“Faremos a maior EXPONOR de todos os tempos”, diz o presidente da ACE, Ricardo Bastos

“Faremos a maior EXPONOR de todos os tempos”, diz o presidente da ACE, Ricardo Bastos

O presidente da ACE-Teófilo Otoni, Ricardo Bastos Peres

Em entrevista, o presidente da ACE-Teófilo Otoni, Ricardo Bastos Peres, lembrou que grande parte da comunidade teve dois anos de paradeira quase que geral por causa da pandemia do coronavírus e da doença por ele causada, a Covid-19. A ACE, no entanto, explica Ricardo, viveu um período de intensas atividades visando ajudar a classe empresarial, e a comunidade como um todo, a sair da inércia causada pela pandemia. O presidente também comentou a sua proposta de buscar incentivos fiscais para estimular a indústria local.

Acompanhe o bate-papo:

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MINAS REPÓRTER A ACE acaba de completar 81 anos. O senhor está há onze anos à frente da entidade. Já dá pra dizer que tem uma sensação de dever cumprido?

RICARDO BASTOS: Não, ainda não. Para não ser injusto com a nossa diretoria e com a nossa equipe de trabalho, que é muito boa, acredito que posso dizer, sim, que tenho uma boa sensação de dever “sendo cumprido”. Até porque é um processo que nunca termina. A ACE representa a maioria absoluta dos segmentos empresariais da nossa cidade e região. O nosso trabalho nunca termina, nunca tem fim; até porque nós trabalhamos para as pessoas. A ACE existe para ajudar pessoas a se encontrarem diante das inúmeras oportunidades que o capitalismo coloca diante de todos. Eu costumo dizer que o capitalismo é um modelo abençoado por Deus porque ajuda as pessoas a saírem da pobreza e da miséria. Vou te dar um exemplo. Duzentos anos atrás o mundo vivia numa era de pobreza extrema. Os sociólogos se referem a esse período como a Era das Trevas. Naquele tempo havia sempre um rei e uma corte que tinham um bom padrão de vida, e tudo, tudo mesmo, girava em torno dessa corte. O restante da humanidade, mais de 97% da população mundial, vivia na mais absoluta e completa miséria. Cem anos atrás, já com a Revolução Industrial instalada, a miséria humana havia reduzido significativamente em relação há cem anos antes. Hoje no Brasil nós temos cerca de 11% da nossa população economicamente ativa desempregada. É um absurdo, mas, como eu disse, duzentos anos antes seria impensável ter 11% da população economicamente ativa trabalhando. É exatamente o contrário. E isso se deve graças à adoção do capitalismo. É impressionante como as coisas mudaram; não é?… Mas que fique claro que ainda não está bom. Queremos mais. Há muito o que fazer, que pleitear, que conquistar. Precisamos que todos tenham um emprego digno, que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, que um dia os pobres tenham suas arestas sociais aparadas de modo a poderem disputar de igual pra igual com os ricos… enfim, há muito o que lutar. Temos muito o que fazer; mas estamos melhorando, e essa melhora só ocorre por causa do trabalho que é desenvolvido por pessoas respaldadas por entidades como a Associação Comercial. E, detalhe: Não estou falando apenas do trabalho desenvolvido pela nossa gestão nos últimos onze anos. Refiro-me ao trabalho desenvolvido por todas as gestões da entidade ao longo desses 81 anos. Cada presidente e cada diretor contribuiu ao seu modo com o que era possível naquele momento. Nós, humildemente, temos nos esforçado para dar continuidade ao trabalho.

MINAS REPÓRTERO senhor não promoveu uma comemoração pelos 81 anos da entidade. Por quê?

RICARDO BASTOS: Eu vou responder a esta pergunta me voltando ao ano passado. Em 2021 nós fizemos um café empresarial para comemorar a data e editamos uma revista-documentário resgatando toda a história dos 80 anos da ACE. Como estávamos no auge da pandemia, fizemos o que foi possível. Em 27 de fevereiro deste ano, depois da chegada de uma nova variante do coronavírus, preferimos, ao invés de fazer festa, ao invés de fazer comemoração, repensar e estruturar as nossas ações para dar mais do que visibilidade para a entidade; o que queremos é a geração de resultados para toda a nossa classe empresarial e, consequentemente, para toda a comunidade. Então tomamos uma decisão: Faremos neste ano de 2022 a maior EXPONOR de todos os tempos. Em março promovemos o lançamento da Mostra durante um coquetel apresentando a nova proposta e o tema que adotaremos, que é ACELERAR, fazendo um trocadilho com o nome da entidade, e com o nosso objetivo de ajudar a classe empresarial a decolar e a levantar voos cada dia mais altos. As pessoas se encantaram tanto com o que viram que 40% dos estandes disponíveis foram vendidos no dia do lançamento da Mostra.

MINAS REPÓRTERDurante a pandemia, a ACE teve um papel preponderante para ajudar aos empresários a saírem do buraco. O que motivou vocês a tomarem esse caminho?

