As exportações de carne de Minas Gerais registraram uma queda expressiva em agosto de 2025, refletindo os impactos diretos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos (EUA) às importações brasileiras. A medida afetou duramente o setor mineiro, que vinha sustentando bons resultados ao longo do ano.
Segundo dados da Secretaria de Agricultura (Seapa), o Estado exportou US$ 154,8 milhões em carnes bovina, suína e de frango em agosto, recuo de 13% em relação a julho, quando as exportações somaram US$ 178 milhões, e 26% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando o total foi de US$ 210,1 milhões.
Além do valor, o volume também caiu: de 45,5 mil toneladas em julho para 40,1 mil em agosto, uma retração de quase 12%. A principal causa foi a queda nas vendas para os EUA, que despencaram de US$ 9,6 milhões em julho para US$ 3,3 milhões em agosto, com redução de 66%.
“O tarifaço aplicado pelos Estados Unidos em agosto provocou uma queda abrupta nas vendas de carnes mineiras para aquele mercado. As carnes foram um dos setores mais afetados, com retração de cerca de 46% no volume exportado”, explicou o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e de Frio de Minas Gerais (Sinduscarne-MG), Pedro Braga.
A queda sinaliza o efeito direto das barreiras comerciais adotadas pelos norte-americanos, que vêm reduzindo gradualmente as compras da carne mineira. Em agosto, as exportações de carne para os EUA despencaram de US$ 14,3 milhões em 2024 para apenas US$ 3,3 milhões em 2025, uma retração de mais de 76%. Em volume, a redução foi ainda mais expressiva: de 2,8 mil toneladas para apenas 574 toneladas.
Setor mantém bom desempenho no acumulado do ano
Mesmo com a queda em agosto, o acumulado de janeiro a agosto de 2025 mostra desempenho superior ao de 2024. Minas Gerais exportou US$ 2,05 bilhões em carnes no período, com destaque para a forte demanda da China, Oriente Médio, México, Chile e União Europeia. A receita com carne suína cresceu 62% e o volume 40% até julho. Já as vendas de miúdos avançaram 22%.
Segundo Pedro Braga, o bom resultado se deve a uma combinação de fatores. “Tivemos preços internacionais favoráveis, com escassez de gado nos EUA e na Argentina, e também reposição de estoques chineses, o que manteve as cotações em alta. Além disso, houve diversificação de destinos e produtos, como carne suína e miúdos”, afirma.
(Fonte: Ana Paula Moreira – Diário do Comércio)