Por que o dólar disparou nesta semana? Entenda o que aconteceu

Por que o dólar disparou nesta semana? Entenda o que aconteceu

Quem precisava comprar a moeda foi pego de surpresa pelo maior valor desde junho de 2016

Foto: Pxhere – Divulgação

O dólar teve a quinta alta seguida nesta quarta-feira e fechou o dia cotado a R$ 3,486, maior valor desde 13 de junho de 2016. Quem precisou comprar a moeda americana nesta semana foi surpreendido pela alta. Mas você sabe por que o dólar subiu?

A moeda americana é uma espécie de porto seguro, para onde correm os investidores ao menor sinal de turbulência. Se a bolsa está instável, o dólar sobe. Se há ameaça de conflitos internacionais, por exemplo, que podem abrir crise em alguns setores e mudar o panorama dos investimentos a nível global, o dólar sobe. Se há crise política, de novo os investidores correm para o dólar. 

Acontece que, em economia, existe uma regra básica chamada lei da oferta e da procura. Traduzindo em miúdos, aquilo que todo mundo quer comprar fica, sempre, mais caro. Então, se todo mundo quer comprar dólares, eles sobem. Quanto mais gente quiser, mais rápido e mais acentuada é a alta. 

Quando há uma alta significativa da moeda, no entanto, ela ocorre pela soma de vários fatores, internos e externos. Isso significa dizer que, por vários motivos diferentes, em vários lugares, as pessoas decidiram que é uma boa comprar dólares para proteger seu dinheiro. 

 Vamos lá. A alta desta semana tem, como principal motivo externo, a percepção do mercado de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) acelere a alta dos juros por lá. Juros maiores significa mais dinheiro em retorno a investimentos feitos no país, ou seja, caso isso realmente aconteça, a tendência é que os investidores tirem seu dinheiro de mercados mais arriscados, como o brasileiro, para investir nos Estados Unidos. 

Em março, o Fed subiu a taxa de juros nos EUA pela primeira vez em 2018. Com a alta, ela foi para o intervalo entre 1,5% e 1,75%. E por que os juros estão subindo nos EUA? Porque a economia está bombando por lá, o que gera inflação (aquele dragão que nós, brasileiros, conhecemos bem). Para conter o consumo – e, consequentemente, a inflação, os bancos centrais costumam elevar os juros. 

No Brasil, atualmente, depois de sucessivas quedas (porque, ao contrário de lá, com a crise interna, ninguém estava comprando nada por aqui), a taxa hoje está em 6,5%. Isso significa que investimentos no Brasil pagam, hoje, melhor que nos EUA. Por outro lado, o risco de botar dinheiro no país é muito maior. Quando os juros norte-americanos aumentam, o investidor não pensa duas vezes.

Essa dança dos investimentos, de olho nas taxas gringas, causa incerteza, certo? Certo. Então causa corrida para comprar dólar. Aí, o dólar sobe. No cenário interno, temos, em primeiro lugar para a valorização do dólar, o fato de 2018 ser um ano de eleições presidenciais que ainda estão absolutamente indefinidas. Somado a isso, justamente nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) resolver retirar do juiz Sérgio Moro partes das delações da Odebrecht envolvendo o sítio de Atibaia, atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e as operações de compra de um terreno para o Instituto Lula, o que levantou temores sobre o futuro da Operação Lava-Jato. 

Isso tudo gera o quê? Incertezas. E, de novo, quando há incertezas, o lugar mais seguro do mundo para os investidores é o dólar.

(Fonte: Liliane Corrêa – Estado de Minas)



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