RICARDO BASTOS: Bem… boa pergunta! Logo no primeiro momento da pandemia, mesmo antes de termos dados concretos do tamanho da crise que seria gerada, pedimos à Prefeitura algumas ações práticas, como a prorrogação das CNDs (certidões negativas de débitos) municipais, renegociação de dívidas das empresas locais, e também a desburocratização de negociação e de emissão de documentos. Fizemos isso ainda em março, antes de ser decretado o fechamento do comércio local. Em seguida nos unimos às demais entidades de representação classista do meio empresarial da cidade e, juntos, investimos cerca de R$ 200 mil em ações de defesa e prevenção, inclusive comprando máquinas de grande porte para pulverizar, sanitizar e higienizar espaços públicos. Distribuímos milhares de máscaras de proteção e toneladas de álcool em gel aos nossos associados, tudo por nossa conta. Como eu sabia que ainda não era o suficiente, iniciamos algumas ações de cunho ainda mais institucional aqui mesmo na ACE. Fizemos uma série de lives por mais de três meses com orientações práticas ensinando aos nossos associados, bem como aos empresários e empreendedores em geral, dicas de como passar por aquele momento difícil, principalmente se inserindo em novos espaços de comércio eletrônico. Inauguramos, também, a vitrine virtual CompreTeó, que oferece uma oportunidade para que os empreendedores, principalmente os pequenos, com pouca atuação na internet, pudessem apresentar os seus produtos e serviços. Como aumentou, consideravelmente, o fluxo de circulação de motocicletas na cidade, por causa da enorme procura por entregadores, lançamos um excepcional seguro para motocicletas, além de disponibilizar uma plataforma de cursos subsidiados para os nossos jovens, comerciários, para os filhos de comerciários e para a população em geral, com dezenas de opções de cursos voltados às demandas do momento. Neste momento, quando a pandemia terminou, mas os seus efeitos, não, estamos lançando um programa de qualificação com cursos profissionalizantes que ministraremos na cidade voltados à formação de mão de obra prática, de modo que os alunos desses cursos possam dizer, ao final, que têm treinamento e experiência. E todos os cursos foram escolhidos a partir da necessidade levantada em pesquisas que fizemos junto à comunidade e junto à classe empresarial local.

MINAS REPÓRTERO senhor manteve uma extensa agenda em Brasília no final do mês de março. A intenção era divulgar a EXPONOR?

RICARDO BASTOS: Isso, também. Mas não só isso. Desde 2019 que a ACE, sob minha gestão, abraçou um novo objetivo, que é o de buscar incentivos para o fortalecimento da nossa indústria. Desde que perdemos a Estrada de Ferro Bahia-Minas, nos anos sessenta, que a cidade vem tentando encontrar uma nova matriz econômica, mas sem sucesso. Nos anos setenta tentou-se uma matriz ligada à agropecuária; nos anos oitenta, ao setor gemológico; nos anos 90 também se tentou algo voltado à fruticultura, além de um aumento do comércio impulsionado pelo Plano Real; desde então estamos entregues à nossa vocação como polo educacional e de prestação de serviços principalmente na área de saúde pública. Tudo isso é importante, mas a capacidade de gerar empregos é bem reduzida; não há como aplicar uma escala de crescimento. Já na indústria, se conseguirmos colocar em ação um programa de incentivos que atraia novos empreendimentos nessa área, mesmo que estejamos falando de pequenas indústrias, ganhamos uma enorme capacidade de escalar, ou seja, de aumentar a capacidade produtiva a partir de uma maior demanda do resultado da nossa atividade industrial. No ano passado eu tive várias agendas em BH, na capital do Estado, para buscar apoio a essa proposta com autoridades estaduais. Agora, aproveitando a posse da nova diretoria da Confederação das Associações Comerciais, a CACB, estive em Brasília para pedir o apoio de várias autoridades nacionais para abraçar a este nosso projeto de estímulo e valorização da indústria local e regional. É claro que aproveitei para divulgar a EXPONOR, mas trabalhei bastante para convencer lideranças políticas da importância de apoiar o programa de industrialização de Teófilo Otoni.

MINAS REPÓRTERMas de que maneira o senhor pretende criar esse ambiente propício à instalação de indústrias na cidade e região?

RICARDO BASTOS: Primeiro através de incentivos fiscais. Isso é básico. Sem incentivos aqui, os empreendedores vão buscá-los em outro lugar. Paralelamente, precisamos formar uma mentalidade que reconheça as oportunidades geradas pelos incentivos fiscais obtidos. O Estado do Espírito Santo, aqui bem perto de nós, já oferece ICMS reduzido para produtos industrializados em seu território. Mesmo aqui em Minas há incentivos no distrito industrial de Governador Valadares, no Triângulo Mineiro, na cidade de Extrema, sem falar no Norte do Estado. Teófilo Otoni já está inserida na área mineira da Sudene. Para conseguirmos os incentivos fiscais para a indústria local só precisamos de boa vontade política; é por isso que eu mantenho contato com todas essas autoridades, para conseguirmos garantir esses incentivos que atrairão novos industriais, mesmo que de pequeno porte, além de contribuir para que os atuais industriais optem por permanecer na cidade e região. É claro que, uma vez que conseguirmos os incentivos, precisaremos lutar para garantir infraestrutura de mobilidade urbana, como aeroporto, a duplicação das rodovias de acesso à nossa cidade, e, claro, o retorno de uma malha ferroviária. Mas tudo ao seu tempo.

MINAS REPÓRTERFinalizando, o que o associado da Associação Comercial pode esperar da entidade em 2022, agora que a pandemia acabou?

RICARDO BASTOS: Em primeiro lugar, um período de muitas parcerias. Nós, enquanto entidade classista, queremos nos reinventar. A nossa proposta é nos aproximar ainda mais dos nossos associados, bem como de todos os empreendedores em geral, e criar um plano de ações para os próximos vinte anos rumo ao nosso centenário. Queremos que, ao longo das duas próximas décadas, indiferentemente de quem sejam os diretores, e de quem esteja na Presidência da entidade, nos firmemos como uma verdadeira bússola para apontar para o progresso, respeitando, evidentemente, a nossa história, as nossas conquistas, as pessoas que passaram pela entidade, e aprendendo com o legado construído por todos aqueles que nos antecederam a deixar uma base sólida que sirva de apoio para as iniciativas dos nossos sucessores. Acredite, vamos ajudar Teófilo Otoni e região a crescer e a se desenvolver de verdade!



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