Dura realidade! O coronavírus trouxe à tona que a nossa maior crise é de liderança

Dura realidade! O coronavírus trouxe à tona que a nossa maior crise é de liderança

O coronavírus trouxe à tona como sofremos uma grave crise de liderança no mundo todo (foto: montagem sobre imagens do Pixabay)

— Por David Ribeiro Jr.

Eu vivi para ver o que já considero a maior crise de todos os tempos da recente história da humanidade. Como não sou um fatalista, torço para que os efeitos para a economia não sejam tão trágicos quanto foi a crise na bolsa em 1929, chamada de “A Grande Depressão”. E, evidentemente, também espero que os efeitos para a saúde pública mundial não sejam tão devastadores quanto ocorreu com a chamada gripe espanhola (1918-1920) que, apesar do nome, na verdade começou nos Estados Unidos. Isso sem falar em todas as outras crises que ocorreram no transcorrer do Século 20.

Esquecendo um pouco o mundo como um todo e nos voltando a nós mesmos aqui no Brasil, vale ressaltar que já sofremos muito com a AIDS nos anos oitenta, com a dengue nos anos 90, com a H1N1 em 2009, com a febre amarela em 2016…

Por mais sinistro que seja dizer isso, a verdade é que já estamos, sim, bastante acostumados com crises de saúde pública… e com crises econômicas também. Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, já passamos por quarenta e quatro episódios daquilo que os especialistas chamam de crise econômica. Esta é a 45ª desde então.

Então, qual é o busílis?… É o fato de serem duas crises ao mesmo tempo, uma de saúde pública e outra de economia? É o fato de ser uma crise de proporções mundiais?

Bem… você tem toda a liberdade para pensar o que quiser, e inclusive de discordar de mim; mas estou convencido de que a maior crise que foi trazida à tona pelo coronavírus é a CRISE DE LIDERANÇA. E não estou me referindo apenas ao cenário do Brasil. Não! É um problema mundial. O coronavírus veio para dar um tapa, ou talvez uma sequência de tapas, na cara dos nossos líderes políticos mundiais, e aqui no Brasil não foi diferente. Ao contrário, a crise de liderança ficou ainda mais evidente nas terras tupiniquins.

Por que digo isso? Porque essa lamentável situação veio para demonstrar o quanto os nossos líderes (prefeitos, governadores, presidentes e outras autoridades ligadas às áreas mais afetadas) estão despreparados para enfrentar uma crise, seja ela qual for. Sem falar nos muitos oportunistas que estão aproveitando apenas para criticar quem está no poder, mas também sem apresentar nenhuma sugestão.

Algum minion idiota pode até levantar o braço agora e dizer que o presidente está tentando fazer a coisa certa e que os governadores e prefeitos é que estão atrapalhando. Desculpa!, mas isso não condiz com a realidade. A atuação do presidente é, na falta de uma palavra mais apropriada, trágica. E, acredite, também não tem nada de cômica como alguns tentam fazer parecer. Afinal, foi o nosso presidente quem disse em lavar as mãos pelo fato de governadores e prefeitos insistirem em manter a quarentena horizontal. Pergunto: isso é a fala de um líder?

Então, se o presidente está errado… os governadores e prefeitos é que estão certos por recomendar e até ordenar o isolamento total?

Não. Convenhamos que a grande maioria dos governadores e prefeitos estão mais perdidos do que cego em tiroteio.

A grande verdade é que está todo mundo fazendo besteira. E, por conseguinte, nos colocando ainda mais em risco — em todos os sentidos. O meu medo é que esses caras se atirem tanto nas suas enrolações que talvez não consigam mais corrigir os erros. Até porque os erros são conjunturais e vêm de muito tempo. O que está acontecendo agora nada mais é do que a ultima evidência do quão terrível é a pseudoliderança dos sujeitos que nos governam.

Ah! Então a culpa é dos governos de esquerda…

Não é apenas uma questão de afirmar de quem é a culpa. É muito mais do que isso. Sim. Os governos de esquerda têm culpa, mas tanto quanto todo e qualquer governo, indiferentemente da sua orientação político-ideológica. A questão é que está faltando verdadeira liderança.

