Vice-governador de MG, Antonio Andrade, e outros 17 implicados na Operação Capitu já estão soltos

Vice-governador de MG, Antonio Andrade, e outros 17 implicados na Operação Capitu já estão soltos

Antonio Andrade havia sido preso na Operação Capitu, da Polícia Federal, que investiga organização criminosa, obstrução da Justiça, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro

O atual vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade, já está solto depois de ter sido preso na semana passada no âmbito da Operação Capitu, da PF (foto: MDB/MG)

O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), foi solto ontem, segunda-feira (12/11). Também foram beneficiados com habeas corpus outros 17 implicados — entre eles o empresário e um dos donos da JBS, Joesley Batista, e o deputado estadual João Magalhães (MDB). Todos são implicados em investigação da Polícia Federal, que deflagrou na sexta-feira (9) a Operação Capitu para apurar indícios de corrupção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante a gestão de Andrade, entre 2013 e 2014, no governo Dilma Rousseff.

De acordo com a PF, a corrupção investigada tinha por finalidade o financiamento ilegal da candidatura do então deputado federal Eduardo Cunha (MDB) para a presidência da Câmara dos Deputados e, ainda, um caixa dois para a campanha do MDB em Minas Gerais nas eleições de 2014.

Entre 19 mandados de prisão, 16 haviam sido cumpridos em Belo Horizonte, Vazante, São Paulo, Brasília, Curitiba e Rondonópolis (Mato Grosso).

A Operação batizada de Capitu é um desdobramento da Operação Lava-Jato e se baseou em delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro — ligado ao MDB — sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura em 2014 e 2015.

Em troca de medidas que beneficiassem a JBS foram pagos pelo menos R$ 37 milhões em propinas. A maior parte, R$ 30 milhões, foi paga durante a gestão de Antonio Andrade. Metade do valor foi destinado à campanha de Eduardo Cunha ao comando da Câmara dos Deputados, e os outros R$ 15 milhões ficaram sob responsabilidade de João Magalhães, que na ocasião era deputado federal, para rateio entre integrantes da bancada do MDB mineiro.

A distribuição dessa propina, segundo a PF, serviu para comprar o apoio dos deputados à candidatura de Andrade para vice-governador em 2014. Agentes federais fizeram buscas ontem no gabinete do deputado João Magalhães, na Assembleia Legislativa.

Supermercados

O esquema de repasse do dinheiro envolveu duas redes de supermercado de Belo Horizonte e seis escritórios de advocacia em Belo Horizonte e Uberaba, no Triângulo Mineiro. No primeiro caso, houve uma espécie de “compensação financeira” entre os supermercados e a JBS, fornecedora de produtos.

Em vez de as lojas quitarem suas dívidas com a cadeia de frigoríficos, elas repassavam os valores a João Magalhães. De acordo com o delegado Mario Veloso Aguiar, responsável pelo inquérito, há provas de entrega do dinheiro em malas e até caixas de sabão. Outro mecanismo foi a doação de R$ 9 milhões a candidatos do MDB nas eleições de 2014.

Capitu

A operação foi batizada com o nome da famosa personagem de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, porque a PF verificou que empresários e funcionário da JBS, que inicialmente atuaram em colaboração premiada com a polícia, teriam praticado atos para obstruir a Justiça e prejudicar as investigações. No livro de Machado de Assis, Capitu é uma personagem dissimulada e acusada de traição por Bentinho. A operação incluiu 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

(Leia a íntegra no Estado de Minas)



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