Juiz manda mensagem a presos pedindo ‘confiança’ e gera suspeita de uso de celulares na cadeia

Juiz manda mensagem a presos pedindo ‘confiança’ e gera suspeita de uso de celulares na cadeia

Áudio foi gravado por magistrado de Uberlândia para evitar rebelião dos detentos. Ele nega que a gravação tenha sido enviada diretamente aos encarcerados.

Um áudio gravado pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Uberlândia, Lourenço Migliorini, e destinado aos detentos dos presídios Jacy de Assis e Pimenta da Veiga causou polêmica na cidade.

A suspeita é que o arquivo teria sido enviado diretamente aos aparelhos celulares dos presos – versão que foi negada pelo magistrado à reportagem. “É óbvio que não mandei mensagem nenhuma para celular de preso. É um despautério pensar isso. Tanto que eu me identifico no áudio, em nenhum momento nego a gravação”, afirmou.

Na mensagem, o juiz Lourenço Migliorini pede aos detentos que aguardem a sua chegada na cidade para discutir as reivindicações dos presos. A gravação foi feita na tarde da segunda-feira passada, dia 25, quando o juiz estava de férias.

“Peço mais uma vez a confiança de cada um de vocês, sabem do nosso trabalho, da nossa dedicação para que vocês possam ter condição melhor para cumprir a pena de vocês”, diz trecho da gravação.

O Juiz Lourenço Migliorini afirmou ainda que o áudio foi encaminhado à direção de um dos presídios para ser mostrado aos detentos em uma reunião reservada. Ele teria autorizado a divulgação para mais duas pessoas, com a orientação de mostrar para os chamados “comunicadores de bloco”.

Os detentos pretendiam fazer uma rebelião para reivindicar alguns direitos, cuja pauta já foi entregue ao juiz durante reunião realizada nessa segunda-feira.

Sobre o direcionamento da gravação – em que cumprimenta os presos -, o magistrado disse que foi uma questão de “educação”. “Eu me dirigi a eles, mas em nenhum momento o áudio foi endereçado a eles. Porque estão dando essa divulgação e qual a intenção de divulgar, não sei”, disse.

Questionado se ele se arrependeu de ter usado o mecanismo para mandar seu recado aos presos, o juiz disse que não.  “Eu não estava em Uberlândia. Ao ouvir o áudio, queria que eles soubessem que tinha conhecimento da situação, mesmo de férias, e que me comprometeria a conversar com eles quando voltasse”, alegou.

(Estado de Minas)



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