Oposição conquista maioria na Assembleia Nacional da Venezuela

Oposição conquista maioria na Assembleia Nacional da Venezuela

Essa será a primeira vez em que a coalizão ocupará a maior parte dos assentos do Parlamento, colocando fim a 17 anos de domínio dos socialistas

O governador de Miranda e opositor venezuelano Henrique Capriles fala ao lado do presidente da coalizão de oposição MUD, Jesus Torrealba, durante coletiva de imprensa no início do processo eleitoral, em novembro. Já havia a expectativa de vitória desde o primeiro momento (Foto: AFP PHOTO/FEDERICO PARRA)
O governador de Miranda e opositor venezuelano Henrique Capriles fala ao lado do presidente da coalizão de oposição MUD, Jesus Torrealba, durante coletiva de imprensa no início do processo eleitoral, em novembro. Já havia a expectativa de vitória desde o primeiro momento (Foto: AFP PHOTO/FEDERICO PARRA)

A oposição venezuelana conquistou a maioria dos lugares da Assembleia Nacional nas eleições legislativas deste domingo. O resultado representa uma grande derrota para o Partido Socialista, que comanda o país há 17 anos, desde a chegada de Hugo Chávez à liderança do governo nacional. Os opositores vão ocupar pelo menos 99 das 167 cadeiras do parlamento, segundo anunciou a presidente do Conselho Eleitoral Nacional, Tibisay Lucena. Os socialistas ficaram com 46 assentos, enquanto os demais permanecem em apuração.

Essa é a primeira vez em que a coalizão opositora consegue uma maioria no Parlamento desde que este foi criado no ano de 2000, após a dissolução do antigo Congresso. A vitória da oposição permite à coligação designar a junta diretiva da Câmara, que tomará posse em 5 de janeiro de 2016, e da qual nunca fez parte.

Homem deposita seu voto em frente a mural com a figura do ex-presidente Hugo Chávez em escola de Caracas, na Venezuela (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Homem deposita seu voto em frente a mural com a figura do ex-presidente Hugo Chávez em escola de Caracas, na Venezuela (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Entre outras coisas, a coligação vitoriosa tem a possibilidade de aprovar uma lei de anistia que extinga a responsabilidade penal que pesa sobre vários opositores presos, entre eles o líder da oposição, Leopoldo López, condenado a quase 14 anos de prisão.

Após o anúncio, que ocorreu logo depois da meia-noite no horário local (3 horas em Brasília), as ruas de Caracas foram tomadas por opositores do presidente Nicolás Maduro, que comemoraram com gritos e fogos de artifício. Ainda antes da declaração oficial, líderes da oposição já afirmavam ter vencido o pleito.

Maduro reconheceu a vitória da oposição logo após o anúncio, dizendo que a democracia e a Constituição venezuelana triunfaram, apesar da derrota de seu grupo político. O presidente culpou a tentativa de desestabilização da revolução socialista por parte de seus adversários pelo revés, que considerou “circunstancial”. “Posso dizer hoje que a guerra econômica venceu”, disse ele em pronunciamento pela televisão a partir do palácio presidencial.

O ex-candidato à presidência pela oposição Henrique Capriles afirmou, pelo Twitter, que “com grande humildade, serenidade e maturidade” aceita “o que o povo decidiu”.

Oposição
A coligação opositora da país, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), afirmou nesta segunda-feira que sua vitória nas eleições legislativas representa o “começo da mudança” no país. “Começou a mudança na Venezuela. Hoje temos razões para comemorar; o país pedia uma mudança; essa mudança começou hoje”, disse o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba.

Com esta vitória “a agenda da paz reinou, a agenda dos cidadãos se impôs, o voto conseguiu vencer democraticamente um governo que não é democrático”, afirmou o porta-voz da aliança ao fazer a leitura de um comunicado conjunto da plataforma que reúne a maioria dos partidos de oposição.

Propagando eleitoral de Nicolás Maduro é vista nesta sexta-feira (13) em Caracas (Foto: AFP PHOTO/JUAN BARRETO)
Nem mesmo a predominância da propagando eleitoral de Nicolás Maduro conseguiu aplacar a derrota do seu grupo nas eleições (Foto: AFP PHOTO/JUAN BARRETO)

Torrealba considerou que esta vitória envia uma mensagem ao governo de Nicolás Maduro, porque demonstra que “o povo falou claro, as famílias venezuelanas se cansaram de viver as consequências do fracasso, o povo não tolera mais nem o mínimo desvio dos princípios estabelecidos na constituição”.

(Com Estadão Conteúdo)



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