“Bandido na roça tem que ser recebido à bala”, defende o pré-candidato a dep. fed. João Domingos

“Bandido na roça tem que ser recebido à bala”, defende o pré-candidato a dep. fed. João Domingos

O advogado e vereador por Ladainha, Dr. João Domingos, é pré-candidato a deputado federal pelo PSB (foto: Divulgação)

— Por David Ribeiro Jr.

O vereador João Domingos Souza da Silva, ou apenas Dr. JOÃO DOMINGOS, como é mais conhecido, tem 50 anos de idade e está em seu terceiro mandato como parlamentar junto à Câmara Municipal de Ladainha. Advogado praticante nas comarcas da região, neste ano de 2018 se lançou pré-candidato a deputado federal pelo PSB. Nesta semana, por telefone, o vereador concedeu uma entrevista ao minasreporter.com, ocasião em que comentou algumas das suas plataformas como pré-candidato, entre as quais se destacam o estímulo ao agroturismo como forma de gerar emprego e renda para a nossa gente, e também a instalação de delegacias rurais.

Como advogado, ele também defendeu uma reformulação da atual constituição, além de alguns outros códigos legais. Um dos momentos mais incisivos da entrevista foi quando o vereador, ao defender que o trabalhador rural seja autorizado a se armar, disse que “bandido na roça tem que ser recebido à bala”. Ele também defendeu a redução da maioridade penal e o fim da reeleição para todos os cargos e funções políticas no Brasil. Vale muito a pena acompanhar o bate-papo que tivemos. A íntegra do texto está logo a seguir.

minasreporter.com — Qual foi a sua motivação para essa pré-candidatura a deputado federal?

Dr. JOÃO DOMINGOS: Bem… eu venho desenvolvendo um trabalho como vereador durante três mandatos na cidade de Ladainha. Ao longo desse tempo estamos vivendo uma crise política tanto em Minas Gerais quanto no Brasil. Temos acompanhando isso junto aos eleitores e chegou a hora de trilhar um novo caminho. Três mandatos como vereador em Ladainha nos dá condições de trilhar uma nova estrada para buscar ajudar as pessoas dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, agora em uma outra função política, uma nova jornada e uma outra missão.

minasreporter.com — Dá para defender, na condição de pré-candidato, uma única bandeira em uma região tão carente de tudo como o Nordeste de Minas?

Dr. JOÃO DOMINGOS: Numa região com tantas deficiências, como é o caso dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, é até difícil escolher uma bandeira específica. São muitas coisas, problemas e dificuldades que nós precisamos lutar para resolver e para que o governo de Minas coloque a casa em ordem. Sem isso, o Estado não voltará a crescer e não poderá pagar os seus servidores em dia, não voltará a investir nos municípios… enfim! Hoje o Estado de Minas deve à grande maioria dos municípios, com raríssimas exceções, transporte escolar, além de uma série de outras coisas. Precisamos trabalhar para que Minas Gerais volte a ser a Minas Gerais que sempre foi. Caso eu tenha a oportunidade de me eleger, uma bandeira que eu priorizarei é essa questão da empregabilidade em Teófilo Otoni, bem como demais municípios dos vales do Mucuri e Jequitinhonha. Outra bandeira minha é o agroturismo. Em outros municípios o agroturismo tem dado muito certo. Eu tenho pesquisado e visitado esses municípios onde o agroturismo é a força que gera muito emprego e gostaria de poder estimular a prática do agroturismo em nossos Vales. Nós temos muitos recursos e não fazemos aproveitamento disso. Eu entendo que os gestores municipais precisam investir mais nesta pauta do agroturismo. Outra bandeira que defenderei tem a ver com a questão da segurança em nossa região. Atualmente, temos um problema grave que é a segurança do trabalhador rural. Eu penso ser necessário implantar delegacias rurais. Hoje nós temos uma demanda de delito nas roças, inquéritos que geram problemas muito graves e, no entanto, a Polícia, desaparelhada, não consegue fazer esse atendimento de modo satisfatório e apurar as ocorrências. Por causa dessa demora, sou a favor de que seja implantada uma delegacia rural com um delegado específico na região para cuidar dos crimes que ocorrem na roça. Da mesma maneira, sou a favor de que o trabalhador rural se arme; de que o Estado permita que o trabalhador rural tenha uma arma em casa. E por que defendo isso? Porque no momento em que o trabalhador rural está sendo ameaçado em sua integridade pessoal ou familiar, a Polícia não consegue chegar a tempo e esse trabalhador rural nem sempre tem um telefone disponível, pois a distância é muito grande. Quando esses fatos acontecem, ele fica desguarnecido, sua família fica sem assistência no local onde mora e, por isso, sou a favor de que a primeira defesa da família seja feita pelo chefe da casa, pelo trabalhador rural que mora lá na roça, mas, para isso, ele precisa ter uma arma, e eu sou a favor de que ele tenha essa arma. Bandido na roça tem que ser recebido à bala; depois que se chame a Polícia e se resolva os fatos.

minasreporter.com — O senhor, como advogado, defenderá a reformulação da atual constituição, como alguns propõem? Ou pensa que ainda não está na hora de reformular? E quanto a outros códigos vigentes?