Permita-me ser um pouco mais pragmático: Desde os anos oitenta que alguns movimentos terroristas mundo afora, até com o apoio de alguns governos, ameaçam com a possibilidade de uma guerra biológica. E, por favor, não diga que é bobagem porque já vimos isso ocorrendo antes.

Ah! Então você está dizendo que os chineses realmente criaram uma arma biológica?

Não. Eu não acredito que isso seja culpa dos chineses. Por mais que eu não aprove o regime político daquele país, penso que essas conversas estúpidas que correm pela internet, e que estupidamente são compartilhadas por alguns dos nossos pseudolíderes políticos… e você sabe a quem me refiro… não passam de teoria de conspiração. Basta assistir ao filme Contágio, de 2011, para se ter uma ideia bem clara do que está acontecendo e de como tudo começa. Parece até que os roteiristas do filme estavam antevendo o que está acontecendo agora.

Mas voltemos ao fio da meada. Há quase quarenta anos que o mundo vive com a sombra de uma ameaça biológica contra o Ocidente. E aí pergunto eu: Como os nossos líderes se prepararam todo este tempo para responder a um possível ataque biológico?

Resposta: não se prepararam. Pois, se não conseguem responder adequadamente a uma epidemia natural, como conter a um ataque biológico em massa?

E antes que alguém diga que isso nunca vai acontecer, quero lembrar que em 2001 ninguém também acreditava na possibilidade de um ataque contra a poderosa nação dos Estados Unidos da América… Isso até o 11 de setembro.

E por falar no 11 de setembro, vale lembrar o que ocorreu quando o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ficou inerte ao ser avisado de que o país estava sob ataque. O homem se encontrava em uma escola lendo histórias para crianças, e continuou como estava. Veja o vídeo em Espanhol:

A reação de Bush até alimentou à época teorias e mais teorias da conspiração que davam conta de que ele já soubesse do ataque e tivesse deixado pra lá. Uma ova! Pra mim aquela reação foi apenas a de um sujeito que não sabe o que fazer em momentos de crise, um despreparado em momentos de pânico. Foi a reação de um idiota que, embora estivesse à frente da maior nação do mundo, e da história, se mostrou um autêntico imbecil brincando de casinha na Casa Branca (e não estou dizendo isso por ele estar lendo histórias naquele momento — até porque nem foi na Casa Branca que estava).

Veja no próximo vídeo, em Inglês, a imprensa americana criticando a reação do presidente:

Talvez você me pergunte: David, o que você sugere, afinal?

Primeiro: que aprendemos a votar e paremos de escolher líderes com base em posturas ideológicas. É preciso escolhê-los com base em resultados, como se faz no mundo corporativo, no dia a dia das empresas. Você consegue imaginar uma grande empresa escolhendo como seu presidente um sujeito que nunca sequer gerenciou um subdepartamento? Eu, não. Mas vimos isso bastante no Brasil nas últimas eleições. E vimos no que deu. E estamos vendo agora de novo.

Não é sem razão que, aceite você ou não, o governador que está agindo de forma mais propositiva neste momento é o governador de São Paulo, João Dória.

Ah, mas é onde temos mais mortos pelo coronavírus. … Eu sei disso, mas também sei que São Paulo é o Estado mais globalizado do Brasil, o que explica tantas pessoas infectadas e tantas mortes. Abra qualquer plataforma de notícias que você confie e acompanhe o trabalho dos governadores. Dória foi o que mais rapidamente agiu. E não é sem razão. O cara veio da iniciativa privada e se fez sozinho. Está acostumado a ser assertivo.

David, você agora é tucano?

Gente, por favor! Eu escrevo editoriais políticos há mais de vinte e cinco anos e bati muito mais no PSDB do que no PT ao longo de todo este tempo. Essa pergunta ofende, tá?! A questão é que o Dória realmente está tendo a postura de um líder. E antes que alguém me acuse do que não estou afirmando aqui, não estou indicando-o como candidato a presidente da República.

