Greve de rodoviários afeta parte dos usuários de ônibus em Belo Horizonte

Greve de rodoviários afeta parte dos usuários de ônibus em Belo Horizonte

Pelo segundo dia consecutivo, a greve de rodoviários de Belo Horizonte impede a circulação de parte dos ônibus que atendem à capital mineira. Com a greve, iniciada ontem (8), algumas linhas estão sendo afetadas pela suspensão completa da circulação de ônibus. Em outras linhas, afetadas parcialmente, a frequência de veículos é menor, e os usuários têm de enfrentar uma longa espera. A BHTrans, empresa municipal responsável pelo sistema de transporte, ainda não tem um levantamento com o total de linhas afetadas e o número de usuários prejudicados.

Cabeleireira em um salão de beleza que funciona no centro da cidade, Ilzilene Dias está entre os que tiveram dificuldades para chegar ao trabalho. “Como tenho que pegar um ônibus e o metrô para vir trabalhar, precisei andar cerca de 4 quilômetros para chegar ao metrô. É uma situação terrível, que atrapalha toda nossa rotina. Eu, por exemplo, cheguei mais de 20 minutos atrasada e todas as minhas colegas de trabalho chegaram mais tarde que de costume. Se a situação não estiver normalizada até o final do dia, nossa chefe se comprometeu a nos levar decarro para casa.”

A recepcionista Zara Silveira, que trabalha em uma creche do bairro Concórdia, na região nordeste de Belo Horizonte, não teve dificuldades para apanhar um ônibus ao sair de casa, em Venda Nova, mas sentiu os efeitos da paralisação sobre o trânsito em geral. “Não tive dificuldade, mas o trânsito estava bem ruim, mais lento que de costume. Mesmo assim, aqui na creche, todos vieram trabalhar.”

Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte e Região, a greve por tempo indeterminado é uma resposta dos trabalhadores ao descumprimento, pelas empresas de transporte, da Convenção Coletiva de Trabalho. Os trabalhadores cobram o pagamento de participação nos lucros e resultados. De acordo com o sindicato, em março deste ano, as empresas concordaram com pagar o benefício até o quinto dia útil deste mês. Apesar disso, poucos dias antes do prazo, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra) pediu à BHTrans para adiar o pagamento.

O Setra informou que o pedido se deve à constatação de que, considerando o número de passageiros transportados e o de pagantes e o valor médio das tarifas cobradas em Belo Horizonte (R$ 2,56), as operações são deficitárias – não havendo, portanto, lucro a compartilhar com os empregados. Por meio de sua assessoria, o sindicato patronal informou que já entregou à BHTrans os documentos que demonstram que as empresas vêm operando no prejuízo e aguarda uma resposta das autoridades para retomar as negociações com os rodoviários. Para as empresas, é necessário que o governo municipal auxilie o setor autorizando o reajuste tarifário ou concedendo mais subsídios ou desonerando o setor.

Em Belo Horizonte, segundo o Setra, a tarifa mais barata, da integração, custa R$ 2,20. O valor mais alto, R$ 3,10, é cobrado na maioria das linhas – ainda que quem paga esse valor e dispõe do cartão de transporte,tenha direito a pagar apenas metade do valor caso precise tomar outro ônibus no espaço de 90 minutos.

Simultaneamente à mobilização para cobrar o pagamento da participação nos lucros, o Sindicato dos Rodoviários vinha exigindo a manutenção dos postos de trabalho dos cobradores, ameaçados de  demissão caso vingue a proposta de fazer com que os motoristas passem a receber o dinheiro das passagens dos usuários, o que já ocorre em várias cidades. O sindicato alega que, além de provocar milhares de demissões, a medida vai aumentar a sobrecarga de trabalho dos motoristas, alongando ainda mais o tempo das viagens.

Segundo o sindicato patronal e a BHTrans, até o momento, a paralisação é pacífica e, além dos transtornos aos passageiros, a perda de arrecadação é o único prejuízo registrado. A reportagem ainda não conseguiu conversar com os diretores do Sindicato dos Rodoviários.

Fonte: Agência Brasil



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