— Por David Ribeiro Jr. —

O presidente do Partido Avante, o 70, em Teófilo Otoni, Bruno Farias, concedeu uma ampla e contundente entrevista ao minasreporter.com, ocasião em que fez uma profunda reflexão sobre a política local em nossa cidade. Durante sua fala, Bruno Farias deixou bem claro que o Avante, em nível estadual, convidou-o inúmeras vezes, foram quase convocações, para que se lançasse candidato a deputado nestas eleições (2018), inclusive oferecendo uma ampla base de apoio — 23 cidades — se aceitasse disputar uma vaga de deputado estadual. Contudo, fiel aos seus ideais e propósitos, Bruno diz ter entendido que este não é o momento para essa candidatura. Assim, preferiu abrir mão da vaidade pessoal e focar todas as suas energias nas eleições municipais de 2020, quando o seu Partido, o Avante, deverá apresentar um projeto de governo eficiente e de resultados, e não apenas um projeto de poder pelo poder. Acompanhe o bate-papo a seguir:

minasreporter.com — Você optou por não se candidatar a deputado agora, nestas eleições (2018), e focar toda a sua atenção e energias nas eleições municipais de 2020. Por quê?

BRUNO FARIAS: Primeiro porque entendo que a vida pública deve ser gerida com seriedade e, acima de tudo, levando-se em consideração o bem comum da população. Talvez um dos grandes males da política atual é haver pessoas que só conseguem olhar para o próprio umbigo e pensar o que seriam se fossem alguma coisa. Está na hora de dar um basta neste comportamento e atitudes. É hora de repensarmos a política visando a construção da sociedade que todos nós queremos, e não que apenas um de nós quer. Eu fiquei muito contente e orgulhoso com o convite do meu partido, o Avante 70, quase uma convocação, para que eu fosse candidato; mas entendi que há outros nomes que podem muito bem nos representar tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal, e entendi, também, que eu seria muito mais útil ajudando o processo político aqui na base, aqui na minha cidade.

minasreporter.com — Falando assim, não fica parecendo que você se afastou da disputa por ter poucas chances de vencer?

BRUNO FARIAS: De modo algum. Deixa eu explicar a minha situação: Desde o ano passado, recebi muitos convites, inclusive mais de um convite direto do nosso presidente nacional do Avante 70, o deputado federal Luis Tibé. Ele queria que eu fosse candidato a deputado estadual ou até mesmo deputado federal. No mês passado eu estive de férias em Belo Horizonte e, mais uma vez, o Tibé renovou o convite para a minha candidatura. E disse mais: Se eu aceitasse disputar como candidato a deputado estadual, o partido já me cederia uma base de apoio em vinte e três cidades onde temos uma oposição forte. Qualquer um que entende um mínimo de política sabe que, com o atual desgaste da classe política, ser apoiado por grupos de oposição nas bases municipais dá mais voto do que ser apoiado por quem está no poder. Como candidato a deputado estadual integrante da chapa do Partido Avante, eu teria a chance real de me eleger com um total entre vinte e cinco a trinta e cinco mil votos. Basicamente, eu já sairia com essa votação apenas nas vinte e três cidades onde a base do partido me apoiaria, sem contar a votação de Teófilo Otoni e de alguns outros municípios aqui da região, que já conhecem bem de perto o meu trabalho. Não quero ser pretensioso para dizer que, se fosse candidato, estaria eleito, mas, sendo bastante realista, eu teria muito mais chances do que alguns outros nomes que há por aí que são apenas candidatos de si mesmos, que sabem que não têm chances, e que mesmo assim alardeiam que já estão eleitos com o propósito único de se projetarem para ser candidatos a vereadores na próxima eleição.

minasreporter.com — E mesmo com essa proposta do partido, de te conceder base de apoio em vinte e três cidades, você não se sentiu tentado?

BRUNO FARIAS: Tentado eu me senti, claro! Mas volto a dizer: Ainda que eu fosse eleito neste momento, qual seria a minha grande contribuição para a nossa região? Pensando assim, insisto que acredito ser muito mais producente apoiar outros nomes neste ano e me preparar para as eleições de 2020. E quero deixar clara aqui uma outra questão. Se estivesse pensando unicamente em mim nas eleições de 2020, é claro que eu sairia candidato agora. Se eleito, eu seria o grande nome para disputar a Prefeitura de Teófilo Otoni dois anos depois. Mas isso implicaria em abandonar um cargo para o qual teria sido eleito, o de deputado, para ir atrás de outro, deixando a vaga de deputado sem um representante da nossa região. Embora respeite quem tenha feito isso antes, eu não quero agir assim. Eu não posso concordar com isso, ainda mais se já tiver sido planejado antes, previamente. Continuando, mesmo que eu não fosse eleito, com a expressiva votação que teria graças ao meu trabalho pessoal, e à projeção do partido, ainda assim seria o nome mais cotado para disputar a Prefeitura em 2020. Ou seja: Eu, pessoalmente, só teria a ganhar disputando uma eleição agora. Mas, de modo geral, eu poderia atrapalhar outra pessoa, inclusive da região, que quer ser, de fato, deputado. Eu sou contra isso: sair candidato apenas para atrapalhar os outros. Política é coisa muito séria e não é ambiente para gente que pensa e que age assim.

minasreporter.com — Apenas o apoio do seu partido, o Avante 70, seria o suficiente para te dar toda essa projeção pretendida?

