Alguns políticos têm em si mesmos seu maior inimigo

Alguns políticos têm em si mesmos seu maior inimigo

Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI

No mundo cada dia mais competitivo que vivemos é quase impossível não admitir a existência de concorrentes e adversários em várias das nossas esferas de convivência social. Alguns de nós têm concorrentes na escola, no trabalho, na carreira… Porém, uma das esferas mais comuns de se ver a concorrência de forma explícita é na vida política. Entre os políticos há mais do que concorrência. Em alguns casos há mais até do que adversidade pura e simples. Os caras agem como verdadeiros I-N-I-M-I-G-O-S. Embora até a inimizade entre eles seja de conveniência. Dura apenas o período enquanto for conveniente.

Apenas lembrando: em 2016, por ser ano eleitoral na esfera dos municípios, o que mais veremos é o ataque grotesco, desavergonhado, inclemente e desumano de alguns candidatos aos seus concorrentes… ou melhor, adversários… Ou seriam inimigos?

Um aparte engraçado é que alguns dos ataques serão feitos a nomes com quem, apenas alguns meses antes, tentava-se um acordo. Mas o mais engraçado da política nem chega a ser o fato de se criticar quem antes era apontado como um eventual e importante parceiro para o grupo. O mais engraçado na política é ver que alguns desses bacanas, e aqui na terrinha há muitos desses, têm em si mesmos o seu maior adversário.

Quê?!

É isso mesmo que você acabou de ler. Alguns dos nossos políticos são — sim, eles mesmos — o seu maior inimigo. … Quer um exemplo? Alguns desses bacanas têm a cara de pau de saírem por aí criticando posturas administrativas de atuais mandatários… e eu sei que você me entende… quando eles já fizeram muito pior quando tiveram a sua vez. Às vezes eu fico me perguntando qual o problema dessa gente. Será que eles têm memória curta ou falta-lhes mesmo é desconfiômetro? Será que eles são idiotas por não verem a falta de coerência do seu comportamento e atitudes?… Ou será que eles pensam que nós é que somos os idiotas para não enxergarmos o óbvio?… Quer saber, REPROVADO!

Bem… o político do meu exemplo anterior é um tipo bem conhecido aqui na terrinha. Eu tenho certeza de que você pensou em alguém logo que começou a ler as primeiras linhas do parágrafo. Mas, acredite, este nem é o pior tipo de bacana que é o maior adversário de si mesmo. Existe um segundo caso.

Esse segundo caso é até um pouco pior. É caracterizado por sujeitos que querem se assenhorear de tudo o que uma determinada corrente de pensamento político tem de bom, mas se desassociar de tudo o que a dita corrente tem de ruim. Do ponto de vista do marketing político, por incrível que pareça, isso é possível, sim. Mas é preciso que haja um mínimo de postura e razoabilidade. Por exemplo: para eu me desligar das coisas erradas que o meu partido fez, e pegar carona apenas nas coisas boas do partido, eu tenho que mostrar estar disposto a repetir os acertos, mas deixar claro que abomino os erros do partido. E aí é que está o problema: a maioria dos bacanas que se enquadra nesse perfil teme criticar o partido e, com isso, ficar mal na fita. O que eles não entendem é que, ao adotarem essa postura em cima do muro — elogiando os acertos, mas se omitindo dos erros —, inviabilizam a possibilidade de que pessoas minimamente inteligentes acreditem na coerência das suas intenções. Isso só cola com quem tem os dois pés no chão… mas as duas mãos também. REPROVADO!

O terceiro tipo de político insensato, que é mais seu adversário do que qualquer um dos seus concorrentes, é aquele que está ciente do seu valor próprio como pessoa e como ocupante do cargo em que está, e por isso acha que os seus acertos vão justificar os erros. Pois é… não vão. Uma das coisas que aprendi lendo Mário Puzzo, autor do livro (e roteirista do filme) O Poderoso Chefão é que as pessoas não são fiéis a você por aquilo que já fez por elas, e sim por aquilo que acreditam que você ainda pode fazer. Embora a frase tenha sido cunhada para o ambiente da máfia siciliana, ela se encaixa como uma luva na nossa política local. Você pode ser o melhor na sua área… o melhor mesmo. Mas as pessoas vão continuar a te julgar muito mais pelo que você deixou de fazer do que pelo que você fez. Mesmo que tenha nove acertos na condução das políticas públicas, e apenas um erro, adivinha só qual vai ser mais lembrado?

Algumas pessoas mais inteligentes podem pensar o seguinte: o que foi escrito no meu último parágrafo é um peso que todo e qualquer político tem que carregar. São ossos do ofício. Não é culpa de ninguém que as coisas sejam assim. E é verdade, não é culpa de ninguém. Mas as pessoas cobram assim mesmo. Em casos assim os médicos, por exemplo, pedem desculpas quando erram. Os jogadores de futebol pedem desculpas quando perdem o jogo, e… você já entendeu.

Ocorre que o nosso bacana tem o péssimo hábito de tentar desmerecer o que fez de errado ou que não deu certo quando a lógica do marketing político é que fosse a público pedir desculpas e prometer todo o empenho para tentar acertar e corrigir o tal erro, aquilo que ainda não deu certo. Como pedir desculpas é algo que está fora de questão para essa gente, prefere insistir no erro. E pior: em algumas ocasiões faz questão de agir como o dono da razão e comprar algumas brigas que não têm nenhum sentido lógico só para se autoafirmar… ou porque goste de polemizar mesmo… vá saber! E aí não tem nem mesmo o que discutir. REPROVADO! Simples assim.

Concluindo, convenhamos que, em alguns casos, esses sujeitos até extravasam a máxima de serem seus maiores adversários. Chegam ao ponto de serem seu maior INIMIGO mesmo.

E como este é ano eleitoral…

Quem viver, verá!



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