Dr. JOÃO DOMINGOS: Na verdade, já passou da hora de a nossa constituição ser reformada, de uma mudança urgente. Nós temos no Brasil recursos demais, e isso faz com que as ações não caminhem e, quando caminham, seja de forma lenta. A punição não chega ao corrupto; o sujeito é condenado em primeira instância e depois entra com vários recursos; depois recorre ao STJ e ao STF e isso não acaba nunca. É necessário que se faça, sim, mudanças na Constituição e algumas mudanças no Código Penal. O nosso Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) precisa ser alterado. Eu, por exemplo, sou a favor da redução da maioridade penal, mas nós temos uma dificuldade enorme em relação a isso. Como explicar que o menor que pode inclusive votar para presidente não pode ser imputável, ou seja: atribuir-lhe responsabilidade pelos seus atos? Outra situação urgente que deve ser resolvida pelo deputado federal é que, quem estiver em Brasília, atuando lá, tem que se preocupar com essa questão de reformular a constituição brasileira e alguns dos nossos códigos vigentes.

Dr. JOÃO DOMINGOS: “Sou a favor da redução da maioridade penal” (foto: Divulgação)

minasreporter.com — Como o senhor encara questões como a já aprovada “Reforma Trabalhista” e a polêmica “Reforma da Previdência”, que alguns especialistas consideram como vitais para o progresso nacional, mas que são vistas com extrema antipatia pela maioria da população?

Dr. JOÃO DOMINGOS: O político tem de ter coragem de fazer o que precisa ser feito no momento que tem que ser feito. A reforma da Previdência, por exemplo, precisa ocorrer… claro que não nos moldes defendidos pelo senhor Michel Temer. O Brasil não suporta uma previdência no estado em que está hoje. Entendo que transformar 35 anos como tempo de contribuição em 49 é um exagero, mas tem que haver, sim, um equilíbrio porque a reforma da Previdência é necessária. Já quanto a Reforma Trabalhista tenho ouvido algumas pessoas dizendo que essa reforma acabou com o trabalhador brasileiro e que ela foi muito prejudicial para o trabalhador em vários aspectos. Bem, é verdade que em alguns aspectos ela foi prejudicial, mas em outros aspectos ela foi boa e era necessária. Do jeito como estava, o empresariado já não dava mais conta…

minasreporter.com — Mas, com a Reforma Trabalhista, já houve um aumento na geração de empregos no Brasil, pelo menos em um primeiro momento…

Dr. JOÃO DOMINGOS: Sim, e isso em função do primeiro momento da vigência da Reforma. À medida que ela caminhe, precisará evidentemente ser ajustada, tanto para mais quanto para menos; às vezes serão necessários ajustes para operar alguma coisa que vai beneficiar o empresário, afinal, são eles que geram empregos; mas também serão necessários ajustes para beneficiar o trabalhador. Isso vai se ajustando com o tempo; mas a reforma era e é necessária para fazer em um momento certo. Ainda que o trabalhador tenha perdido um pouco, o empresário também perdeu um pouco; por outro lado, o trabalhador ganhou um pouquinho e o empresário também. Creio que nós não precisamos ter medo da Reforma. Nós precisamos fazer a Reforma no momento em que deve ser feita. Outra questão tem a ver com o Estatuto do Desarmamento. Eu sou plenamente a favor de que esse estatuto seja reformulado. É preciso fazer isso, pois, nos moldes em que está, o trabalhador rural, por exemplo, como eu já disse antes, não tem segurança nenhuma. Do jeito que está, não dá para viver. Vai ter que fazer alguma alteração, até porque eu sou a favor de que o trabalhador rural tenha sua casa monitorada e que ele tenha uma arma para fazer a primeira defesa de sua família. É uma reforma sobre a qual vamos ter que debruçar na mesa para poder ver qual é o melhor caminho.

minasreporter.com — Como o senhor avalia as propostas que estão em discussão sobre a Reforma Política?

Dr. JOÃO DOMINGOS: A Reforma Política está vindo a conta-gotas. De tempos em tempos se faz uma reforma política e, na verdade, não dá grandes resultados. Em 2020 e 2022 ela terá um resultado um pouco melhor, mas ainda assim é necessária uma reforma política muito mais avançada…

minasreporter.com — Qual o modelo de reforma política que o senhor defende?

