estatal que está sob a gestão do Governo Mineiro. O prefeito Daniel Sucupira é filiado ao PT, o mesmo partido do governador Fernando Pimentel. Além disso, nós temos dois deputados estaduais na região (Neilando Pimenta e Dr. Jean Freire) que fazem parte da base de apoio de Pimentel. São três deputados estaduais da base se aceitarmos incluir aí o nome de Gustavo Santana, que tem se empenhado para ampliar a sua presença parlamentar na cidade e região.

Os nossos três deputados federais: Fabinho Ramalho (PMDB), Ademir Camilo (Podemos) e Leonardo Monteiro (PT), ao que consta, também fazem parte da base de apoio ao governador. Caramba! Com tanta gente ligada ao Governo, dá pra se exigir do governador que ordene à Copasa que preste um serviço de mais qualidade ao povo de Teófilo Otoni. E a Prefeitura, como já disse, não pode se permitir ser refém da Copasa. Antes disso, quem tem que deter a última palavra sobre a qualidade dos serviços públicos no Município é a Prefeitura, que é quem dá concessão à Copasa para trabalhar aqui. A Prefeitura não pode permitir que essa mesma Copasa continue a “retalhar” e “estraçalhar” as nossas vias públicas como tem feito há anos, e não apenas agora com relação a este serviço em particular.

Quem anda de carro, com os atuais sistemas de amortecedores, sempre muito eficientes, talvez nem note tanto o incômodo gerado pelos buracos e relevos acentuados nas ruas. O meu medo, ou receio, é que alguém em uma motocicleta, talvez numa bicicleta, ou até mesmo a pé, acabe caindo ou tropeçando em tantas costelas no piso de Teófilo Otoni… e olha que estamos falando de área urbana, e não da zona rural.

Será que as nossas autoridades vão esperar um acidente para só depois tomarem uma posição?

Quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



Deixe seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.