‘É um triplex Minha Casa Minha Vida’, diz Nilo Batista em defesa de Lula

‘É um triplex Minha Casa Minha Vida’, diz Nilo Batista em defesa de Lula

Integrante da equipe de defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o criminalista e ex-governador do Rio, Nilo Batista, classificou de “factoides” as suspeitas de que o petista tenha sido proprietário oculto de um tríplex no Guarujá e se beneficiado da obra da construtora Odebrecht em sítio frequentado por ele em Atibaia. “É um tríplex Minha Casa Minha Vida”, disse Batista, para quem o serviço no sítio não passou de “um puxadinho com corredor e quatro quartos”.

"É um tríplex Minha Casa Minha Vida", diz o advogado de Lula sobre o apartamento de luxo que, segundo ele, o casal presidencial não chegou a comprar (Moacyr Lopes Junior – 23.dez.2014/Folhapress)
“É um tríplex Minha Casa Minha Vida”, diz o advogado de Lula sobre o apartamento de luxo que, segundo ele, o casal presidencial não chegou a comprar (Moacyr Lopes Junior – 23.dez.2014/Folhapress)

De acordo com Batista, que governou o estado do Rio em 1994, quando o governador Leonel Brizola se desincompatibilizou para disputar a Presidência da República, “o presidente (Lula) se dá conta de que é uma luta antes de mais nada política e sente ser injustiçado e achincalhado sem ter feito nada”.

“Tem candidato a presidente com apartamento na Vieira Souto (avenida valorizada na orla de Ipanema, zona sul carioca). Este de Guarujá é um tríplex Minha Casa Minha Vida, coisa modesta”, comparou o advogado, sem citar diretamente o tucano Aécio Neves, que perdeu a disputa presidencial para Dilma Rousseff em 2014. Na época da campanha, Aécio morava com a mulher e os filhos em um apartamento na Vieira Souto, de frente para a praia.

Segundo Batista, a mulher de Lula, Marisa Letícia, comprou cotas da cooperativa Bancoop para o empreendimento do Condomínio Solaris, no Guarujá. O condomínio foi assumido pela empreiteira OAS depois que a Bancoop quebrou. Batista diz que Leo Pinheiro, ex-presidente da empresa investigado na Operação Lava Jato, foi quem teve a iniciativa de reformar o apartamento que caberia ao casal Lula da Silva e que o petista nunca soube do custo da obra.

Para Batista, é natural que presidentes de empresas tenham contato direto com o ex-presidente. “Se o Lula for comprar um sabonete na Granado, o presidente vai querer atendê-lo. Lula fez muitos amigos não só na indústria da construção civil, mas no agrobusiness, no setor automotivo, na siderurgia, no empreendedorismo financeiro. Lula conversa com Leo Pinheiro, mas desde o primeiro momento achou o apartamento inadequado” disse o advogado.

O ex-presidente achava que seria muito assediado e não teria condições, por exemplo, de fazer um passeio na praia, afirmou o criminalista. “Dona Marisa foi lá (no apartamento em obras) duas vezes. Leo Pinheiro fez obras por iniciativa própria. Lula nunca soube o preço das obras. No fim do ano passado, dona Marisa desistiu da compra”, acrescentou.

Sobre obras no sítio em Atibaia frequentado por Lula e Marisa, que teriam sido pagas e executadas pela empreiteira Odebrecht, Batista disse ser possível que “algum amigo empresário tenha ido visitar (Lula) e achado que devia fazer obras”. “Mas está é uma questão entre particulares”, sustentou. O advogado afirmou que ainda está reunindo mais informações sobre o sítio, mas minimizou a importância da obra. “É um puxadinho com corredor e quatro quartos.”

Batista criticou a ex-dona de uma loja de materiais de construção que disse que a Odebrecht gastou cerca de R$ 500 mil na obra do sítio, por não ter emitido notas fiscais em nome da empreiteira. Patrícia Fabiana Melo Nunes, antiga dona do Depósito Dias, disse à “Folha de S. Paulo” que recebia pagamentos em dinheiro vivo e que emitiu recibos em nome de outras empresas, mas afirmou ter certeza de que eram ligadas à Odebrecht. Parte do material, segundo ela, foi vendida sem registro fiscal. “Se ela tivesse as notas, teríamos hoje o valor integral da obra”, afirmou Batista.

O criminalista ironizou a notícia, também publicada pela “Folha de S. Paulo”, de que Marisa comprou um barco, no valor de R$ 4.126, em setembro de 2013, e mandou entregá-lo no sítio em Atibaia, o que comprovaria a ligação de Lula com a propriedade.

“Será que o erro foi ter mandato o bote para um açudezinho? Será que ela deveria ter mandado para o apartamento em São Bernardo (onde vivem Lula e Marisa) e botado flores dentro?”, questionou o advogado, que se incorporou à defesa do ex-presidente em dezembro passado e disse não cobrar honorários pela causa.

(Agência Estado)



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