A 100 dias das eleições, teófilo-otonenses não conhecem os pré-candidatos a deputado

A 100 dias das eleições, teófilo-otonenses não conhecem os pré-candidatos a deputado

David Ribeiro Jr., autor desta análise, é o editor-chefe do minasreporter.com

— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI

Oi. Como você está? De saco cheio com esses políticos chatos?!… Imagino que sim, né?!

Estamos vivendo um momento ímpar em nossa história política local. A cerca de 100 (cem) dias das eleições de outubro, os teófilo-otonenses continuam sem sequer saber quem serão os candidatos (que hoje deveriam se identificar como pré-candidatos) em 02 de outubro para deputado federal e estadual.

Pessoas ligadas aos comitês partidários — portanto, ligadas aos pré-candidatos — insistem em dizer que esse “alheamento”, se é que se pode chamar a esse sentimento negativo de alheamento por parte da população, se dá porque o povo está cada vez mais distante da atividade política. Bem… até certo ponto é verdade, mas é lógico e evidente que não é toda a verdade.

Sim, há mesmo uma grande parcela da população que não quer sequer falar de campanha eleitoral porque os nomes ligados à política têm causado nojo e ojeriza em nossa gente. Mas, sejamos realistas: Por mais que a internet e as redes sociais tenham dado voz — e eco a essa voz — às pessoas descontentes, esse descontentamento existe desde sempre; não é, necessariamente, uma novidade do Século 21 ou de nossa década. Aqui em Teófilo Otoni, então, o descontentamento é uma característica de nossa gente há mais de cinquenta anos. Mas… pra ser honesto, atualmente o engajamento político até aumentou.

Para se ter uma ideia de como o envolvimento sociopolítico aumentou no Brasil — e em nossa cidade não é diferente —, nunca antes na história desse país (só para zoar um pouquinho e lembrar a paráfrase de um ex-presidente aí) se viu tanta gente filiada a partidos políticos e tomando partido pelos nossos candidatos a governador e presidente da República, inclusive com forte engajamento nas redes sociais.

Mas aí nos vemos obrigados a voltar ao início dessa discussão: Por que, então, as pessoas estão tão alheias a falar em eleição para deputado estadual e/ou federal?

A resposta, infelizmente, é muito triste: Isso ocorre porque o nosso povo está desiludido com as constantes promessas vazias que nunca se concretizam. Podemos chamar a isso de falta de perspectiva.

É bem verdade ser da natureza política — ou dos políticos — fazer promessas. Lula e Bolsonaro fazem isso o tempo todo e, mesmo que, lá no fundo, todos os apoiadores e simpatizantes já saibam que não cumprirão nada do que prometem, gostam de ouvir o que os caras dizem. O que podemos concluir dessa dura realidade? Simples. Esses nomes (Lula, Bolsonaro e outros como eles) falam o que o povo quer ouvir, ou seja: o que as pessoas dos seus nichos e segmentos querem que seja dito. Com isso fica evidente a lição número 1 do Marketing de Vendas (e que se aplica muito bem ao Marketing Político): Não diga o que você tem para dizer, ou o que “você quer” dizer. Diga o que o outro quer ver e ouvir.

Essa é uma lição que os nossos pré-candidatos ainda não aprenderam. Basta ver como os nossos atuais pré-candidatos (aqueles que o povo sequer conhece) insistem em apresentar ideias que não têm eco junto ao povo. Algumas dessas ideias são, inclusive, muito boas; muito boas, mesmo. O problema é que elas não vêm ao encontro dos anseios populares. Se o povo entende que a prioridade é saúde, educação e geração de emprego (só que na prática, e não de forma teórica), não adianta nada vir falar de combate à corrupção, gestão eficiente, aeroporto regional… enfim, todas essas outras bandeiras são boas, excelentes até, mas não são as prioridades que o nosso povo quer ver e ouvir.

Entendeu? Ou vou ter que desenhar?

Outro problema na comunicação dos nossos pré-candidatos tem a ver com a percepção equivocada do uso das redes sociais… Céus, como os nossos pré-candidatos usam mal as redes sociais!…

Os caras ficam postando… postando e postando um monte de coisas que só serão vistas pelos seus seguidores, pela sua bolha — que, muitas vezes, já é gente que vota no sujeito. Uma vez que esse perfil nas redes já se apresenta como de um(a) político(a), tem dificuldade de conquistar mais seguidores que não querem se envolver com… política. E aí o pré-candidato fica ali falando para a bolha (às vezes bem miúda) de seus seguidores.

David, mas é possível driblar isso?

Eu diria que nem se trata de driblar; trata-se, na verdade, do uso assertivo e orientado por profissionais do Marketing. As redes sociais são a nova grande mídia do Século 21. Da mesma forma que antes era necessário pagar para aparecer em um grande meio de comunicação (prometo que não vou falar mal da Globo aqui), hoje também se precisa pagar para aparecer na tela do celular das pessoas que estão plugadas nas redes sociais. Essas redes são geridas por empresas que querem lucrar; portanto, essas empresas querem te vender serviços de divulgação do seu nome, sua imagem, sua marca… Se você quer aparecer para um maior número de pessoas, terá de pagar por isso. E, tão importante quanto pagar: seja profissional ao elaborar a mensagem a ser divulgada. Do contrário, ninguém prestará atenção.

Talvez alguém levante a mão e questione o seguinte:

David, como explicar, então, fenômenos como alguns nomes do MBL, que mesmo sem gastar nada com publicidade virtual (tráfego pago) conseguem interagir e influenciar tantas pessoas nas eleições?

Explico: Isso é possível com um investimento enorme em uma estratégia de atração, retenção e influência de atenção (audiência). Quando digo investimento, nem falo de dinheiro, mas de tempo, de busca pela informação e de execução do que se aprendeu.

O MBL não é o único case de sucesso. Aqui em Minas tivemos o caso do deputado federal André Janones (Avante), que se tornou deputado federal ao conseguir puxar para si a pecha (rótulo) de representante dos caminhoneiros na greve de 2018. Só para deixar claro: o caso de Janones é mais raro. A maioria dos casos de pessoas que cresceram politicamente nas redes sociais, sem investir em publicidade, só foi possível através da massificação.

Agora voltemos a Teófilo Otoni. Estamos indo para a fase de pré-campanha propriamente dita, que são os 45 dias que antecedem à campanha, a partir da segunda quinzena de agosto. Quer ser eleito? Então tenha uma mensagem que o povo queira ouvir. E use das ferramentas inovadoras para se fazer ouvido(a) pelo grande público. Do contrário, você será apenas mais um nome para ser citado como pessoas que foram pré-candidatos, mas que não tiveram chance nenhuma.

Só vou te pedir um favor: Depois… não diga que a culpa é do povo que não sabe votar. A culpa será sua, só sua, por não saber se comunicar.

E, como eu sempre digo:

Quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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