“Empregos e qualificação, desafios do início do novo milênio”, por Márcio Barbosa dos Reis

“Empregos e qualificação, desafios do início do novo milênio”, por Márcio Barbosa dos Reis

Quando a economia não cresce não há geração de empregos. Para que a economia cresça é preciso expansão da produção e do consumo que geram riquezas e distribuição de renda.

Desde a crise mundial de 2008, até hoje, o mundo não conseguiu entrar nos trilhos do pleno desenvolvimento; as consequências que assistimos são as mais variadas e nefastas possíveis: desemprego, violência, doenças, miséria e por aí a fora.

Por mais que a expansão do ensino técnico ou acadêmico tenham alcançado patamares elevados, a diplomação não tem qualificado os profissionais de forma adequada ao exercício dos empregos respectivos. Tanto o método educacional quanto a massa estudantil estão divorciados do momento de grande transformação presenciado por esta geração.

As instituições públicas e particulares de ensino não conseguem se colocar na vanguarda dos iminentes acontecimentos, considerados como fatores da mais nova revolução industrial: a internet, a robótica, etc., da qual existe a previsão sombria da perda de milhões de novas frentes de trabalho, provocada pelo novo modelo de negócios e a utilização cada vez maior da tecnologia, em substituição da mão-de-obra humana.

De outro lado, a previsão de retirada dessas oportunidades de emprego, também é fator de expectativa de novas oportunidades, para novos postos de trabalhos que serão criados, o que exigir-se-á qualificação específica, a qual não é oferecida.

Nesse cenário, lamentavelmente, cresce a concentração da riqueza e a ampliação da pobreza, vez que as atividades que apresentam maiores rentabilidades possuem pouca competitividade, destacando-se a área de informática e da tecnologia digital.

Sem uma visão clara e um novo paradigma dos governos e instituições de ensino para essa nova competência profissional, o esforço que se faz hoje trará pouco resultado positivo para enfrentar o brutal e avassalador mercado de trabalho futuro.

Estudar em uma escola, graduar-se em um curso universitário, não é a garantia de qualificação para o novo trabalho emergente, principalmente a médio e longo prazos. O novo profissional terá a necessidade de ampliar a sua visão e competência de forma difusa do mercado de trabalho, investir em conhecimento em outros idiomas, apostar em alternativas de serviço, de produção, desenvolvimento e na oferta de conhecimento e tecnologias.

Os empregos atuais e futuros estarão a exigir cada vez mais, novas e múltiplas qualificações. Tal situação provoca desconfortos, incertezas e ansiedades para muita gente.

Diante disso, a questão da sobrevivência ressalta e se coloca como um imperativo, afasta o sentimento de solidariedade e provoca uma competição extremamente nociva a uma sociedade estável e capaz de promover o bem-estar social coletivo.

Esses desafios do milênio estão postos, entretanto a sua discussão está postergada, por diversos motivos, retardando as tomadas de decisões que sejam capazes de afastar ou minimizar os seus efeitos sobre essa e as futuras gerações. Caberá a cada um, consciente dessa nova perspectiva, elaborar o seu próprio plano de contingência.

Márcio Barbosa dos Reis é membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual

Márcio Barbosa dos Reis

Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual

E-mail: marciobareis@outlook.com

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