Não adiante nada um pseudolíder dizer que vai providenciar máscaras. Não diga. Faça! Quer outro exemplo da ineficiência dessa gente? O Governo Federal anunciou há uma semana que entregaria 10 milhões de testes do coronavírus para os Estados. Os testes já foram comprados? Não…

Entende agora do que estou falando?

Outro problema dessa geração de pseudolíderes é o pensamento binário que eles têm. Ou faz uma coisa ou faz outra. Em momento algum se pensou em agir de forma mais ampla e propositiva. E, não, não estou aqui defendendo o absoluto isolamento vertical. O que estou cobrando é a apresentação de planos de contingência para os momentos de crise, o que, claramente, não há. E se a contaminação se desse na mesma velocidade que ocorre no filme Contágio, que mencionei antes? Como reagir?

Eu sei que o meu texto está se alongando demais, mas me deixe demostrar a você como os líderes de verdade agem. O empresário Flávio Augusto da Silva, dono da Escola de Idiomas Wise Up, da plataforma meusucesso.com e do projeto Geração de Valor, disse que, desde muito cedo, aprendeu a só começar a fazer retirada dos seus empreendimentos depois de ter pelo menos três meses de caixa assegurados para uma eventual situação de interrupção de fluxo de caixa. Três meses. E, detalhe: assim que a crise do coronavírus explodiu, Flávio recomendou a todos os franqueados da Rede Wise Up a procurarem os donos dos imóveis onde as escolas estão localizadas para renegociarem os prazos antes que a situação se complique. Também autorizou o parcelamento das mensalidades dos alunos em dez vezes para que todos possam participar dos esforços de contenção da crise. Isso se chama liderança.

Ah, mas você está comparando iniciativa privada com a gestão pública…

Não! Estou comparando a prática da liderança. E, de acordo com todos os estudiosos do tema, liderança é liderança em qualquer situação. Até escrevi um outro editorial a este respeito comentando a política municipal em minha cidade (Lição importante: Ninguém é líder de si mesmo (principalmente) na política).

Outro líder empresarial que está sendo duramente criticado é Roberto Justus, que, numa conversa privada, defendeu medidas duras de prevenção em forma de isolamento vertical, mas não deixando a economia entrar em colapso. Quase todo mundo está criticando o homem por dizer o que deveria ser óbvio.

Infelizmente, o que o Justus propõe não é possível porque se houvesse qualquer alargamento da curva de contaminação, os nossos hospitais ficariam lotados de pessoas que precisariam de atendimentos, e a rede de saúde não tem condições de oferecer esse atendimento.

Mas de quem é a culpa? Dele, de Justus, é que não é.

Finalizando, já que a grande desculpa para parar tudo é a possibilidade do colapso do sistema de saúde, quero comentar a situação da minha cidade, Teófilo Otoni (minha no sentido de ser onde moro). Aqui há uma obra pública iniciada em 2012 para a instalação de um hospital regional. A obra foi paralisada em 2015, com 60% do projeto erigido, e foi completamente abandonada pelo governo de então. O governador da época, Fernando Pimentel (PT) dizia que não tinha dinheiro. E justificava isso com o fato de que não conseguia pagar sequer os salários dos servidores em dia. Detalhe.: não conseguia pagar os salários em dia, mas pagava ainda dentro mês, sem deixar virar para o mês seguinte. Já que conseguia pagar dentro do mês, por que então não buscar um financiamento para pagar os salários em dia e depois pagar o financiamento? Simples: falta de liderança propositiva.

Como eu disse antes, a primeira medida para mudar a nossa realidade é aprender a votar. A segunda, como não estamos em época de eleição, é cobrar ações viáveis de quem está no poder. E, por último, por mais duro que seja admitir isso agora, só nos resta rezar, e rezar muito. Como cristão que procuro ser, entendo que, diante da nossa absoluta crise de liderança, e diante, também, da crise econômica e de saúde pública, só Deus pode nos salvar.

Que Ele tenha misericórdia e compaixão de nós!

Porque os nossos líderes terrenos, ainda que tenham pena de nós, já demonstraram que não têm competência para transformar essa pena em ações para que isso nunca mais ocorre.

E, como eu sempre digo: Quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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