Dr. JOÃO DOMINGOS: Eu penso que nós devemos sentar na mesa e analisar friamente um modelo que seja importante para o Brasil, mas eu, por exemplo, defendo que senador não tenha mais oito anos de mandato, que seja de apenas quatro anos, como os deputados, e que não haja reeleição para nenhum cargo, de vereador a presidente. O modelo que está em vigência hoje, em que no Legislativo as pessoas podem se reeleger naturalmente, eu sou contra. Sou contra e estou abrindo mão dele. Sou vereador e estou em meu terceiro mandato na cidade de Ladainha, mas a partir do momento que me defini contra a reeleição, por acreditar que ela é prejudicial para o país, já avisei a minha cidade, as associações e os meus eleitores que em 2020 não sou candidato a reeleição. Acredito que, ao fazer isso, estarei ajudando à minha comunidade e abrindo uma defesa real das minhas crenças políticas. Entendo que à medida que as pessoas vão se perpetuando em mandatos sucessivos, e se perpetuando no poder, vai se gerando um problema grave na política brasileira. A verdadeira democracia tem que passar por um processo de mudança de quatro em quatro anos oportunizando ao eleitor votar em novos nomes e novas mentalidades. Se esses que estão indo para lá não derem certo, daqui a quatro anos muda de novo até que a democracia seja devidamente apurada e nós tenhamos um modelo que ajuda o Brasil a caminhar melhor.

minasreporter.com — Historicamente, os deputados eleitos pela nossa região não se unem. Em sendo eleito, o senhor chamará os seus colegas parlamentares eleitos no Nordeste de Minas para trabalharem juntos?

Dr. JOÃO DOMINGOS: Claro! Político que não se agrega ao outro, que não busca apoio no outro para poder fazer as políticas públicas necessárias para a nossa região, não apresenta resultados. E, ao agir assim, ele não é apenas inimigo do outro; ele é inimigo de Teófilo Otoni; ele é inimigo dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. Nós precisamos juntar forças sem nos importar com partido, sem nos importar com cor partidária. O que importa é que, uma vez eleito, tem que somar forças para trazer benefícios para a região. Eu serei o primeiro a lutar pela formação de uma frente parlamentar multipartidária e independente para que a gente discuta os assuntos que são melhores para os Vales do Mucuri e Jequitinhonha, e para todas as cidades da nossa região. Precisamos unir forças; precisamos agregar valores… somente unindo forças vamos alcançar resultados. A minha bandeira em defesa do agroturismo, por exemplo, não é algo que uma pessoa, um deputado, consiga fazer sozinho. Nós teremos que trabalhar a experiência dos outros e as experiências das outras regiões, em especial dos lugares de Minas onde o agroturismo já vem dando certo. Eu tenho acompanhado resultados do agroturismo em outros municípios brasileiros; já vi dando certo em municípios do Espírito Santo, Santa Catarina, além de uma série de municípios que hoje vivem quase que exclusivamente do agroturismo. Nós temos que ir lá com os outros colegas deputados federais e trazer esse programa para Teófilo Otoni e região. É preciso acabar com essa história de inimizade política; temos que nos sentar na mesa do partido “A” e também na mesa do partido “B” em qualquer tempo e lugar para buscar resultados para Teófilo Otoni. Você nunca ouvirá falar que o Dr. João Domingos virou inimigo do deputado “A” ou do deputado “B”, ou que não conversa com o deputado “C”. Nós sempre defenderemos as bandeiras dos nossos vales através do diálogo com todos os demais eleitos para também representarem e trabalharem pela nossa população.

minasreporter.com — Em que momento será oficializada a sua candidatura e em que momento começará a campanha propriamente dita?

Dr. JOÃO DOMINGOS: No dia 23 teremos uma reunião com o PSB em Belo Horizonte; no dia 5 haverá uma convenção para definir as candidaturas, uma vez que hoje sou apenas um pré-candidato. A campanha propriamente dita começará a partir do dia 16 de agosto. Pela legislação, já vamos poder colocar na rua nossa campanha com a devida numeração a partir do dia 16, que é o tempo determinado pela legislação.

minasreporter.com — Fique à vontade para suas considerações finais.

Dr. JOÃO DOMINGOS: Nossos eleitores do Vale do Mucuri e Jequitinhonha, de toda a nossa região, de todas as cidades do Nordeste de Minas precisam ter em mente que é preciso mudar as coisas no Brasil e mudar as coisas em Minas Gerais. Nós estamos trazendo a oportunidade de se fazer alguma mudança para melhorar a vida das pessoas. Essa ideia do agroturismo, por exemplo, é um projeto extraordinário, tenho certeza disso, mas vai depender da união de todas as nossas forças políticas. Quando você me perguntou a respeito dessa aversão que um político da nossa região tem para com o outro após as eleições, isso é muito ruim para nossos vales e nós não podemos pactuar com essa prática. É preciso romper esse ciclo. Eu tenho dito ao povo que nós vamos nos unir em prol de Teófilo Otoni e em prol de todas as cidades da região em prol de nossos vales.



Deixe seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.