“Precisamos de renovação política com qualidade”, diz Paulo Lamac, vice-prefeito de Belo Horizonte, em visita a Teófilo Otoni

“Precisamos de renovação política com qualidade”, diz Paulo Lamac, vice-prefeito de Belo Horizonte, em visita a Teófilo Otoni

PAULO LAMAC é vice-prefeito de Belo Horizonte
PAULO LAMAC é vice-prefeito de Belo Horizonte

O vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Roberto Lamac Júnior, ou simplesmente PAULO LAMAC, como é mais conhecido no meio político, visitou Teófilo Otoni no último final de semana atendendo a um convite do seu amigo de longa data, o vereador Raulino Pinheiro da Silva, o Raulino do Sindicato (PT). PAULO LAMAC foi eleito vereador pela cidade de Belo Horizonte em 2004 e reeleito em 2008. Em 2010 foi eleito deputado estadual e reeleito em 2014, sempre pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2015 filiou-se à Rede Sustentabilidade, atendendo a um convite da líder da legenda, a ex-senadora Marina Silva. Em 2016, depois de uma intensa pré-campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, retirou o seu nome da disputa e tornou-se candidato à vice-prefeito na chapa encabeçada por Alexandre Kalil — que se sagrou vencedora.

Em Teófilo Otoni, cidade que LAMAC já visita há bastante tempo, participou de festas populares e manteve uma agenda de encontros com políticos locais. Na manhã de domingo, antes de partir para a capital, recebeu ao editor-chefe do minasreporter.com no Real Palace Hotel, onde se hospedou, e concedeu a entrevista que você acompanha a seguir:

minasreporter.com — Como é poder voltar a Teófilo Otoni, agora que o senhor é vice-prefeito da capital?

PAULO LAMAC — Em primeiro lugar, é sempre um prazer retornar ao Vale do Mucuri, especialmente a Teófilo Otoni, município onde eu tenho vários amigos, e, dessa vez, a convite do vereador Raulino, que promove na sua região, lá no Corgão, a festa tradicional da Folia de São Sebastião, vim, convidado que fui para prestigiar essa festividade que, aliás, foi muito bonita, e mostra as raízes mais tradicionais da nossa mineiridade. Eu tive o prazer de estar naquela localidade e, enfim, vim aqui especialmente por essa circunstância, mas também aproveitando para ver os amigos e os eleitores que conhecem e confiam no nosso trabalho.

minasreporter.com — O senhor sempre acompanhou a política local através do seu amigo, o vereador Raulino do Sindicato. Como viu as mudanças ocorridas nas eleições do último ano?

PAULO LAMAC — É um momento de renovação. Assim como ocorre no Vale do Mucuri, e também em boa parte do Brasil, a descrença da população para com a classe política remete-nos à alteração no cenário político em boa parte dos municípios, e em Teófilo Otoni não é diferente. Há uma grande expectativa por parte da população por novos tempos na política do nosso país. Eu quero muito contribuir para que a população tenha essa expectativa atendida e que nós, os homens públicos, possamos reconstruir a imagem política brasileira, uma vez que não existe sociedade organizada sem representação política. Esta é uma questão muito séria. Quando uma boa parte das pessoas nega a política, como está acontecendo agora, está desconsiderando de qualquer maneira que alguém, necessariamente, estará administrando e representando a população e a coisa pública. Então, o desafio não é a crítica da política, mas a mudança da má política. Precisamos nos focar naquilo que é do interesse da sociedade.

minasreporter.com — Ao mesmo tempo em que o desgaste da classe política abre espaço para uma renovação positiva, como o senhor colocou, também abre espaço para picaretas e aventureiros que só precisam criticar o atual status-quo…

PAULO LAMAC — É verdade. Essa possibilidade existe. Estamos em um momento interessante em que as pessoas estão despertando para o assunto. Até há pouco tempo a pessoa enchia a boca para falar que detestava política e que não queria saber desse assunto. Hoje as pessoas já perceberam que, se não se envolverem, que se não tiverem o mínimo de acompanhamento do processo político, o resultado só pode ser ruim para elas mesmas, e se uma mudança eventualmente não for favorável, na próxima eleição essa pessoa vai estar mais atenta. Este é o aprendizado da democracia que a nossa população demorou um pouco para absorver, mas está pegando o jeito. Dizem que de todo limão temos que fazer uma limonada. Então, dessa crise toda, dessa perplexidade toda, é preciso que nós ganhemos essa consciência e, através do envolvimento de cada um dos cidadãos, e da análise crítica, oportunizemos a boa mudança. Erros todo mundo pode cometer, e a sociedade pode errar eventualmente ao indicar um representante. Mas ela tem que ter a maturidade de enxergar isso e, na próxima vez, acertar. Então, esse é o processo de aprendizado democrático que me parece que a sociedade brasileira começou a ter de maneira mais acentuada desde o último pleito.

minasreporter.com — Teófilo Otoni atualmente pleiteia a Presidência da Associação Mineira de Municípios através do prefeito Daniel Sucupira — o que não ocorria desde Edson Soares em 1997. O Senhor, que conhece bem o cenário, acredita nessa possibilidade?

