Verdade seja dita: Daniel Sucupira foi peça-chave para a manutenção da linha aérea T. Otoni – BH

Verdade seja dita: Daniel Sucupira foi peça-chave para a manutenção da linha aérea T. Otoni – BH

— Por David Ribeiro Jr. —

Na última semana eu acompanhei com certa estranheza o desenrolar das consequências em torno da manutenção da linha aérea ligando Teófilo Otoni à capital Belo Horizonte com voos regulares de segunda a sexta-feira.

Por que digo que acompanhei com certa estranheza?

Simples. Porque neste período vi um monte de gente bacana desfilando argumentos da importância da sua própria atuação em defesa da manutenção dos voos entre Teófilo Otoni à BH. Ainda bem que, apesar do falatório dos bacanas, que, geralmente, mais atrapalham do que ajudam, os voos foram mantidos.

Há algum problema em pessoas dizerem que trabalharam para isso, para manterem a linha aérea de nossa cidade?… Não. É claro que não. Se ajudou mesmo, pode publicizar à vontade. Sinceramente, não vejo nenhum problema.

Aliás, aos deputados eleitos pela região cabe, de fato, mostrar às suas bases que estão trabalhando e se esforçando ao máximo para garantir o maior pacote possível de benefícios aos seus eleitores. As entidades empresariais também precisam mostrar aos seus associados o trabalho de suas diretorias em defesa dos interesses da categoria. E fazem a coisa certa ao divulgarem as suas ações neste sentido. Que bom que CDL, Sindcomércio e Associação Comercial se uniram em torno desta causa.

Que fique claro: a minha preocupação (ou estranheza, que foi a palavra inicialmente utilizada) não tem nada a ver com o papel das entidades representativas da classe empresarial. O que me preocupa é a atitude da classe política neste episódio, que agiu como se apenas o emissor de cada uma das muitas mensagens emitidas sobre a manutenção dos voos tivesse trabalhado para que os voos fossem mantidos.

Deixe-me ser mais conciso: A maioria dos atores deste drama divulgou-o como se tivesse atuado sozinho para esta importante conquista, o que não é verdade. Quem acompanhou o caso de perto sabe muito bem que esta foi uma conquista coletiva. Um detalhe importante: muitos desses que disseram ter trabalhado pela causa não fizeram nada mais do que um inconveniente blá-blá-blá. E é aí que entra a minha estranheza.

Por razões de saúde, ou para cuidar da minha saúde, estive afastado do cotidiano político de Teófilo Otoni neste primeiro semestre. Mas, em tempos de redes sociais, por mais afastado que se esteja, o mundo está a um clique de nós. E é claro que acompanhei de perto esta questão da quase extinção dos voos ligando Teófilo Otoni a BH.

E, por acompanhar, reconheço que um desses atores que realmente trabalhou para a manutenção dos voos, mas sobre o qual pouco se falou, foi o prefeito Daniel Sucupira.

Por que é importante destacar a participação do prefeito?

Porque é o justo.

O prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT), articulou junto a entidades de classe da cidade a criação de um Fundo Garantidor que assegure a manutenção do programa, mesmo sem a gestão da CODEMGE, mas defendeu, na audiência pública na Assembleia Legislativa, a proposta de que o Governo Estadual faça o aporte de R$ 250 mil neste fundo (foto: Ricardo Barbosa/ALMG)

Eu mesmo ouvi muitas pessoas especulando que Daniel deixaria a linha aérea ser extinta para fazer uso político-partidário da situação. Seria muito fácil, e conveniente para ele, deixar a linha se extinguir completamente e depois ir para a mídia denunciar que o atual governador desativou a linha aérea que foi iniciada no governo estadual do PT. O discurso do “nós contra eles”, por mais que não me agrade, já se mostrou funcional em muitas ocasiões.

Daniel, se não quisesse fazer uso “partidário” da questão, ainda assim poderia fazer uso “político”. Ele tinha em mãos todas as informações sobre a viabilidade da linha aérea, que tinha o Estado apenas como avalista. Em seu lugar, outros teriam deixado a linha se extinguir e, depois, ido até à empresa que a explorava e proposto o retorno dos voos tendo a Prefeitura, e a administração do prefeito de turno, como avalista — afinal, a linha aérea que atendia a cidade não era deficitária. Seria uma excelente jogada.

Enfim, Daniel tinha muitas opções de como agir, neste caso especificamente, do modo como nos acostumamos a chamar de “velha política” — embora você que me lê há algum tempo sabe que abomino essas simplificações que considero idiotas e descabidas. Porém, voltando a Daniel, se ele tivesse agido de qualquer uma das maneiras negativas antes elencadas por mim, ninguém poderia condená-lo ou apontar o dedo em riste. Seriam questões pontuais e factuais.

Contudo, o prefeito preferiu agir como um autêntico administrador da cidade e, desde o primeiro momento, buscou soluções para o caso, para não deixar os voos serem interrompidos sequer um único dia. Apesar de isso não ter sido ventilado na mídia, foi do prefeito a sugestão de se criar o fundo garantidor. E, além de sugerir, deixou à disposição da empresa aérea e de todos os que queriam apoiar a questão, a estrutura de planejamento da Prefeitura para colocar a ideia no papel em forma de um projeto viável e exequível que já levasse em conta todos os problemas e questões inerentes à questão.

Talvez você que não acompanhou o caso de perto esteja se perguntando agora o seguinte: “Se isso é verdade, por que o próprio prefeito não deu maior divulgação à sua “importante participação” nas articulações para a manutenção da linha aérea?

Bem… para esta pergunta eu não tenho nenhuma resposta. Não convivo no dia a dia do gabinete; não faço parte do Governo e, portanto, não sei por que não houve uma divulgação maior deste fato na mídia institucional do prefeito ou da Prefeitura. Mas tenho um palpite. Que fique claro: é apenas um palpite, sem compromisso com fatos, mas acredito fazer sentido: Eu penso que o prefeito e sua equipe, embora tenham cumprido o seu devido papel neste caso, optaram por não fazer uma divulgação muito incisiva porque a maioria dos usuários da linha aérea é formada de pessoas do que chamamos de classes “A” e “B”, e que é um público que, geralmente, já tem lado quando o assunto é política. Ou seja: é gente que já sabe em quem vai votar, indiferentemente da orientação político-partidária. Quem tem simpatia pelo prefeito, vota nele. Os que não têm, dificilmente mudarão de ideia.

Isso, então, é um problema?

Ao contrário. Isso demonstra ainda mais grandeza por parte do prefeito. Ele apoiou a solução de um problema, um baita problema por sinal, mesmo sabendo que não teria como colher nenhum louro desta articulação. É preciso reconhecer o mérito do administrador quando toma a decisão certa. E, neste caso, convenhamos, Daniel Sucupira tomou a decisão certa, sim.

Será que o prefeito continuará acertando assim nas suas próximas decisões?

Não sei. Mas, como cidadão, torço para que ele acerte mais do que erre, pois, o seu acerto, enquanto prefeito, pode fazer a diferença na vida da comunidade, se tornando o acerto de “muito” mais pessoas. Talvez de mim, e até de você que está me lendo agora.

E, como eu sempre digo: Quem viver, verá!

Em reunião na CDL, o prefeito Daniel Sucupira defende a proposta de criação do fundo garantidor para manter funcionando a linha aérea entre Teófilo Otoni e BH (foto: minasreporter.com)

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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