5 DECISÕES que vão tirar você — e o seu negócio — do fundo do poço

5 DECISÕES que vão tirar você — e o seu negócio — do fundo do poço

— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI

Que ‘empreender não é para os fracos’, todo mundo já sabe. Mas há quem pense que, para se lançar no mundo do empreendedorismo, indiferentemente do segmento a ser desbravado, basta ter “boa vontade”. Ledo engano!

Para Nazareno Marques, que é social media graduado em Marketing, especialista em coaching, e que atua no mercado de marketing digital ensinando pessoas a prosperarem com seus negócios pela internet, “tão ou até mais importante do que ter boa vontade é ter a “força de vontade” necessária para desenvolver planejamento estratégico, correr riscos, avaliar processos, monitorar resultados e, quando necessário, pivotar”.

Pivotar é uma palavra bonitinha muito comum em meio ao pessoal que orbita os ecossistemas de startups. Advém da expressão inglesa “pivot”, “girar” numa tradução livre, e é comumente usada para explicar uma empresa que se reinventa mudando o foco do seu negócio enquanto mantém a mesma base operacional já existente.

Toda pessoa que se lança em algum novo empreendimento tem a ideia de estar desbravando um deserto onde fará jorrar um OÁSIS. Colocado desta maneira, parece um tanto quanto romântico, poético e até utópico, mas é uma boa forma de descrever a cabeça de alguns empreendedores mais apaixonados. E, que fique claro: Não estou aqui jogando um balde de água fria nas aspirações e paixões dos empreendedores. Não, mesmo. A minha única intenção é ajudar as pessoas, principalmente os pequenos e microempreendedores, a entender que tão importante quanto a paixão é a preparação, por mínima que seja, para fazer o seu negócio prosperar.

Por mais poético que seja acreditar que se está desbravando, ou criando, um OÁSIS, a maioria desses empreendedores acaba se dando conta de que, na verdade, o que fez foi cavar um buraco do qual nem sempre consegue escapar sem alguma ajuda. E, como nem todo mundo encontrará um padrinho — ou um salvador — para lhe estender uma corda, o buraco que se acreditava ser o poço do qual jorraria o seu OÁSIS pode acabar se transformando em uma cova — isso mesmo, uma cova… sepultura, se você preferir assim, não só para os seus sonhos e aspirações, mas também para o seu negócio.

Em recente entrevista concedida durante uma live mediada por mim e promovida pela Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Teófilo Otoni, o presidente da entidade, Ricardo Bastos Peres, ao comentar o excessivo número de negócios que falham nos primeiros anos, explicou que muitos desses negócios até que tinham “muito” potencial. “O problema”, disse ele, “é que alguns dos empreendedores adotaram algumas práticas, ou atitudes, que foram muito prejudiciais ao negócio”. Ricardo Bastos ainda fez questão de deixar claro que nem sempre o mal causado por essas atitudes é percebido em curto prazo. “Algumas vezes só se percebe o quanto uma atitude é prejudicial depois de aquele comportamento já ter jogado o empreendedor no buraco”, arrematou o presidente da ACE.

O coach Nazareno Marques, além de concordar com a primícia do presidente da ACE-Teófilo Otoni, ampliou o raciocínio afirmando o seguinte: “Se algumas atitudes, muitas vezes praticadas imperceptivelmente, como se fosse algo automático, inconsciente, podem levar o empreendedor para o fundo do poço… já para sair do buraco é preciso estar bem consciente do problema e tomar algumas “decisões” que muitas vezes vão contra a própria natureza do empreendedor. Só assim é possível sair do buraco”.

Tomando a afirmação de Nazareno como ponto de partida, fui buscar alguns exemplos de pessoas que se colocaram no fundo do poço aqui mesmo em nossa cidade, e fiquei impressionado ao constatar as similaridades que há em todos esses casos, e não apenas aqui na terrinha, mas em diferentes regiões do Brasil e até do mundo.