PAULO LAMAC — É perfeitamente possível. Daniel Sucupira é uma jovem liderança, uma grande promessa que já desponta como uma realidade no cenário político de Minas Gerais. Ele tem toda legitimidade para pleitear essa colocação honrosa para o município de Teófilo Otoni e para o Vale do Mucuri, e realmente depende de uma articulação estadual. É uma tarefa possível e eu desejo ao prefeito Daniel Sucupira muita sorte nesse pleito.

minasreporter.com — Sucessão em Minas. O desgaste do governador Fernando Pimentel acaba por oportunizar que lideranças de outros partidos pleiteiem o governo de Minas. O senhor acredita que será uma disputa dura, indiferentemente dos nomes que se apresentarem?

PAULO LAMAC — O cenário está muito indefinido e, no que pese a respeito do governador Fernando Pimentel, não houve nenhuma acusação provada, o que vem, inclusive, reforçando sua posição. Muitos disseram que ele poderia ser afastado e que pessoas do governo poderiam ser presas. Mas o tempo vai passando e isso não acontece, o que reforça a ideia de que tudo não passa de especulações. O Estado passa por uma situação difícil e é normal e notória a existência de grandes lideranças para serem colocadas à disposição da Administração Estadual; mas à medida que os candidatos forem sendo definidos, teremos uma melhor perspectiva. Nesse momento, contudo, o governador desponta como o nome favorito, até porque o nível de desgaste dos nomes tradicionais do Estado estão sofrendo com as delações da Odebrecht, atingindo o senador Aécio Neves, atingindo os outros nomes que poderiam confrontar com o governador, o que nos dá a impressão de que talvez os nomes que venham a disputar sejam nomes que não reflitam a disputa histórica das últimas eleições.

minasreporter.com — Mas o desgaste do governador não é só político, é também de gestão. Hoje os salários são pagos parcelados, o que deixa a classe sindical bastante insatisfeita, entre outros problemas para os quais o governo não aponta nenhuma solução em curto ou médio prazo…

PAULO LAMAC — Isso realmente é consequência da situação econômica na qual o estado foi encontrado pelo governador Fernando Pimentel. A situação era lamentável e coloca em questão os últimos anos, as administrações anteriores. Contudo, apesar de toda a dificuldade, o governador vem lidando com o Estado e a gente percebe que, nesse cenário de crise, os estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul se encontram em situações ainda piores. Minas Gerais já começa a apresentar possibilidades de recuperação. Então, não me surpreenderia que justamente num momento em que outros estados passam por situações mais sérias, o Estado de Minas consiga se recuperar nos próximos dois anos.

Paulo Lamac com o amigo Jorge Arcanjo
Paulo Lamac com o amigo Jorge Arcanjo

minasreporter.com — Como o senhor vê o surgimento de novos nomes em Teófilo Otoni pleiteando cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal?

PAULO LAMAC — Os momentos de crise na política são os mesmos momentos que dão a oportunidade de novas lideranças surgirem. É claro que também há o risco do surgimento de aventureiros. Então, o que penso é que a população deve estar atenta às pessoas que já têm trabalho prestado e conhecimentos dos problemas da região. Realmente, é o momento que tende para uma renovação, mas essa renovação não pode apenas colocar novos nomes. Tem que ser uma renovação de qualidade. A região de Teófilo Otoni tem potencial, tem nomes para apresentar ao Estado a fim de uma renovação política de alta qualidade. Um exemplo é o nome do Jorge Arcanjo, que é uma pessoa que nós entendemos que tem todas as qualidades, as prerrogativas e uma representação qualificada da região do Vale do Mucuri. É claro que existem outras pessoas qualificadas também, mas é preciso ficarmos atentos para não deixarmos que, neste momento, se destaquem os aventureiros. Precisamos de renovação política com qualidade.

minasreporter.com — Com relação à sua atuação frente à Vice-Prefeitura de Belo Horizonte, como a capital tem reagido diante do surto de febre amarela que acometeu a nossa região, e que corre o risco de se espalhar por todo o Estado se não houver medidas de contenção?

PAULO LAMAC — Este é um problema que nos preocupa muito. Belo Horizonte, a capital de todos os mineiros, é uma caixa de ressonância no Estado. O Hospital Eduardo de Menezes, que é uma referência na região do Barreiro, em Belo Horizonte, vem recebendo pacientes de outras regiões do Estado. Nós estamos alertas e atentos, cuidando para que esse surto não nos atinja. Nós acreditamos que, com o investimento recente realizado pelo Governo do Estado com doses de vacinas que estão sendo distribuídas nas regiões mais afetadas, seja simplesmente um surto, mas nós temos que cuidar para que isso não se transforme em algo mais sério, principalmente nas áreas urbanas. A Prefeitura da capital está tomando as preocupações para evitar que isso realmente se torne um problema ainda maior e mais grave, mas nós estamos acompanhando e acreditando que as medidas recentes tomadas pelo governo serão uma resposta à altura do combate ao surto.

Da esquerda para a direita: Celsilvana (enfermeira), Paulo Lamac, Jorge Arcanjo e Milane, tomando café da manhã com o amigo vice-prefeito de BH
Da esquerda para a direita: Celsilvana (enfermeira), Paulo Lamac, Jorge Arcanjo e Milane, tomando café da manhã com o amigo vice-prefeito de BH

(Por David Ribeiro Jr.)



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