A dúvida que circula: Cerveja e vinho também podem ser adulterados com metanol?

A dúvida que circula: Cerveja e vinho também podem ser adulterados com metanol?

A recente onda de intoxicações e mortes causadas por bebidas alcoólicas contaminadas com metanol no estado de São Paulo acendeu um alerta entre os consumidores: seria possível que cervejas e vinhos, tão comuns nas mesas, bares e restaurantes brasileiros, também estejam sob risco de adulteração?

Com pelo menos cinco óbitos registrados, ligados ao consumo de destilados como gin, uísque e vodca em bares e adegas, a desconfiança sobre a segurança das bebidas alcoólicas só aumenta. Mas, afinal, o que torna algumas bebidas mais vulneráveis à contaminação por metanol, e por que cerveja e vinho são menos propensos a esse perigo?

O metanol, um tipo de álcool altamente tóxico, pode aparecer em bebidas alcoólicas de duas maneiras principais. A primeira é durante o processo de produção, especialmente em destilados como cachaça, vodca ou uísque, quando a destilação não é feita corretamente.

Nesse caso, a fração inicial do líquido destilado, que contém maiores quantidades de metanol, não é descartada, resultando em uma bebida contaminada. A segunda, e mais preocupante, é a adulteração intencional, prática criminosa em que o metanol industrial é adicionado para simular um teor alcoólico mais elevado, barateando a produção de forma ilegal e perigosa.

Bebidas destiladas, especialmente as produzidas de forma artesanal ou clandestina, são as mais suscetíveis a esse tipo de problema. A falta de controle rigoroso na fabricação e a possibilidade de manipulação criminosa aumentam significativamente o risco de contaminação. Já as bebidas fermentadas, como vinho e cerveja, apresentam um cenário bem diferente.

No caso do vinho, pequenas quantidades de metanol podem surgir naturalmente durante a fermentação, devido à presença de pectina nas cascas das uvas. No entanto, esses níveis são extremamente baixos e estão dentro dos limites seguros estabelecidos por regulamentações sanitárias.

A cerveja, por sua vez, tem um risco ainda menor, já que seu processo de produção, baseado na fermentação de cereais como cevada, não gera metanol em quantidades significativas. Além disso, adicionar metanol à cerveja não traria vantagens econômicas para os falsificadores, já que o custo dessa adulteração não compensaria o ganho.

Ainda assim, é importante ressaltar que nenhuma bebida está completamente imune à contaminação. Caso o metanol seja adicionado de forma deliberada diretamente em um copo ou garrafa, qualquer bebida. seja cerveja, vinho ou destilado, pode se tornar perigosa. Por isso, consumidores devem estar atentos à procedência do que consomem, optando por estabelecimentos confiáveis e verificando a integridade de embalagens.

Como o metanol e o etanol agem no corpo?

Embora metanol e etanol, o álcool presente nas bebidas alcoólicas comuns, sejam visualmente indistintos, ambos são líquidos incolores com odores semelhantes, seus efeitos no organismo são radicalmente diferentes. O etanol, quando ingerido, é processado pelo corpo em acetaldeído e, posteriormente, em acetato, que é eliminado pela urina de forma relativamente segura.

Já o metanol, ao ser metabolizado, transforma-se em formaldeído (conhecido como formol) e, depois, em ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas que podem causar danos graves, como cegueira, falência de órgãos e até a morte. Essa diferença explica por que a contaminação por metanol é tão perigosa e reforça a importância de evitar bebidas de origem duvidosa.

(Fonte: Henrique Rodrigues – Revista Fórum)



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