No Dia Internacional da Mulher Dilma diz nada sobre coisa nenhuma e perde uma ótima oportunidade de ficar calada

No Dia Internacional da Mulher Dilma diz nada sobre coisa nenhuma e perde uma ótima oportunidade de ficar calada

A presidenta Dilma Roussef durante o seu pronunciamento no Dia Internacional da Mulher: nada sobre coisa nenhuma!
A presidenta Dilma Roussef durante o seu pronunciamento no Dia Internacional da Mulher: nada sobre coisa nenhuma!

Por David Ribeiro Jr.

A presidenta Dilma Rousseff, quem diria?!, conseguiu de novo. No domingo (08/03) a equipe do Planalto aproveitou a oportunidade da comemoração do Dia Internacional da Mulher para sugerir à presidenta que fizesse um discurso à nação cumprimentando a todas as brasileiras, e, pegando carona, pronunciando-se sobre os constantes ataques que o Governo vem sofrendo de todos os lados.

A estratégia, convenhamos, até que era boa. Se o discurso fosse bem avaliado pela população, ficaria como uma explicação da presidenta para tudo de ruim que está acontecendo em seu governo. Seria como se ela estivesse dando uma satisfação pública sem que fosse necessário responder às réplicas de jornalistas assanhados por pressioná-la numa entrevista coletiva, por exemplo. Mesmo se o pronunciamento não conseguisse alcançar o objetivo principal Dilma ainda poderia sair por cima e negar qualquer outra intenção que não fosse um cumprimento às mulheres.

Erraram a mão
O problema é que alguém acabou deixando a massa do discurso passar do ponto. E quem errou não se contentou em dar uma pequena barbeirada. Errou feio mesmo. Leia a íntegra do discurso aqui.

Veja, a seguir, só a título de exemplo, alguns comentários sobre a fala de Dilma que foram pulicados pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog hospedado na VEJA.com:

Os petistas como um todo, e Dilma Rousseff em particular, perderam a noção da realidade; perderam a leitura da política; perderam o pulso da população. E fazem, então, bobagens em penca até segundo aquele que deveria ser o seu ponto de vista.

É possível que a “Lista de Janot”, arrematada com o “nada consta contra a presidente”, de Teori Zavascki, tivesse até dado uma refreada nos ânimos. Os dois eventos não foram propriamente mobilizadores. Ora, sendo assim, com a popularidade em queda livre, cumpria a Dilma ser o mais discreta que conseguisse. Que fizesse uma fala curta em homenagem às mulheres, vá lá; que anunciasse o agravamento da pena para o chamado “feminicídio” (debato o mérito outra hora), ok. Que aproveitasse a deixa para lamentar a corrupção na Petrobras, seria aceitável também. Mas o que foi aquilo???

Dilma já largou mal sugerindo que os descontentes estão mal informados. A imprensa foi o seu primeiro alvo. Segundo a presidenta, “os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes”. “Muitas vezes — disse a gêniaaté nos confundem mais do que nos esclarecem.”

Deu pra entender, né? A culpa, mais uma vez, é da imprensa. Não é de hoje que os petistas consideram que a falta de informação é útil a seu projeto de poder. Isso explica a sua disposição para controlar e censurar a imprensa.

Com a compulsão de sempre para a mistificação, disse a governanta: “Pela primeira vez na história, o Brasil, ao enfrentar uma crise econômica internacional, não sofreu uma quebra financeira e cambial”. Bem, trata-se apenas de uma mentira. Instruída sabe-se lá por quais feiticeiros, incorporou o conceito de que governo e sociedade são polos necessariamente opostos. O primeiro teria já pagado o pato da crise; agora, teria chegado a vez do povo. Leiam isto: “Na tentativa correta de defender a população, o governo absorveu, até o ano passado, todos os efeitos negativos da crise. Ou seja: usou o seu orçamento para proteger integralmente o crescimento, o emprego e a renda das pessoas. (…) Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e, agora, temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade”.

Nessa fala, “sociedade” e “governo” têm matrizes distintas e interesses específicos, que podem, eventualmente, entrar em contradição e se opor. Ainda que Dilma fosse uma ultraliberal, em vez de uma esquerdista atrapalhada, a fala estaria errada.

A presidente se referiu, sim, às tais medidas amargas que, segundo ela, seriam implementadas pelo tucano Aécio Neves caso vencesse a eleição. Afirmou: “Foi por isso que começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo”. Sei. Há pouco mais de quatro meses, essa mesma senhora fazia uma campanha eleitoral só com amanhãs sorridentes. Sabíamos, ela também, que um estelionato estava em curso.

Dilma, já escrevi isso aqui outro dia e reitero, é hoje a principal propagandista do protesto do dia 15. Mais de uma vez ela já se definiu como uma “mulher dura, cercada de homens meigos”. Bem, está na hora de seus meigos estudarem um pouco de política. Hoje, ela só é uma mulher em apuros, cercada de homens incompetentes.

Acompanhe, a seguir, o vídeo na íntegra com o pronunciamento da presidenta:



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