BRUNO FARIAS: Não. Apenas o apoio do partido, não. Mas ajudaria bastante. Eu sou um homem que gosta de trabalhar pelo social. Todos os dias sou procurado por pessoas que pedem que eu as ajude a resolver isso, que ajude a resolver aquilo… mas sou da opinião que, o que eu faço com a minha mão direita, a esquerda não precisa saber. Isso é um ensino bíblico com o qual muito me identifico. Mas todas essas pessoas manifestam, sim, o seu apoio e deixam claro que gostariam que eu alçasse voos mais altos, até porque, se sem mandato eletivo, e sem estar à frente de nenhum órgão público importante, tenho ajudado, poderei fazer ainda mais exercendo um mandato. Admito que isso me motiva. Mas deixa eu falar, também, da importância do apoio do meu partido, o Avante 70, que hoje é o partido do presidente da Câmara Municipal, o vereador Fábio Lemes, que tem feito um trabalho simplesmente incrível à frente da condução dos trabalhos da Casa do Povo, e é também o partido do vereador Gabriel Gusmão, que foi o autor do requerimento que resultou na instalação da CPI da Copasa, e que tem trabalhado muito pela nossa cidade, destacando-se por um trabalho sério e eficiente, mesmo sendo um rapaz tão novo. Temos, ainda, outros filiados importantes, como o presidente da Associação Comercial e Empresarial, o Ricardo da Emex, o jovem revelação do marketing digital em nossa cidade, Gabriel Martins, e tantos outros nomes importantes. O Avante tem, de fato, trabalho prestado à nossa comunidade. Não somos como outros que ficam apenas no discurso, mas que não conseguem apresentar nenhum resultado prático importante para a nossa gente. Ainda falando do apoio do Avante fora do município, aproveito a oportunidade para mencionar o nome do presidente nacional do Avante, o deputado federal Luis Tibé, que mesmo não tendo base política em Teófilo Otoni, já trouxe para a cidade recursos através de emendas, na soma de R$ 330 mil, além de uma outra rubrica de R$ 800 mil em forma de custeio… ou seja: dinheiro em conta. Volto a dizer: Mesmo sem votação expressiva na cidade, Luis Tibé já investiu em Teófilo Otoni mais de um milhão cento e trinta mil reais. E olha que ele nem é daqui. Há deputados federais que se dizem de Teófilo Otoni que não trouxeram uma única emenda para a cidade, mas que aparecem de quatro em quatro anos. O nosso partido, como o nome sugere, quer fazer a política, a boa política, avançar.

minasreporter.com — E qual a sua expectativa pessoal para 2020?

BRUNO FARIAS: Veja bem: Eu tomei uma decisão pessoal de não sair candidato agora, nestas eleições, visando a disputa municipal de 2020. Consultei minha família, meus amigos… apresentei a eles os meus motivos, a minha impressão, e vimos que não estava na hora de colocar o meu nome à apreciação. Mas, reafirmo: O meu objetivo, o objetivo do Bruno Farias, e também do Partido Avante em Teófilo Otoni, é fortalecer um dos nomes do nosso partido para uma possível candidatura a prefeito de Teófilo Otoni em 2020. O nosso presidente nacional, Luis Tibé, já deu total apoio para essa caminhada. Estamos montando uma chapa proporcional de vereadores que será a melhor chapa de Teófilo Otoni, e que elegerá pelo menos quatro vereadores na cidade… anote aí para me cobrar depois. O nosso foco é, neste momento, as eleições de 2020. O Avante tem grandes nomes que poderão compor uma chapa de prefeito e de vice, e será o grupo como um todo que decidirá quem será o nosso candidato. Outra diferença do Avante é exatamente essa: temos democracia de verdade em nossos processos. O partido não tem dono. Todos têm voz e vez na hora de escolher.

minasreporter.com — Mas, se o nome ainda será escolhido, não se pode dizer que você já é pré-candidato a prefeito…

