“Há 78 anos a Associação Comercial aponta a direção do desenvolvimento local”, diz o presidente Ricardo Bastos

“Há 78 anos a Associação Comercial aponta a direção do desenvolvimento local”, diz o presidente Ricardo Bastos

Ricardo Bastos Peres, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Teófilo Otoni (foto: Célio Cezar Studios)

Na quarta-feira (27/02) a Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Teófilo Otoni comemora 78 anos de fundação e existência. Para comentar a data tão importante, o minasreporter.com conversou com o presidente da entidade, o empresário Ricardo Bastos Peres, que relembrou um pouco da história da instituição e deixou claro que, ao longo destas quase oito décadas, a ACE sempre foi a grande norteadora do desenvolvimento e do progresso local e regional. Acompanhe o bate-papo que tivemos:

minasreporter.com — O senhor assumiu a ACE quando a entidade acabava de completar 70 anos. Em algum momento o senhor pensou em dizer “não” ao desafio que se apresentava à sua frente?

O presidente Ricardo Bastos atribui o sucesso da atual gestão da ACE ao apoio e à unidade conseguida com o vice-presidente Tião da Jhiane (centro) e com o diretor-financeiro Synval Handeri (foto: SM Vídeo Produções)

RICARDO BASTOS: Pra dizer a verdade, sim (risos). Na realidade, até aquele momento eu nem tinha muita convivência com entidades representativas de classe. Participava como associado, mas não da diretoria; e nem pensava nisso. A minha convivência nesse meio começou a acontecer quando fui convidado a assumir a Vice-Presidência da nossa CDL de Teófilo Otoni ao lado do presidente Luiz Resende. Embora eu não tivesse nenhuma intenção inicial de assumir o cargo, nunca fui de dizer não aos desafios, pois entendo que os desafios são oportunidades que Deus nos dá para nos superarmos e para contribuir mais com a sociedade. Assim, acabei aceitando. Algum tempo depois fui sondado pelo empresário Dinaldo Bartolomeu, da Graffite, para compor uma chapa à Presidência da Associação Comercial. Meio que brincando, eu disse pra ele mais ou menos assim: “Eu aceito se o senhor também compor a chapa como meu vice-presidente”. Ele disse ‘sim’. Aí eu não tinha como não participar. Aqui estamos nós. E, para a minha sorte, sempre pude contar com uma diretoria muito forte. Além do Sr. Dinaldo, da Graffite, sempre pude contar, também, com o apoio irrestrito do 1º vice-presidente Tião da Jhiane e do diretor-financeiro Synval Handeri. Todas as conquistas que tivemos foi o resultado do trabalho de todos os membros da nossa diretoria, e também dos nossos colaboradores, que são um time muito técnico e eficiente.

minasreporter.com — O senhor assumiu a Associação num momento de profunda transformação social em nossa comunidade. Quais foram as maiores dificuldades naquele primeiro momento?

RICARDO BASTOS: Como você disse, estávamos atravessando um momento de enorme transformação social, e aqui em Teófilo Otoni não era diferente. O País ainda estava tentando se recuperar da crise econômica de 2008, que, por mais que muitos tentaram desmerecê-la, deixou muitas marcas negativas na economia nacional também. Naquele momento, nós, empresários, e eu me incluo nesse grupo porque também era associado da ACE, não queríamos apenas uma entidade representativa que não passava de um clube de encontro para reuniões de vez em quando. Precisávamos de uma entidade que se predispusesse a usar da sua força representativa para buscar soluções para a classe, e soluções de verdade, e não pseudosoluções. E foi exatamente isso o que nos dispusemos a fazer. Modéstias à parte, acho que estamos conseguindo. É claro que muito do que nós gostaríamos de ter feito, ainda não pudemos fazer, mas tivemos muito mais acertos do que erros. Graças a Deus!

Em 2013, depois de um mandato tampão de dois anos, o presidente Ricardo Bastos Peres, ao lado da sua diretoria e diversas autoridades que prestigiaram a solenidade, tomou posse para o mandato integral (foto: SANTHAR/minasreporter.com)

minasreporter.com — Quais foram esses maiores acertos? E o que não deu certo?

