Apoiadores do Governo criticaram fechamento da Praça. Coerência? Ou tiro no pé?

Apoiadores do Governo criticaram fechamento da Praça. Coerência? Ou tiro no pé?

É bonito fazer evento grande na Praça Tiradentes, mas gera um enorme incômodo para o trânsito, e atrapalha muito ao comércio (foto: Reprodução)

Por David Ribeiro Jr. —
Teófilo Otoni

Nada mais legítimo, e, de certo modo, até bem-vindo, do que a crítica num ambiente democrático. Ela é o motor do debate; é o sal da política. E não há governo, por mais bem-intencionado que seja, que não mereça ser contestado de vez em quando — alguns, de vez em sempre. Mas uma coisa é certa: criticar é fácil… propor é que exige coerência.

O fechamento da Praça Tiradentes para realização de eventos voltou recentemente ao centro do debate, como sempre acontece de tempos em tempos. Curiosamente, porém, agora as críticas vêm de parte de aliados do próprio governo Marinho…

Bem, falar em aliados desse governo criticando o próprio governo numa mesma frase já se tornou quase uma redundância. Algumas dessas críticas fazem até sentido; outras… bem, é melhor nem falar nada para evitar o processinho. Ah! E agora começou uma série de críticas de aliados contra aliados. Aonde isso vai parar? Só o tempo dirá.

Como homem de imprensa, compreendo que toda crítica, desde que devidamente fundamentada, é muito bem-vinda. O problema, reitero, é que agora quem critica está do lado do poder. Ainda assim a crítica é legítima, mas compreendo que quem compõe base não pode se dar ao luxo apenas de CRI-TI-CAR pura e simplesmente. Agora é preciso propor soluções para os problemas que estão gerando as críticas.

Eu vi muitas críticas com relação aos recentes fechamentos da Praça. E que fique claro: também sou contra o fechamento. O que eu não vi, ou vi muito pouco ou quase nada, foram sugestões para resolver o problema. Convenhamos que se fechar a praça é um erro — e é, faço questão de deixar isso bem claro mais uma vez —, o certo é propor um outro lugar I-DE-AL para onde tais eventos deveriam ser direcionados. Mas a pergunta segue sem resposta: Pra onde?

Alguns dizem que é só levar para o EXPOMINAS. Mas quem tem um mínimo de juízo sabe que não é assim tão simples.

Há quem veja coerência nesse tipo de crítica, especialmente por parte de quem já dizia o mesmo (que fechar a Praça é errado) nos tempos da gestão anterior. Até aí, tudo certo. Eu também vejo coerência. Um exemplo claro é que o vereador João Gabriel Prates, do PT, não vai engrossar esse coro. Até apontou, de certo modo, a situação das críticas atuais como “racha na base”, e neste ponto ele está certíssimo.

Agora, o enrosco maior está no fato de que a crítica esbarra na própria execução da solução. É fácil falar “leva para o EXPOMINAS”…

Mas festa junina?

Feira de Pedras? (refiro-me à popular, já que a FIPP já é no EXPOMINAS mesmo).

Convenhamos que está havendo excesso de RÚSTICAS na cidade que fecham a praça a fim de dar mais evidência aos seus patrocinadores. Não há nenhuma razão para essas rústicas não encerrarem seus percursos na Praça da Unipac, na lagoa do Ipiranga… os organizadores levam-nas para a Praça Tiradentes apenas para que as marcas dos patrocinadores fiquem em evidência. É só por isso e nada mais. Um exemplo claro é que a Rústica dos Bombeiros não propôs concentração na Praça Tiradentes. Os Bombeiros estão simplesmente de parabéns por pensarem em tudo, inclusive em não parar a cidade.

Bem… está claro que não há razão de as rústicas se concentrarem em seus encerramentos na Praça Tiradentes. Mas e os outros eventos que mencionei agora há pouco? O que fazer com eles? Pra onde levá-los?

vendo como o buraco é muito mais embaixo?

Muitos dos empresários que hoje questionam o fechamento da Praça são os mesmos que realizam os eventos que exigem justamente esse fechamento — como no caso das rústicas, além de alguns encontros de isso e aquilo. De fato, não há como fazer evento grande sem espaço central, sem estrutura de som e luz, sem fluxo de público. Mas se fizer o evento na Praça, atrapalha o comércio e o trânsito como um todo. Como dizia meu avô: “Ou cobre o pé ou a cabeça; os dois não dá quando o cobertor é curto”.

No fim das contas, fica o dilema: É tiro no pé criticar sem alternativa viável ou é apenas a continuidade de uma coerência simplesmente retórica? A cidade está cheia de vozes, e todas são importantes; mas a gestão da cidade também exige responsabilidade. Isso inclui dizer, com clareza, onde se pretende colocar aquilo que não cabe mais na Praça. O debate está posto. A coerência, por enquanto, não.

Mas como eu sempre digo: “Quem viver, verá!”

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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