A hora dos dinossauros: 2022 será um ano de frustrações para quem pretende se reeleger

A hora dos dinossauros: 2022 será um ano de frustrações para quem pretende se reeleger

Em 2022 os políticos terão muita dificuldade para se reelegerem. Entenda o porquê (foto: Pixabay/Reprodução)

— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI

Como o tempo passa rápido!

E, por passar tão rápido, 2022 está logo ali… ou… nem tão logo ali assim, pois depende muito da percepção de cada um de nós.

Mas se há uma turma para quem 2022 já começou faz bastante tempo é para a classe política, principalmente para aqueles que pretendem disputar um mandato nas eleições do ano que vem — e ainda mais para aqueles que pretendem cumprir a dificílima tarefa de se RE-E-LE-GER. Anote aí: não vai ser nada fácil. Pra ninguém.

A evolução, ou talvez eu deva chamar de REVOLUÇÃO… dos meios de comunicação nas últimas 3 décadas, em especial as inovações trazidas pelos constantes avanços da rede mundial de computadores — a internet —, mudaram os nossos hábitos, nossos costumes e a forma como vemos o mundo, e também a forma como vemos, interpretamos e interagimos com a “política” nossa de cada dia.

Há alguns anos era muito comum que, ao se aproximar do período eleitoral, principalmente nos 6 meses que antecedem a eleição propriamente dita, os candidatos que já estivessem exercendo a função para a qual pretendem ser reeleitos começassem a agir como se estivessem a salvar o universo, como se fossem uma raça superior em missão para fazer do mundo um lugar melhor. … Como não havia muitos [bons] parâmetros para comparação, o eleitorado acreditava nessa balela. Hoje as coisas mudaram, e mudaram muito. Política deixou de ser um assunto tabu, que só “deve” ser discutido nas altas rodas sociais, para se tornar tema de conversa de botequim.

Atualmente, mesmo nas periferias a política é discutida por toda a família e em todas as famílias, tanto daquelas mais pobres quanto daquelas com maior poder aquisitivo. Fato é que política virou um assunto de todos. E se todo mundo está falando a respeito, todo mundo tem, também, uma interpretação a respeito. E é neste ponto que eu queria chegar. Nas últimas semanas aqui em Teófilo Otoni começamos a ser bombardeados com todo tipo de conversa fiada por parte de algumas figurinhas políticas mostrando o que, segundo tentam nos convencer, é quase que a salvação da humanidade. Nessas narrativas, que a gente se acostumou a ver e ouvir na imprensa local, e mais recentemente nas redes sociais, a ideia é nos convencer de que seria uma tragédia para as nossas vidas se esses caras não existissem e não estivessem trabalhando para defender, nas palavras deles, o interesse da nossa gente… Sei.

Ocorre que a realidade é bem diferente. As últimas eleições estaduais já demonstraram de forma clara e inequívoca que a população de Teófilo Otoni — e não se iluda, esta é uma tendência generalizada, e também um caminho sem volta — não vai mais se render às migalhas que nos são jogadas por algumas figurinhas carimbadas que insistem em enganar apenas a si mesmas tentando se fazer de pais dos pobres quando, na verdade, não são nem mesmo pais dos seus filhos biológicos… e eu tenho certeza de que você sabe do que estou falando.

A população não aceita mais a informação que lhe é vendida pura e simplesmente. Da mesma forma que o cidadão hoje pensa antes de comprar, também pensa antes de aceitar como uma verdade absoluta qualquer narrativa que lhe seja enfiada goela abaixo. É exatamente por isso que nas últimas eleições estaduais (2018) tivemos tantas surpresas. Alguns candidatos que davam como certa uma votação na casa dos 20 mil votos tiveram algo em torno de um quarto disso. Houve quem teve até menos. E, cá pra nós, só foi surpresa pra eles. Para a população… não.

Acredite: 2022 será ainda pior para essa gente. Se em 2018 o índice de reeleição para o Congresso Nacional foi inferior a 50%, agora a tendência é piorar ainda mais. O completo descrédito da classe política gerado principalmente pelas redes sociais, que escancaram o dia a dia dos políticos, e o agravamento desse descrédito produzido pela incontestável falta de liderança que ficou evidente durante a pandemia do coronavírus, faz com que a população não acredite mais em ninguém… em ninguém mesmo.

