A briga de Fabinho Ramalho com o presidente Temer pode prejudicar a nossa região?

A briga de Fabinho Ramalho com o presidente Temer pode prejudicar a nossa região?

Por David Ribeiro Jr.

Desde à última quinta-feira que o assunto favorito das rodas políticas Brasil afora tem sido o anunciado rompimento do deputado federal Fabinho Ramalho com o governo do presidente Michel Temer. Quem acompanha a política regional e estadual sabe que Fabinho sempre se orgulhou muito da sua amizade pessoal com Temer. E aí, de repente, assim que foi eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados, e do Congresso Nacional, o parlamentar simplesmente anuncia que rompeu com o Palácio do Planalto. Vai entender! …

Os antes amigos Fabinho Ramalho e Michel Temer, hoje estão rompidos — pelo menos da parte de Fabinho (foto: Aluízio Gomes | ASCOM Planalto)
Os antes amigos Fabinho Ramalho e Michel Temer, hoje estão rompidos — pelo menos da parte de Fabinho (foto: Aluízio Gomes | ASCOM Planalto)

Apesar do feriadão do Carnaval, o assunto não conseguiu ser esquecido ou relegado a um segundo plano, como muitos apostaram que aconteceria. Ao contrário, até por causa do feriadão mesmo, e por causa do silêncio em torno de Brasília nestes últimos dias, o assunto acabou se esticando e ganhando uma projeção enorme, muito maior do que se esperava. Alguns dos principais comentaristas de política do País deram a sua opinião sobre este inusitado rompimento nos mais variados meios de comunicação, com especial destaque para a Internet — que, apesar do feriado, não descansa nunca.

E foi assim, diante de tamanha repercussão, que alguém me mandou uma pergunta que acabou motivando este texto: “A briga de Fabinho Ramalho com o presidente Michel Temer pode prejudicar Teófilo Otoni e o Nordeste de Minas de alguma maneira?”

O autor da pergunta ainda argumentou que Fabinho tem sido um grande apoiador do Hospital Santa Rosália, tendo encaminhado dezenas de milhões de reais de emendas parlamentares e outras rubricas carimbadas para aquela unidade médico-hospitalar nos últimos anos. Este meu interlocutor está receoso de que essa briga possa pôr um fim ao envio dessas verbas para o Santa Rosália.

Pois, bem! Vamos por partes. O mesmo que eu disse ao meu interlocutor, digo também para você que está me lendo agora. Em primeiro lugar, é preciso saber distinguir as coisas. Fabinho Ramalho não está brigando com Michel Temer. Quando estudamos Sociologia, aprendemos que briga implica em confronto. O que está havendo é um conflito. E, acredite, são coisas completamente diferentes. O conflito se dá no campo das ideias. O confronto, por espaço e por supremacia… mesmo que também seja no campo ideológico.

Briga é algo que, num cenário político, tem mais a ver com o que ocorre quando há, por exemplo, duas ou mais candidaturas a um mesmo cargo — à prefeitura, governo do estado ou Presidência da República. Aí é briga mesmo; uma verdadeira guerra em que cada um dos lados usa das armas que tem para se sobressair, sem poupar o adversário em momento algum, e assim se sobrepor e vencer o outro.

Definitivamente, não é isso o que está acontecendo. Pelo menos, ainda não. Entre Fabinho e o presidente Michel Temer há um conflito, uma divergência, um desentendimento. E isso também é bastante comum no meio político. É mais ou menos como uma dança de capoeira assistida por um árbitro. Um dança de cá, outro dança de lá, um move uma perna, dá um golpe… até que o árbitro determine quem ganhou. Se preferir, você pode comparar a divergência política a uma partida de tênis. Um joga a bolinha daqui pra lá, e o outro rebate até que um dos lados deixe a bola cair. Quando a bola cai, o outro lado marca um ponto. O vencedor será quem marcar o maior número de pontos… penso que você já entendeu o raciocínio.

Com base no que acabei de explicar sobre as diferenças entre confronto e conflito, por enquanto você pode ficar tranquilo(a) e despreocupado(a). Não haverá nenhum tipo de revanchismo da parte do presidente Michel Temer para com a região onde Fabinho é majoritário… por enquanto!

Problema haverá se este conflito, essa divergência, se transformar em confronto, em briga… em guerra. Aí, sim, pode-se esperar o pior.

Alguns grandes veículos de comunicação já estão dizendo que o objetivo de Fabinho é ser presidente da República… sério mesmo! Outros, que ele quer ser vice de Lula. Como eu não ouvi o deputado, não vou entrar no mérito da questão nem me delongar num exercício de achismo e especulações diversas. Prefiro acreditar que a divergência está ocorrendo pelos motivos alegados: a falta de prestígio das lideranças políticas de Minas Gerais no governo do presidente Michel Temer — o que, pelo menos em parte, é verdade.

Mas, insisto: se esse conflito evoluir. Se essa divergência realmente se tornar uma briga, tudo poderá acontecer. Já vimos essa história antes e, convenhamos, ninguém que tenha bom-senso quer vê-la se repetir. Eu, de minha parte, só espero, sinceramente, que a corda, como costuma ocorrer em casos assim, não se arrebente do nosso lado, o lado do povo, o lado da parte mais fraca. Não queremos ser obrigados a pagar a conta por causa dos conflitos — muitas vezes pessoais — entre os nossos representantes. Eu, pelo menos, não quero. E imagino que você também não.

Eu prefiro acreditar que Fabinho é maior do que isso. E Michel Temer, também.

Mas… como política é política…

Quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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