BRUNO FARIAS: Claro que não! E em momento algum eu disse isso. O que disse é que desisti de disputar uma candidatura a deputado visando as eleições de 2020. Mas não quer dizer que eu serei candidato a prefeito. Posso ser candidato? Posso; mas não tenho essa vaidade. Se tivesse, me lançaria candidato agora, a deputado estadual, por exemplo, e me projetaria. Mas aí eu só estaria pensando em mim mesmo, e não na cidade. O que quero é participar da construção de um projeto de governo, e não apenas de um projeto de poder, para que Teófilo Otoni cresça e se desenvolva. Como eu disse há pouco, o Avante tem uma ótima base de filiados. Começando com o nome do nosso presidente da Câmara de Vereadores, o Fábio Lemes, que é um gestor experimentado e aprovado; o nome do vereador Gabriel Gusmão… enfim, o nosso partido tem nomes, e nomes muito bons, por sinal. Se, quando chegar a hora, o partido entender que o meu nome também é apropriado para a disputa, e, modéstias à parte, tenho me preparado para isso, não me omitirei. Mas insisto que, para mim, isso não é uma questão de vaidade. Se fosse, eu me lançaria candidato agora para obter, pelo menos, mais projeção. Contudo, para mim a projeção política ideal se conquista com trabalho prestado, e não com ações de propaganda e engenharia social.

minasreporter.com — Você ganhou alguma projeção como gestor enquanto dirigiu o Hospital Raimundo Gobira, na Administração Municipal anterior. Mas já é o suficiente para se falar em administrar uma cidade?

BRUNO FARIAS: A experiência, e a história, nos ensinam que que não podemos, nem devemos, subestimar ninguém. A maior prova disso ocorreu nas últimas eleições. A maioria absoluta das lideranças políticas da cidade subestimaram o então candidato a prefeito Daniel Sucupira. Ele empreendeu uma campanha sozinho… segundo consta, sem dinheiro e escorada quase que unicamente em sua simpatia pessoal. E mesmo assim foi eleito com uma boa margem de votos. É preciso entender que as coisas hoje mudaram. O eleitor quer acreditar nos candidatos e quer que os candidatos provem que têm condições de gerir o Município. E, modéstias à parte, eu fiz uma boa gestão à frente do Hospital Raimundo Gobira. Quando saí, deixei mais de R$ 1.580.000,00 (um milhão quinhentos e oitenta mil reais) em convênios firmados. Os recursos desses convênios têm sido aportados e têm sido muito úteis para a Saúde da cidade. Isso é gestão de verdade. É preciso administrar não apenas pensando em “A” ou “B”, ou no agora, mas pensando conjunturalmente. Durante toda a minha vida, acredito ter sido preparado para assumir grandes responsabilidades, e para provar isso tenho um passado limpo, ilibado, e tenho no meu nome e na honradez que meus pais me deram o meu maior patrimônio. Entendo que esses valores e essa preparação podem, sim, ser colocados em favor da área política e da boa política. Como eu disse no início desta entrevista, passei as minhas férias em Belo Horizonte, e ali, convivendo com os companheiros do Diretório Estadual do Avante, acabei sendo responsável pelas articulações e montagem da nossa chapa em nível estadual. Durante o processo, mais uma vez os companheiros, por reconhecerem a nossa capacidade de articulação, insistiram na minha pré-candidatura, mas eu deixei bem claro que fazia aquilo visando ajudar o partido a crescer no Estado, e deixei bem claro, também, que quero ajudar a minha cidade. Diante disso, muitos daqueles nomes de amigos do Avante já se comprometeram em nos ajudar em 2020. Então você pode ter certeza de que o partido participará ativamente das eleições municipais em Teófilo Otoni. Mas essa participação sequer precisa ser através de mim. Ninguém é candidato de si mesmo. Eu, pelo menos, não sou. Além do mais, é fato que temos bons nomes: Fábio Lemes, Gabriel Gusmão, ou até outro nome que mais se destacar. O partido está preparado para assumir uma possível candidatura e administrar uma cidade como Teófilo Otoni. Nós temos total apoio da Presidência Nacional do partido, e teremos o apoio do povo de Teófilo Otoni numa chapa majoritária.

minasreporter.com — Mesmo com você se expondo e mostrando quais as intenções do seu partido, e do grupo, o Avante não faz oposição sistemática à atual administração…