Só que aí surge outro problema: Quando a população não acredita em mais ninguém, ao mesmo tempo que parece estar ocorrendo um grito de liberdade, ocorre, também, a oportunização de um ambiente em que o cidadão comum, já sem esperança, se torna alvo fácil para qualquer outro candidato mal-intencionado que esteja disposto a pagar pelo seu voto… e nem precisa pagar muito caro. Qualquer mixaria leva.

Não vou aqui chover no molhado e dizer que isso não deveria ocorrer. É claro que não deveria ocorrer! Mas a culpa, da mesma forma que pode ser atribuída ao cidadão, que com base nesta ótica, corrompe e se deixa corromper, também deve ser atribuída ao político que ainda acredita que consegue mentir descaradamente para uma população que hoje tem acesso a mecanismos de consulta — o que, por conseguinte, acaba por desmentir a esses mesmos políticos em suas narrativas tão fraudulentas quanto notas de três reais.

Um inequívoco exemplo dessa argumentação foi um desafio que propus há alguns anos, e para o qual até hoje ninguém aceitou, ou conseguiu, me contradizer. Eu pedi que me apresentassem um único empreendimento ou realização importante que tenha vindo para Teófilo Otoni graças à ação direta de qualquer político. Quando o fórum foi inaugurado na cidade, não foi graças à intervenção do político X; quando o 19º Batalhão da Polícia Militar foi construído, isso se deveu ao fato de que a corporação identificou a necessidade e pediu que o governo do Estado assim procedesse. O mesmo pode ser dito do Aeroporto (que hoje se chama Kemil Kumaira) e tantas outras “obras”. Até a Universidade Federal, que muita gente insiste em atribuir uma mãe, e outros, um pai, teria vindo indiferentemente de quem se elegesse prefeito naquele ano — uma vez que esse foi um compromisso do ex-presidente Lula com as entidades estudantis visando impedir uma nova onda de caras pintadas, como ocorreu com Fernando Collor em 1992, mas, no caso dele, mais preocupado em não se deixar cassar pelo escândalo do “mensalão”.

O único projeto verdadeiramente grande proposto pela classe política de Teófilo Otoni, desde sempre, foi a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) que, como você bem sabe, nunca funcionou um dia sequer. … Tudo bem que o atual prefeito Daniel Sucupira agora tem a possibilidade de me contradizer se colocar para funcionar de forma eficiente o “distrito industrial”. Tirando isso, tudo de importante que veio para Teófilo Otoni desde sempre foi devido a iniciativas dos governos de turno, estadual e federal, e que os deputados e outros nomes, alguns até sem mandatos à época, se arvoraram em assumir a paternidade por um instrumento comum no meio político chamado de “indicação”. Em outra ocasião escrevo um texto sobre isso.

Voltando à 2022… embora ainda estejamos em 2021… talvez você me pergunte agora: “Se os nossos atuais são ruins, e os que vêm de fora são mercenários de olho apenas em nossos votos, para onde vamos? Que direção seguir? Em quem votar?”

Eu admito que gostaria muito de ter esta resposta, pois, todos os prognósticos que se desenham diante de nós, com base no atual cenário, são ruins. Não há um caminho melhor. Não há uma resposta certa. Não há uma única esperança que seja ventilada e que esteja devidamente embasada em algo crível e real, que seja possível de fato. A única verdade é que estamos diante de uma situação em que temos de escolher entre o ruim e o pior. Eu sei que pareço ter perdido a esperança, mas a questão é que há muito que a esperança já morreu… convenhamos, não fui eu quem a perdi ou que a deixei morrer.

Agora estamos vivendo um tempo no qual temos de pedir sabedoria ao Céus para continuar vivendo enquanto nos esforçamos para minimizar as perdas que os nossos políticos sempre nos impuseram. Por mais que eu tenha acabado de escrever que chegamos à condição de ter de escolher entre o ruim e o pior, é muito difícil saber quem é “apenas ruim” para que possamos decidir a não votar naquele ou naquela que é “pior”.

Hoje, cada um de nós… você e eu… precisamos fazer a nossa parte. Precisamos ficar de olho nesses caras para que, quando outubro de 2022 chegar, tenhamos condições de saber pelo menos quem é o “menos ruim”… até porque eu acredito ser muito difícil acreditar que haverá, de fato, alguém realmente melhor.

E, como eu sempre digo, quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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