Com relógio de ouro, Apple entra de vez no mercado de luxo

Com relógio de ouro, Apple entra de vez no mercado de luxo

Apple Watch Edition, um relógio inteligente com detalhes em ouro de 18 quilates, vai custar de 10.000 a 17.000 dólares, segundo anúncio da empresa

Apple Watch Edition, a versão de luxo do relógio inteligente da companhia americana, custará de US$10.000 a US$17.000 (Divulgação)
Apple Watch Edition, a versão de luxo do relógio inteligente da companhia americana, custará de US$10.000 a US$17.000 (Divulgação)

Por Lucas Ribeiro

Tim Cook, o CEO da Apple, apresentou nesta segunda-feira os detalhes do Apple Watch Edition, um relógio inteligente com detalhes em ouro de 18 quilates, de edição limitada, que custará de 10.000 a 17.000 dólares. O lançamento, previsto para 24 de abril, é mais significativo do que parece: inaugura a entrada da companhia no mercado de luxo. “A Apple sempre foi sinônimo de produtos premium, de alta qualidade, mas o relógio de ouro eleva a marca ao status de luxo”, afirmou ao site de VEJA o analista americano Roger Kay, sócio-fundador da empresa de inteligência de mercado Endpoint Technologies Associates e colunista da revista Forbes.

A Apple já vinha ensaiando ingressar no setor de luxo há algum tempo. Em outubro de 2013, a companhia contratou Angela Ahrendts, ex-CEO da marca britânica de luxo Burberry, para cuidar das vendas de varejo e online. Em outro movimento, em maio de 2014, a empresa comprou por 3,2 bilhões de dólares a marca de fones de ouvido Beats, conhecida por vender equipamentos competentes com designs elogiados. Para os especialistas do setor, a Apple usará o conhecimento da Beats para montar produtos ainda mais sofisticados – e caros. Os novos relógios da Apple já são exemplo dessa estratégia. Van Baker, o vice-presidente de pesquisa da consultoria americana Gartner, constata que mesmo os modelos mais simples que a companhia apresentou serão relativamente caros: o Apple Watch vai custar de 549 a 1.099 dólares, e o Apple Watch Sport, de liga de alumínio, de 349 a 399 dólares.

A dúvida dos analistas é se um relógio inteligente é o melhor produto para inaugurar a entrada da Apple no mercado de luxo. Embora haja uma quantidade considerável de pessoas dispostas a pagar milhares de dólares por relógios luxuosos, produtos de marcas como Montblanc e Rolex não costumam carregar tecnologias de vencimento tão rápido, a exemplo de aplicativos para pedir táxis e receber notificações. “Tenho reservas quanto a capacidade da Apple de entrar nesse mercado sabendo que a tecnologia envelhece tão rapidamente. É típico da empresa lançar novas versões dos produtos todos os anos”, afirma Baker. Um relógio, indica o analista, costuma ter vida mais longa do que um ano. Ninguém compra uma peça de 10.000 dólares para substituí-la poucos meses depois.

Segundo analistas, a Apple deve se concentrar no mercado consumidor da China. O país é, de acordo com pesquisa do ano passado feita pela consultoria sul-africana New World Wealth, o segundo maior pólo de multimilionários (aqueles que possuem mais de US$10 milhões) do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. São cerca de 26.600 multimilionários no país. Até 2018, diz outra pesquisa do The Boston Consulting Group, o número deve dobrar. Não à toa, o marketing da Apple nas principais cidades chinesas tem sido ostensivo. No fim de 2014, o relógio inteligente de ouro apareceu no pulso de uma modelo da capa da Vogue chinesa. Foi uma das primeiras aparições públicas do Apple Watch. E parece ter dado resultado: de acordo com levantamento feito em fevereiro pela consultoria chinesa Hurun Research, a Apple era considerada a “marca de luxo mais desejada no país”, a frente de Louis Vitton, Gucci, Chanel e Montblanc, que completam o top 5.

Fonte: Veja.com



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