BRUNO FARIAS: De modo algum. E é essa diferença que queremos deixar bem clara para a nossa gente. Não fazemos política daquela maneira antiga, arcaica, transformando o cenário político num campo de guerra. Isso é coisa da velha política, e nós representamos a renovação. Queremos seguir avante! E, para isso, ao invés de muros, preferimos construir pontes. Hoje, por exemplo, nós torcemos muito para que o prefeito Daniel Sucupira tenha sucesso ao administrar Teófilo Otoni, o que não é fácil, mas ele precisa acertar e se dar bem. O sucesso dele é o sucesso de toda a nossa gente. Torcer contra ele é torcer contra a cidade, é torcer contra cada um e todos nós. De fato, não somos oposição ao prefeito, embora, também, o nosso partido não tenha sido formado na sua base nas últimas eleições. Mas entendo que isso é irrelevante para o processo. O que nós do Avante faremos é apresentar um projeto de governo, e não apenas um projeto de poder, e explicaremos este nosso projeto para a cidade sem precisar atirar pedras em quem está ou em quem esteve à frente da cidade. Até porque, quando formos eleitos, precisaremos de governar com e para todos. Eu vou dar um exemplo: A saúde de Teófilo Otoni tem uma deficiência muito grande, pois é responsável e é mãe de uma macrorregião com mais de um milhão e meio de pessoas. É muita gente para ser atendida apenas aqui. Eu penso que é o momento de unir forças neste sentido visando uma solução para este problema que, por mais que seja ruim para as outras cidades, é aqui que a corda arrebenta. O Hospital Regional, quando estiver em funcionamento, vai ajudar muito, mas precisamos cobrar do Governo do Estado. O deputado Neilando Pimenta tem cobrado isso diuturnamente. Nós, aqui na base, que somos os maiores prejudicados, também precisamos cobrar. Ainda em se falando de saúde, em todas as idas dos vereadores Fábio Lemes e Gabriel Gusmão, do Avante, a Belo Horizonte e Brasília, eles trouxeram importantes recursos para ajudar na saúde local. Mas agora entendemos que é preciso parar de buscar por soluções paliativas e buscarmos uma solução definitiva para o problema da nossa saúde.

minasreporter.com — Como a população pode contribuir, tendo em vista as eleições deste ano, para alavancar o projeto proposto pelo Avante para 2020?

BRUNO FARIAS: Eu tenho dito sempre que não há mudança que não passe pela política. É bem verdade que a classe política está muito desgastada, e isso é ruim. De fato, hoje está muito difícil de acreditar em alguém que aparece propondo soluções mirabolantes. Quase todo mundo que chega apresenta promessas que não consegue cumprir. Pessoas que prometem o que não podem cumprir precisam ser extirpadas da nossa política. Mas é importante prestarmos bastante atenção porque em meio ao caos que aí está há, sim, nomes que são fiéis à sua causa, ao seu propósito e aos seus compromissos. É a esses que devemos nos apegar. Desistir é pior. Deixar de votar é dar espaço para que os malfeitores da política se perpetuem no poder, e isso não podemos aceitar. Precisamos, sim, eleger nomes que nos ajudem a fazer com que Teófilo Otoni ressurja das cinzas. No último final de semana eu conversava com algumas pessoas sobre a construção desse projeto de governo para a nossa cidade, e elencamos alguns pontos. Imagine, você, que uma cidade como Carlos Chagas, com menos de um sétimo da nossa população, tem um frigorífico que exporta para cinco países. Teófilo Otoni, que é a cidade polo da região, sequer tem um frigorífico para atender às necessidades do comércio local. Itambacuri, aqui bem pertinho de nós, com uma população que também é apenas um sétimo da nossa, tem um laticínio que é referência em toda a região Leste do Estado, e que gera algo em torno de oitocentos empregos. Por que nós também não podemos apoiar a iniciativa privada? Aliás, podemos, e devemos, até porque, sendo cidade polo, temos muito mais potencial. É para solucionar problemas assim que o Avante se coloca à disposição. O Avante é um partido de mudança, que tem uma trajetória política que veio para mudar e, por isso, escolhemos Teófilo Otoni como a menina dos nossos olhos para instalar aqui um projeto de gestão que seja modelo e referência de bom governo e de boa política para Minas Gerais e para o Brasil.

minasreporter.com — Ainda vale a pena acreditar em Teófilo Otoni? A nossa cidade tem jeito?

BRUNO FARIAS: Sim, mil vezes, sim. Eu acredito em Teófilo Otoni. Eu amo esta cidade e é aqui que quero viver. Então, quero torná-la o melhor lugar do mundo para mim, para os meus filhos e para toda a nossa comunidade. Agora há pouco eu disse que o Avante quer fazer de Teófilo Otoni a menina dos olhos do partido. Eu também já fiz desta cidade a menina dos meus olhos. Sempre acreditei e sempre vou acreditar em nosso potencial. É claro que, para isso, para alcançarmos o nosso potencial, precisamos nos unir, nos dar as mãos, esquecer as vaidades pessoais, colocar de lado as ambições do poder pelo poder, parar de jogar contra nós mesmos, como alguns fazem para destruir o governo de turno, e iniciar, de fato, um projeto de governo, um projeto de gestão eficiente. Muitos outros municípios do Brasil estão provando que isso é possível. Nós também conseguiremos salvar e defender nossa querida cidade.