Ator José de Abreu se ridiculariza ainda mais durante tentativa, em rede nacional, de explicar cusparada na cara de advogado que discordou de suas opiniões políticas

Ator José de Abreu se ridiculariza ainda mais durante tentativa, em rede nacional, de explicar cusparada na cara de advogado que discordou de suas opiniões políticas

Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI

Tem gente que não tem noção do ridículo. Ou tem em certa medida, mas se acha mais esperto do que todo mundo e que sempre conseguirá levar as outras pessoas em sua conversa mole.

A que me refiro? À patética situação em que se colocou o ator José de Abreu, 69 anos e quase 50 de carreira, ao participar na tarde de hoje (24/04) do quadro “Arquivo Confidencial” do Domingão do Faustão, na Rede Globo de Televisão.

Não ficou claro para o telespectador se a participação do ator já estava programada para o quadro, ou se tratou apenas de uma concessão da emissora para ajudá-lo a limpar a sua barra depois da cusparada que deu em um popular num restaurante paulistano na última sexta-feira (22/04). Veja abaixo o vídeo da cena ridícula que tomou conta das redes sociais neste final de semana:

Pela produção, com todos os depoimentos gravados, até imagino que o artista já estivesse mesmo escalado para a atração e, por causa do episódio de sexta-feira, o assunto acabou dominando a pauta. Que lamentável!

Quem está acostumado a me ler sabe muito bem o que penso disso tudo: sou contra toda e qualquer forma de batalha política que não se dê no campo das ideias e do diálogo. Portanto, indiferentemente de quem tenha começado aquele ridículo bate-boca no restaurante, em minha forma de ver o mundo, os dois estão errados. Os demais clientes que ali estavam civilizadamente não merecem ser expostos àquele tipo de chicana. Errou o casal que provocou José de Abreu (isso não se faz!), mas errou também José de Abreu que, como resposta à provocação, cuspiu no casal. Isso é coisa de gente mesquinha, sem educação e sem o mínimo de compostura — sem falar que a imagem que ele passa é que não tem argumentos para se defender das acusações feitas pelo casal. Em momentos assim eu me lembro de algo que aprendi com o meu avô: “quando um não quer, dois não brigam”.

Como chicana pouca é bobagem, o ator foi para o twitter e escreveu o seguinte, abaixo, em vermelho:

Acabei de ser ofendido num restaurante paulista. Cuspi na cara do coxinha e da mulher dele! Não reagiu! Covarde. Advogado carioca“.

Ele completou: “O covarde perdeu a linha […] Cuspi na sua cara, na cara da mulher dele e ele não reagiu. Covardes fascistas.

E completa: “Fascistas são tratados assim, com cuspe na cara. Dele e da mulher. Ninguém vai me chamar de ladrão e nem minha mulher de vagabunda sem levar um troco. O troco foi em homenagem ao Jean Wyllys“.

Quem faz o que José de Abreu fez precisa muito repensar a sua visão de mundo. Quem o faz em homenagem a Jean Wyllys demonstra que não tem nenhuma visão de mundo. Ou tem: a mais patética possível. É mais do que lamentável, é deprimente!

Mas como miséria pouca é bobagem, o ator foi para o Domingão do Faustão tentar se justificar em rede nacional, e não apenas para os seus seguidores no twitter. Com o seu talento de ator, se fez de coitadinho, de pobrezinho, e disse que não pode compactuar com o que está acontecendo no Brasil, quando as pessoas que têm viés de esquerda são hostilizadas na rua.

Patético! Simplesmente patético! Tão patético que a própria Globo preferiu não disponibilizar este momento da participação do ator nos vídeos do GShow relativos ao programa do dia.

E explico por que a fala do ator é patética: Primeiro porque não é verdade o que ele disse — que apenas os esquerdistas são hostilizados. O que ocorre é que como isso (esquerdista ser hostilizado na rua) é uma novidade, todo mundo da imprensa quer noticiar. Já quando é o contrário, ninguém mais liga. Até porque os esquerdistas sempre fizeram isso. Esse sempre foi o padrão de ação das esquerdas no Brasil. Eles sempre ocuparam prédios públicos, criticaram a mídia por suas posições mais à direita, e sempre fizeram chicana envolvendo nomes expressivos da direita. Basta ver como o senador Aécio Neves, um dos nomes mais expressivos da direita brasileira, sofre nas redes sociais com as inúmeras postagens feitas por pessoas à soldo disfarçadas de ativistas virtuais.

O ator José de Abreu, em sua participação no quadro 'Arquivo Confidencial', do Domingão do Faustão, na tarde de domingo (24/04) (Foto: Carol Caminha/Gshow/Reprodução)
O ator José de Abreu, em sua participação no quadro ‘Arquivo Confidencial’, do Domingão do Faustão, na tarde de domingo (24/04) (Foto: Carol Caminha/Gshow/Reprodução)

Em sua fala ridícula, José de Abreu tentou evocar os crimes de Eduardo Cunha, que, de fato, os tem aos montões — e, em minha opinião já deveria ter sido cassado — como se isso pudesse eximir Dilma, Lula e companhia dos seus próprios crimes.

Zé de Abreu também criticou Temer por ter, segundo ele, quatro citações em delações premiadas da Lava Jato, mas não teve coragem de mencionar o caso de Lula, que está atolado até à alma na mesma Lava Jato. Abreu disse que se hoje prende-se tanto político corrupto no Brasil é porque nunca se investigou tanto a corrupção. Só não disse que nunca antes houve registro de tanta corrupção quanto há agora, e por que a maioria absoluta dos presos é ligada ao PT. Ele também não explicou, evidentemente, por que os seus amigos do PT trocaram até o ministro da Justiça para tentar barrar as investigações da Polícia Federal. Também não pediu, em momento algum, desculpas pelos erros dos seus amigos petistas, sequer admitiu esses erros, e ainda veio com aquela conversa mole do golpe, fazendo até o Faustão intervir.

E o pior de tudo: José de Abreu, um homem que se diz culto e defensor do Estado Democrático de Direito, não explicou por que preferiu cuspir no advogado carioca e em sua esposa ao invés de chamar a Polícia e registrar um boletim de ocorrência contra o advogado. Vai ver ele sabia que se fizesse isso poderia parecer um homem ponderado. E ponderação é coisa de direitista, de gente que ele está acostumado a chamar de coxinha.

Começo a entender quando o jornalista Reinaldo Azevedo escreve que Zé de Abreu vale menos do que o escarro de Zé de Abreu.

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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