Maduro pede renúncia de gabinete após derrota eleitoral

Maduro pede renúncia de gabinete após derrota eleitoral

‘Peço aos ministros que entreguem seus cargos’, afirmou em rede de TV. Chavismo sofreu derrota severa nas eleições legislativas de domingo (6)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante seu programa semanal em rede nacional de TV (Foto: Palácio Miraflores / via Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante seu programa semanal em rede nacional de TV (Foto: Palácio Miraflores / via Reuters)

Da France Presse
Via G1

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira (8) a renúncia de seus ministros para que haja a “reestruturação necessária” do governo, após a contundente vitória da oposição nas eleições legislativas de domingo (6) passado.

“Peço a todos do Conselho de Ministros que entreguem seus cargos para que haja um processo de reestruturação, renovação e impulso profundo de todo o governo nacional”, disse Maduro em seu programa semanal na TV.

“Isto é o que quero: uma agenda para a nova etapa da revolução, de profunda retificação, de sacudimento”, afirmou o presidente, soltando, na sequência, um palavrão (c……!).

O chavismo sofreu sua derrota mais severa da história nas eleições legislativas de domingo, nas quais a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) obteve uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional, acabando com 16 anos de hegemonia.

Mais cedo, Maduro – cujo mandato termina em 2019 – convocou o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para uma jornada de consultas na quinta-feira (10), visando fazer “críticas e autocríticas construtivas” que definam ações de retificação do modelo socialista.

Ao anunciar que a “revolução entra em uma nova etapa”, Maduro precisou que o processo interno de consultas deverá definir estratégias em matéria econômica e política, como medidas contra “a burocracia” e a “corrupção”, assim como sobre a Assembleia, que agora está nas mãos da “contrarrevolução”.

Maduro também disse que Maduro que “os maus ganharam”  e indicou que a oposição, que agora é maioria no parlamento, já lançou seu “ódio” e anunciou, supostamente, que derrogará as leis “do poder popular”.

“Os maus se impuseram, os maus ganharam, ganharam como ganham os maus, com a mentira, com o engano, com a oferta enganosa, com a fraude”, disse o presidente durante seu programa de rádio e televisão “Em contato com Maduro”.

O último boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informa que de um total de 167 cadeiras da Assembleia, 109 correspondem à Mesa da Unidade Democrática, e três foram para indígenas de partidos regionais vinculados à coalizão opositora. O Partido Socialista Unido obteve apenas 55 cadeiras.

Com este número de deputados, o bloco opositor supera a marca de dois terços necessária para grandes atribuições, como criar ou suprimir comissões permanentes, aprovar e modificar leis orgânicas, submeter a referendo tratados internacionais e projetos de lei, remover magistrados do Supremo Tribunal de Justiça, designar os integrantes do CNE, aprovar projeto de reforma constitucional e até buscar retirar de maneira antecipada o presidente do poder.

Esta é uma situação inédita em um Parlamento que foi dominado pelo governo de esquerda desde 1999, quando Hugo Chávez, que morreu em 2013, chegou ao poder.



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