A parlamentar Sanae Takaichi, de 64 anos, foi eleita nesta terça-feira (21) como primeira-ministra do Japão, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país. A nomeação foi aprovada pela Câmara Baixa do Parlamento japonês e será oficializada após encontro com o imperador Naruhito ainda hoje.
A eleição de Takaichi ocorre após negociações políticas que resultaram na formação de uma nova coalizão parlamentar. O Partido Liberal Democrático (PLD), legenda conservadora que governa o Japão quase ininterruptamente desde 1955, perdeu a maioria nas duas casas legislativas em meio a escândalos financeiros. O tradicional aliado do PLD, o partido Komeito, rompeu a aliança vigente desde 1999, citando divergências com a nova liderança.
Para viabilizar sua eleição, Takaichi articulou uma aliança com o Partido Japonês para a Inovação (Ishin), de perfil reformista e centro-direita. A coalizão formada soma 231 assentos, dois a menos que a maioria absoluta, o que exigirá negociações adicionais com outras legendas para garantir governabilidade.
A nova primeira-ministra assumirá o cargo em um contexto político delicado, marcado por desafios internos e uma agenda internacional intensa. Entre os compromissos previstos está a visita oficial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana.
Takaichi anunciou que pretende ampliar a participação feminina no Executivo, prometendo uma composição ministerial com presença “à escandinava”. Uma das nomeações esperadas é a de Satsuki Katayama, ex-ministra da Revitalização Regional, para o Ministério das Finanças.
Segundo o relatório de 2025 do Fórum Econômico Mundial, o Japão ocupa a 118ª posição entre 148 países no índice de disparidade de gênero. A Câmara Baixa japonesa conta com apenas 15% de mulheres entre seus membros.
Entre os principais desafios da nova gestão estão o enfrentamento do declínio demográfico e a recuperação da economia japonesa, atualmente a quarta maior do mundo. Takaichi já sinalizou apoio ao aumento dos gastos públicos como estratégia de estímulo econômico, seguindo a linha adotada por seu mentor político, o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. A expectativa do mercado impulsionou a Bolsa de Tóquio, que registrou alta após a confirmação da vitória.
No plano externo, a nova chefe de governo adotou postura moderada em relação à China e evitou visitar o santuário Yasukuni, gesto interpretado como tentativa de reduzir tensões diplomáticas com países vizinhos.
A liderança de Takaichi também terá como meta reverter a queda de popularidade do PLD, que vem perdendo espaço para partidos emergentes como o Sanseito, de perfil populista e discurso crítico à imigração.
(Com informações de Lusa/via Agência Brasil)
