Participação de crianças em ataques suicidas do Boko Haram disparou, alerta Unicef

Participação de crianças em ataques suicidas do Boko Haram disparou, alerta Unicef

Segundo dados da agência para a infância da ONU, três em cada quatro atentados com crianças foram feitos por meninas.

Frame de vídeo divulgado em maio de 2014 pelo grupo extremista islâmico da Nigéria, 'Boko Haram', mostra garota sequestrada em Chibok falando para a câmera em localização rural não revelada (Reprodução/Boko Haram/AFP)
Frame de vídeo divulgado em maio de 2014 pelo grupo extremista islâmico da Nigéria, ‘Boko Haram’, mostra garota sequestrada em Chibok falando para a câmera em localização rural não revelada (Reprodução/Boko Haram/AFP)

O número de crianças usadas em ataques suicidas dos terroristas do Boko Haram disparou e, segundo um relatório da Unicef divulgado nesta terça-feira, mais de três quartos dos atentados com crianças promovidos pelo grupo extremista em 2015 foram realizados por meninas.

Os dados da agência para a infância da ONU mostram que 44 crianças foram usadas em ataques suicidas na Nigéria, Níger, Chade e Camarões em 2015, onze vezes mais do que no ano anterior, quando quatro crianças participaram desse tipo de atentado.

“O uso de crianças, especialmente meninas, em ataques suicidas tornou-se uma característica alarmante do conflito”, diz o relatório da Unicef.

Manuel Fontaine, diretor da Unicef para a África Ocidental e Central, ressalta que as crianças-bomba não devem ser vistas como combatentes conscientes. “Vamos deixar claro que essas crianças são vítimas, não agressores. Enganar crianças e forçá-las a efetuar atos fatais tem sido um dos aspectos mais horríveis da violência na Nigéria e seus países vizinhos”, disse Fontaine.

O diretor da Unicef diz que o uso de crianças pelo Boko Haram tem efeito social danoso, pois as comunidades locais passaram a enxergá-las como ameaças, e rejeitam as que foram sequestradas ou abusadas, reportou o jornal britânico The Guardian.

Esta quinta-feira, dia 14, marca os dois anos do sequestro de 270 meninas nigerianas de uma escola em Chibok, no estado de Borno, por militantes do Boko Haram. Mais de 200 continuam desaparecidas.

Algumas meninas sequestradas e forçadas a se casar com os terroristas acabam se voluntariando a participar de ataques suicidas para se livrar da violência e dos estupros, contou à rede CNN uma adolescente que conseguiu escapar dos sequestradores. “Elas fazem isso porque querem fugir do Boko Haram. Se eles lhes dão uma bomba, talvez elas consigam avisar a polícia e o policial consiga remover a bomba. Assim, elas poderiam fugir”, contou a adolescente.

Segundo o relatório da Unicef, em apenas um ano, cerca de 1,3 milhão de crianças foram obrigadas a abandonar suas casas nos quatro países alvos dos terroristas do Boko Haram: Nigéria, Camarões, Níger e Chade.

(VEJA)



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