
— Por David Ribeiro Jr. —
Teófilo Otoni
Não é polêmica. É um fato! Na segunda-feira, 15 de dezembro, Teófilo Otoni recebeu o governador Romeu Zema, sempre com o mesmo carinho que a nossa boa gente dedica ao mandatário.
Ele veio acompanhado do seu vice, o Professor Mateus Simões, e do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, para inaugurar as obras do tão esperado Hospital Regional e entregar as chaves da unidade ao Instituto Mário Penna, que ganhou a licitação para gerir a unidade.
Vários deputados estaduais e federais também estiveram presentes para prestigiar a ocasião — e, claro, se promover um pouco em cima da obra tão importante para o povo da região. Isso faz parte do jogo político.
O evento foi grandioso, com toda a pompa que o cerimonial do Estado sabe montar. Mas, no meio da solenidade, um detalhe chamou a atenção das lideranças locais e regionais: a ausência de qualquer reconhecimento formal ao deputado estadual Neilando Pimenta, o verdadeiro idealizador e articulador dessa obra.
Depois, em entrevista coletiva, provocado por jornalistas, Zema rendeu elogios ao deputado. Mas por que só depois? Por método? Por estratégia política? Ou por incompetência da equipe de cerimonial e da Secretaria de Governo, que não perceberam a importância de citar quem, de fato, foi o pai do Hospital Regional?
A dúvida permanece. E a impressão que ficou é que o governador estava mais preocupado em dar palco ao seu vice, Professor Mateus, nome que já é apontado como seu candidato à sucessão. Nada contra Simões! — aliás, entre os nomes hoje cotados, o vice-governador é, sem sombra de dúvidas, o melhor. Ouso dizer que, se eleito, será um governador até melhor do que Zema. Melhor que Simões, só se Aécio Neves voltar a disputar.
É exatamente por reconhecer as virtudes políticas de Simões que pondero: Se o governo agir assim em outras regiões, ignorando lideranças locais, vai ser difícil emplacar a candidatura do seu apadrinhado. As lideranças regionais podem acabar lavando as mãos. Com isso, não será nenhuma surpresa se virmos Cleitinho sentado na cadeira de governador em 2027. O hoje senador é polêmico e divertido nos seus vídeos nas redes sociais. Faz a gente sorrir. Mas, convenhamos, governador… não! Ele não está pronto pra isso.
Voltemos a Neilando e ao Hospital Regional: Goste-se ou não do deputado, é impossível a uma pessoa de bom senso negar: o Hospital Regional é obra sua. Foi Neilando quem sonhou quando tudo parecia impossível. Foi ele quem articulou com o então governador Antonio Anastasia, que deu início às obras. Foi ele quem não se rendeu quando Pimentel as paralisou. Foi ele quem doou o terreno, de seus próprios recursos, para que o Hospital fosse construído. Foi ele quem insistiu, quem articulou, quem manteve viva a chama desse projeto.

O próprio ex-governador Anastasia reconheceu isso em áudio público que divulgou cumprimentando o amigo Neilando pela inauguração das obras. Zema também reconheceu o mérito do deputado… mas apenas depois de ser provocado. Perdeu a chance de se mostrar menos político e mais estadista — sem pressão.
Há quem tenha tentado minimizar a gafe dizendo que o cerimonial não podia demonstrar preferências por causa dos demais deputados presentes… balela! Ainda que Neilando não fosse o pai da criança, como o próprio governador reconheceu depois que é, ele é deputado estadual majoritário da cidade, é da base do Governo, além de estar representando a Assembleia na solenidade. Já seria motivos mais do que suficientes para destacar o deputado na ocasião… mas faltou tino — ou boa vontade mesmo.
Imagino que Neilando não vá fazer alarde nem retaliar. Bom ou ruim, Zema ainda é governador. O deputado não vai querer comprar briga com o atual mandatário do Estado. Mas suponho que tenha ficado muito chateado. Quem não ficaria?!
E que fique claro: Neilando não sabia da minha intenção de escrever este editorial. Está lendo ao mesmo tempo que você. Preferi não contactá-lo antes para que não se sentisse incomodado em saber da minha intenção em publicar este texto.
E, antes que algum espírito de porco diga que este texto é matéria paga, lembro que nem eu nem o Minas Repórter recebemos patrocínio da AlfaUnipac, que é a Universidade do deputado, nem do seu gabinete parlamentar. Escrevo este editorial porque acredito que a coisa certa a se fazer é reconhecer o mérito de quem idealizou, articulou, doou o terreno e nunca desistiu do sonho do Hospital Regional.
Já o governador Zema… com todo o respeito, seu maior mérito nesta empreitada foi usar o dinheiro da multa de uma tragédia para concluir as obras e fazer isso parecer virtude.
E pensar que para aquela inauguração o Estado mobilizou recursos vultosos: estrutura locada, traslado de autoridades, hotel, alimentação, segurança, tecnologia, prefeitos e vereadores que vieram de todas as cidades da região para assistir a uma assinatura e a entrega simbólica de uma chave.
Zema fala tanto de austeridade… mas pense comigo: Imagina quantos milhões (no plural mesmo) teriam sido economizados se o governador tivesse feito essa solenidade de modo mais simples em seu gabinete, em Belo Horizonte, e a transmitido ao vivo pelas redes sociais. Mas aí, claro, o governador que diz não ser político não teria feito a sua política do dia a dia. Irônico, não?
E, por último: Faça-me o favor de ter juízo antes de dizer que virei petista. Basta ler o histórico de editoriais do Minas Repórter para ver que essa pecha não cola em mim. Aliás, há petistas que não gostam de mim justamente por causa da minha linha editorial. Se os “zemistas de plantão” quiserem também oficializar o não gostar de mim, paciência! Só deixarão claro que não são melhores do que aqueles que criticam, já que, apesar do discurso conveniente, não respeitam o “direito de opinião” coisa nenhuma.
Eu costumo terminar meus editoriais com a frase: “Quem viver, verá!”
Dessa vez, não: “Quem vive, já viu… e como viu!”




