Em MG, Cruz Vermelha distribuiu água mineral para atingidos por lama

Em MG, Cruz Vermelha distribuiu água mineral para atingidos por lama

Rompimento de barragem deixou Cachoeira Escura desabastecida. Cerca de 126 mil litros de água, equivalente a 10 caminhões, serão doados.

Aproximadamente 126 mil litros de água serão distribuídos em Belo Oriente (Foto: Patrícia Belo/G1)
Aproximadamente 126 mil litros de água serão distribuídos em Belo Oriente (Foto: Patrícia Belo/G1)

Na véspera de completar seis meses do desastre ambiental que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, em novembro do ano passado, a Cruz Vermelha, em Minas Gerais, entregou nesta quarta-feira (4) cerca de 126 mil litros de água mineral para o distrito de Cachoeira Escura, na cidade de Belo Oriente (MG).

Desde o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, de propriedade da Vale e BHP Billiton, os moradores do distrito ficaram sem água e a captação estava sendo realizada através de bombas no Rio Santo Antônio. Belo Oriente foi um dos mais de 30 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo afetados pelo “mar de lama”.

De acordo com o assessor de comunicação da Cruz Vermelha, Jorge Vellozo, a entidade disponibilizou 14 caminhões de água, sendo que 10 deles estão sendo entregues em Cachoeira Escura e a água dos outros quatros veículos serão distribuídas, nesta quinta-feira (5), no distrito de Pedra Corrida, em Periquito.

“A Cruz Vermelha sempre é a primeira chegar quando acontece alguma tragédia e a última sair. Aqui em Belo Oriente nós já enviamos uma quantidade boa de água em janeiro deste ano. Só que este volume grande de hoje, foi arrecadado durante esses três meses e agora voltamos para fazer novamente essa distribuição. A água fornecida hoje vai abastecer a cidade por cerca de 10 dias”, explicou.

Vellozo conta que esses 14 caminhões de água foram arrecadados pela Cruz Vermelha, por moradores do estado do Maranhão, e também por meio de uma doação de uma entidade particular. “Durante todo o ano fazemos arrecadação de água, alimentos, roupas e tudo mais. Quando acontece algum desastre, nós fazemos contato com as cidades e avaliamos a necessidade. Foi esse o procedimento adotado para Cachoeira Escura”, relatou.

Ingestão da água
Desde o desastre da barragem, a família do carpinteiro Adenilson do Santos Souza vem sofrendo com as consequências da contaminação do Rio Doce, principal fonte de abastecimento da cidade de Belo Oriente. Segundo o morador, ele adquiriu uma micose, por utilizar a água proveniente do Rio Doce para tomar banho.

“Aqui em casa todo mundo está doente. Meu pai vive com desinteira e eu estou com essas manchas pela pele. Já gastei muito dinheiro e, infelizmente, não tem o que fazer. Usamos a água do rio para tomar banho e limpar a casa, e agora estamos buscando a água de uma bica para evitar ingerir a da caixa, porque a cor e o cheiro ainda estão alterados”, contou.

Adenilson aproveitou a distribuição da água e adquiriu alguns fardos para abastecer a casa dele. “São dois fardos para cada morador. Lá em casa nós somos quatro pessoas, então vai dar uma quantidade boa. Estou esperando o dia em que essa situação irá se resolver por completo”, finalizou o carpinteiro.

O que diz a Samarco
A Samarco reitera que mantém o atendimento às comunidades impactadas ao longo de toda a bacia do Rio Doce e que está aberta ao diálogo com seus moradores. Em Cachoeira Escura, a Samarco afirma que implementou diversas melhorias com relação à distribuição de água, desde a substituição das bombas de captação por um sistema mais avançado, melhorias na infraestrutura de operação das estações de tratamento de água e estruturação de padrões de controle mais rigorosos no processos de tratamento de água. Segundo a empresas, todas essas benfeitorias asseguram que a água tratada esteja dentro dos parâmetros de qualidade, de acordo com o Ministério da Saúde.

No distrito de Cachoeira Escura (Belo Oriente), a empresa realizou a entrega de cartões de auxílio financeiro às famílias que tiveram sua subsistência afetada. A Samarco esclarece que até o momento, mais de 5.500 cartões foram entregues para a população ribeirinha que exercia atividades diretamente ligadas ao Rio Doce, incluindo pescadores, areeiros e outros profissionais cuja renda dependia diretamente do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo.

A Samarco também está finalizando, em Cachoeira Escura, a perfuração de poços artesianos para captação alternativa de água para a comunidade. A construção de outros está sendo analisada por meio de estudos técnicos. Estes poços têm a finalidade de reduzir a dependência da captação de rios, principalmente nos períodos de seca. É importante destacar que a utilização de poços artesianos para o abastecimento é comum em importantes cidades do país, como Ipatinga, Ribeirão Preto, Maceió e Recife.

Esta ação faz parte do acordo assinado, em março deste ano, pela Samarco, suas acionistas, governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como com outras entidades governamentais, para recuperação social, ambiental e econômica das regiões impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão.

(G1 Vales de Minas)



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