Um nome que chegou a ter relativa presença em diferentes regiões do Brasil deixou de ser registrado há mais de sete décadas. O nome “Angustias”, de origem latina — angustia, significando “dor” ou “aflição” —, não aparece em registros de maternidades ou cartórios brasileiros desde aproximadamente 70 anos atrás.
Origem e trajetória
Historicamente, “Angustias” foi usado em famílias cujas práticas religiosas eram mais intensas, em especial entre devotos de Nossa Senhora das Angústias. Em muitas cidades do interior, tornou-se parte da tradição de nomes ligados à fé católica ou à memória familiar, conforme estudo no campo da onomástica — o ramo que analisa a atribuição e evolução dos nomes próprios.
Fatores de desaparecimento
Especialistas em onomástica explicam que o desaparecimento de determinados nomes segue à mudança de referências culturais, linguísticas e até midiáticas. No caso de “Angustias”, além da carga semântica mais pesada associada à palavra “aflição” ou “dor”, observa-se uma preferência crescente de novos pais por nomes de sonoridade mais leve, curta e com conotação positiva.
Transformação das escolhas de nomes
A forma como os brasileiros escolhem nomes para seus filhos mudou. Anteriormente, a influência da religião e da tradição familiar tinha peso significativo, com frequência ligada a santos, virtudes ou figuras bíblicas. Atualmente, prevalecem critérios estéticos, referências culturais modernas e preferência por nomes curtos e de fácil pronúncia. Nesse contexto, “Angustias” não conseguiu manter seu uso regular nas novas gerações.
Impacto e significado cultural
Apesar de raro nos registros recentes, “Angustias” permanece presente em documentos antigos, registros familiares ou em lembranças de linhagens tradicionais. Para pesquisadores de onomástica, esse tipo de nome ajuda a mapear trajetórias culturais de comunidades — especialmente as que tinham forte vínculo com práticas religiosas e tradições regionais.
A supressão do nome dos cadastros contemporâneos reflete tanto a dinâmica de renovação cultural quanto o deslocamento de padrões — religiosos, linguísticos e sociais — que influenciam a escolha de nomes próprios no Brasil.