RICARDO BASTOS: Vamos falar do que deu certo. Quando assumimos, tínhamos algo em torno de sessenta associados, mas nem trinta pagava mensalidade. Hoje temos quase dois mil associados entre pessoas jurídicas e empreendedores autônomos. Tínhamos uma única funcionária. Hoje são dez, além de contratarmos muitos serviços terceirizados. Também ampliamos consideravelmente o mix de produtos e serviços que disponibilizamos aos nossos associados. Um dos destaques é o Serviço Central de Proteção ao Crédito, o SCPC do Grupo Boa Vista, o maior banco de dados de operações financeiras da América Latina. Disponibilizamos para os nossos associados um plano de saúde corporativo em parceria com a UNIMED por preços muito reduzidos. Para os nossos associados, o desconto da mensalidade da Unimed pode chegar, em alguns casos, até quase 50% em relação à tabela de referência. Outra conquista importante foi a implantação do Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE), cuja unidade se coloca como mediadora de pendências jurídicas diversas trazidas por associados, contribuindo para promover a cultura da conciliação ao mesmo tempo em que desafogamos os tribunais na justiça comum. Também oferecemos aos nossos associados certificação digital, somos correspondentes do BDMG para análise e encaminhamento de projetos, disponibilizamos orientação técnica, consultoria jurídica, e nunca cansamos de buscar mais serviços. Recentemente instalamos na cidade uma unidade da Câmara da Mulher Empreendedora, em parceria com a Federaminas, visando aumentar e ampliar a participação da mulher no dia a dia do nosso ecossistema empresarial local e regional. A tudo isso soma-se o que considero a cereja do bolo da nossa gestão, que foi o resgate da EXPONOR, a Mostra Empresarial do Nordeste Mineiro, reinventada, reestilizada, e que se tornou a maior mostra do seu segmento na região Leste/Nordeste de Minas, e uma das maiores do interior do Estado e do Brasil.

Para o presidente da ACE, Ricardo Bastos Peres, a cereja do bolo da sua gestão foi o resgate da EXPONOR, a Maior Mostra Empresarial do Nordeste Mineiro 2017 (Celio Cezar Studios)

minasreporter.com — E o que não deu certo?

RICARDO BASTOS: Bem… essa questão tem que ser vista sob perspectiva. Do ponto de vista da realização, todos os compromissos que assumimos à frente da Associação Comercial, nós conseguimos realizar. Todos, mesmo. O problema é que apenas os compromissos que assumimos, não bastam; afinal, todo e qualquer empresário da cidade quer mais representatividade e está em busca de mais conquistas. Se o empresário quer mais apoio e representatividade, é porque ainda há muito a ser conquistado. Um exemplo é que eu gostaria muito de já ter empreendido um programa de gestão de estágios, afinal estamos numa cidade universitária. Também tenho a pretensão de levar adiante um programa de colocação profissional a partir da ACE, além de uma série de muitos outros projetos que prefiro não comentar aqui para que não comece a haver cobrança sem que estejamos prontos para iniciá-los. Mas acredite: muita coisa boa ainda vem por aí, inclusive uma nova sede própria, maior, mais complexa e mais moderna para atender a essa grande demanda de novos associados que temos.

minasreporter.com — Se o senhor pudesse voltar atrás, ao ano em que a ACE foi fundada, o que faria diferente do que foi feito?

O primeiro presidente da ACE foi o empresário Rachid Salomão Handeri, pai do atual diretor-financeiro Synval Handeri (foto: Reprodução)

RICARDO BASTOS: Provavelmente, nada. Olhando hoje para trás é fácil dizer que isso e aquilo poderia ter sido feito de forma diferente. Mas isso é possível porque já tivemos a primeira experiência com o trabalho dos nossos fundadores. Lá atrás, quando o nosso primeiro presidente Rachid Handeri, pai do nosso diretor-financeiro Synval Handeri, junto com a sua equipe, levou adiante o projeto da Associação, eles não tinham exemplos a serem seguidos. Eles é que estavam construindo a história por tentativa e erro. Eles eram o seu próprio exemplo. Eu vejo todos os meus antecessores como verdadeiros heróis.. Todos eles, ao meu ver, foram verdadeiros guerreiros que lutaram pelo desenvolvimento socioeconômico, de fato, e não apenas blá-blá-blá como a gente costuma ver no meio político.

minasreporter.com — Por falar em política, o senhor também já foi candidato a prefeito da cidade, e a deputado estadual, e sempre com uma postura liberal. Como vê essa verdadeira conversão à direita que está havendo por parte da população brasileira, como ficou evidenciado na última eleição?

RICARDO BASTOS: Veja bem: Nós, brasileiros, ainda estamos formando uma personalidade sociopolítica. Até à década de 1960 a nossa população era bastante conservadora, tanto é assim que no início dos anos sessenta tivemos a famosa Marcha pela Família e pelos bons Costumes que, em essência, era um verdadeiro manifesto público em favor do conservadorismo. Mas aí veio a intervenção militar e a população começou a ser educada por professores de esquerda, que incutiram em toda a geração com menos de 50 anos alguns valores mais esquerdistas. Agora, ao perceber que esses valores de esquerda, que culminaram com governos de esquerda, se provaram ineficientes, as pessoas começam a perceber a importância do liberalismo econômico para a geração de emprego e renda e, em busca de emprego, renda e riqueza, começou-se a haver uma migração contrária da esquerda para a direita e para o liberalismo econômico. Mas, que fique claro: como presidente da Associação Comercial, a minha postura é isenta. Como entidade de classe, a ACE respeita a pluralidade de ideias políticas e procura conviver harmonicamente com todas as vertentes democraticamente eleitas.

minasreporter.com — O senhor se posiciona entre aqueles que defendem que, se o governo não atrapalhar, os empresários dão conta do recado?

