A violência e o uso de armas de fogo, por Márcio Barbosa dos Reis

A violência e o uso de armas de fogo, por Márcio Barbosa dos Reis

Depois da forte radicalização política exposta na última eleição, ficou difícil a manifestação de opiniões, sem que essas sejam associadas a esse ou àquele grupo político, ficticiamente denominado de grupo ideológico de esquerda ou de direita. Por essa razão pensei em deixar de tratar de assuntos polêmicos, mas não me contive e aqui estou.

A violência não tem raiz em um único problema, ela tem seus tentáculos na falta de educação, na falta de emprego até no mau-caratismo. Combatê-la apenas na sua consequência é como pensar na possibilidade de conter as águas que se rompem de uma represa.

Desarmar a população foi uma péssima medida, assim como não é boa a opção de armá-la com armas de fogo. Lembro-me das festas nas cerimônias de destruição das armas de fogo que a população espontaneamente entregavam, no auge da instituição do estatuto do desarmamento, à semelhança de como hoje muitos estão festejando a “facilitação” do manejo de armas pela população.

O fracasso em conter a violência atribuindo à falta do uso de arma de fogo para a defesa, não é verdade absoluta, porque a violência não é cometida apenas por meio deste instrumento bélico, e, em sentido oposto, essa arma poderá ser utilizada para o ataque, produzindo mais violência.

O Estado, na minha opinião, não devia estimular o desuso nem o uso de armas, como solução para a violência. Creio que não é o fato de armar ou desarmar a população, como política de Estado, atrelada a lógica dessa proposta, irá funcionar no combate a crescente onda de violência.

Se um conjunto de medidas como geração de emprego, rigidez e efetividade da legislação penal, combate à corrupção, investimento em educação de tempo integral e de qualidade, dentre outras, não fizerem parte de um pacote de medidas de combate à violência, qualquer solução que seja direcionada unicamente à consequência não produzirá os efeitos desejados.

Lamentavelmente uma grande parte da população cai na sedução de acreditar em soluções milagrosas, principalmente quando é enorme o desespero diante do problema vivido, entretanto, as autoridades superiores sabem que “o buraco é mais embaixo” e que essas medidas são paliativas, mas que por motivos “inexplicáveis” são incapazes de atacar o problema desde a sua raiz, e, dessa maneira, vamos de governo a governo, ocupando nossa força com as intrigas de sempre, enquanto outros assuntos econômicos e políticos contra os interesses coletivos vão sendo tocados a pleno vapor, sendo direta ou indiretamente corresponsáveis pela geração e perpetuação da violência que pretende-se combater, mais um paradoxo da eterna política brasileira.

Márcio Barbosa dos Reis

Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual.

E-mail: marciobareis@outlook.com

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