RICARDO BASTOS: Mais ou menos. Eu acredito, sim, que se o governo não atrapalhar, o empresariado pode apontar o norte do desenvolvimento. Um exemplo disso é que quando a Estrada de Ferro Bahia-Minas foi extinta pelo Governo Militar, os nossos políticos locais ficaram num blá-blá-bla infernal, que não resultava em nada. O que a Associação Comercial fez? Sob o comando do saudoso Rachid Salomão Handeri, presidente da ACE à época, a Associação Comercial organizou uma comitiva para ir até Brasília conversar com vários ministérios ligados à área, bem como com os deputados da região a fim de tentar reverter a decisão. Naquele momento a ACE fez a sua parte; os políticos é que atrapalharam. Se tivesse dependido da ACE, a Estrada de Ferro nunca teria sido desativada. Foi a ACE, também, em parceria com a Federaminas, que conseguiu convencer o Governo Estadual a criar o programa Voe Minas, que ligou várias cidades do interior do Estado, entre as quais Teófilo Otoni, à capital mineira através de uma linha aérea.

minasreporter.com — O senhor optou por não realizar uma festa de aniversário dos 78 anos da ACE. Por quê?

RICARDO BASTOS: Porque estamos vivendo um momento de responsabilidade. Modéstias à parte, hoje a ACE tem as suas finanças em dia, não deve nada a ninguém, paga a sua folha de salários, e também aos prestadores de serviços religiosamente em dia, mas entendemos que é preciso manter a nossa gestão superavitária. Nós começaremos neste ano as obras da nossa nova sede, e queremos começar e terminar com responsabilidade. Nós optamos por transformar todos os eventos do ano em eventos alusivos ao nosso aniversário, com destaque para a EXPONOR, e preferimos iniciar uma contagem regressiva para o nosso jubileu de carvalho, que será o aniversário de 80 anos, a ser comemorado em 2021, esse, sim com uma grande festa para todos os nossos associados.

minasreporter.com — O senhor disse que a EXPONOR também fará alusão à data?

RICARDO BASTOS: Sim. Na verdade, a partir do próximo dia 27 de fevereiro já começaremos a nossa contagem regressiva. No próximo dia 15 de março teremos um grande evento promovido pela nossa Câmara da Mulher Empreendedora trazendo uma palestra de motivação empreendedora da ex-jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei, Virna Dias, e a partir de então todos os nossos eventos farão alusão a esta contagem regressiva, inclusive a EXPONOR que, neste ano, deve superar todos os índices das últimas edições.

minasreporter.com — Para finalizar: O senhor é cidadão honorário de Teófilo Otoni. Ainda dá para continuar acreditando nesta cidade?

RICARDO BASTOS: Sempre! Nós vivemos em uma sociedade onde estamos sempre em busca de algo mais. É aquela velha máxima de que a grama do vizinho é sempre mais verde do que a grama do nosso próprio quintal. Mas penso que à medida que as pessoas vão estudando, e hoje somos uma cidade universitária, a difusão do conhecimento contribuirá para a formação de uma nova mentalidade. O prefeito Daniel Sucupira adquiriu no ano passado o comando do Centro de Convenções EXPOMINAS para que, na mão da Prefeitura, possamos tornar aquele espaço mais producente e mais útil para a nossa comunidade. Ele já iniciou, também, as obras de preparação para o funcionamento do Distrito Industrial que, certamente, oportunizará uma grande transformação na realidade socioeconômica local, gerando alguns milhares de empregos. É claro que há muito para ser conquistado, mas, como eu sempre costumo dizer em meus pronunciamentos, essas demandas só serão conseguidas quando estivermos sob as bênçãos de Deus e em unidade entre todos os atores que têm condições de transformar a cidade num lugar melhor para todos nós. E a ACE foi, é e sempre será parceira e um dos principais atores para apontar um Norte para o nosso desenvolvimento. Ao longo dos próximos dois anos realizaremos palestras, workshops e outros eventos apontando soluções para o nosso desenvolvimento, e a partir de 2021, quando comemorarmos os nossos 80 anos de existência, pretendemos ser uma luz, um verdadeiro farol, que brilhe oportunizando segurança para aqueles que estão perdidos no mar das incertezas e desilusões.

RICARDO BASTOS PERES: “quando comemorarmos os nossos 80 anos de existência, pretendemos ser uma luz, um verdadeiro farol, que brilhe oportunizando segurança para aqueles que estão perdidos no mar das incertezas e desilusões” (foto: SM Vídeo Produções)

(Por David Ribeiro Jr.)



Deixe seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.