Outro ponto digno de consideração é que, apesar de ter visto vários exemplos de atitudes perniciosas que, de fato, contribuem para lançar o empreendedor e o seu negócio no buraco, algo que notei foi que nem sempre uma mesma atitude tem o mesmo efeito em pessoas diferentes. Um exemplo bem prático: Queimar muito capital no início de um negócio pode ser um risco para o João que está empreendendo com o dinheiro do acerto trabalhista que recebeu do seu último emprego. Ele só tem aquela grana em caixa. Se falhar, já era. Contudo, esta atitude (de queimar muito caixa no início do negócio) não é, necessariamente, um problema para o Frederico, que é rico e tem muito dinheiro para ser usado a título de “experiência” e “teste” no lançamento de produtos e/ou serviços diferentes. João precisa acertar e ter lucro na sua primeira experiência ou estará fora do negócio por falta de capital de giro para se manter no mercado. Frederico pode errar quantas vezes forem necessárias até aprender a acertar, e, a partir daí, estruturar o seu negócio para ser catapultado ao sucesso pleno e… o que é mais importante: à “sustentabilidade”.

Mas isso é justo?

Bem… se você se fez esta pergunta, preciso lembrar que não estamos discutindo aqui justiça social nem conceitos abstratos de justiça universal ou divina. O que estamos discutindo é o mundo prático, real, de carne e osso, de carbono, onde nem tudo pode ser avaliado com base em conceitos maniqueístas de certo ou errado, de justo e injusto. É importante deixar isso bem claro porque, para o empreendedor que está no lugar de João, ficar discutindo se é justo ter de disputar mercado com Frederico não levará a lugar algum. O que levará a resultados é fazer a coisa certa; e a coisa certa é se preparar, minimizar erros, otimizar processos e se assegurar de que se está começando, e conduzindo, o negócio de forma assertiva.

Com base nos dois exemplos dados aqui, de João e Frederico, vou evitar, nesta abordagem, explanar sobre as atitudes que levam um empreendedor ao buraco, ao fundo do poço, até porque, como já deixei claro, nem sempre essas atitudes têm o mesmo peso no histórico de empreendedores diferentes. … Sem falar no fato de que a grande maioria dos empreendedores quando se lança no mercado se acha um semideus, que nada vai dar errado, e não quer nem saber de ouvir falar de problemas ou de que o seu jeito de fazer negócios apresenta riscos — ainda que seja para minimizar esses riscos.

É importante deixar claro, também, que, por mais que haja uma série de variações nas razões que levam um empreendedor ao fundo do poço… até porque isso depende muito do histórico, da estrutura, do conhecimento e de muitas outras variáveis que tornam cada empreendedor único… de fato, como disse Nazareno Marques: “Para sair do buraco há algumas DECISÕES que são comuns, ou que devem ser comuns a todas as pessoas que se deram conta de estarem no fundo do poço”. Ou seja: Você pode até ir parar no fundo do poço de forma inconsciente ou involuntária. Já para sair do buraco é preciso ter bastante consciência da sua situação e tomar algumas DECISÕES de forma assertiva. Chamamos a essas ações de DECISÕES, e não de atitudes, porque “atitudes” às vezes são inconscientes. DECISÕES, não. DECISÕES, pelo menos as que propomos aqui, são determinadas, são escolhas que devem ser feitas conscientemente, por mais difíceis que sejam.

Então vamos ao que interessa: Quais DECISÕES são essas?

Com base nas muitas pesquisas e entrevistas que fiz sobre o tema, vou resumir as DECISÕES que são necessárias para sair do fundo do poço em 5 (cinco). A partir de agora passo a explaná-las como se fossem 5 (cinco) lições.

Vamos a elas!

DECISÃO nº 1
PARAR de CAVAR

Eu sei que parece óbvio, mas, acredite, não é. Pelo menos não é óbvio para o empreendedor que está lá no fundo do poço sofrendo todo tipo de pressão advinda dos credores, da família, da equipe, dos clientes e até mesmo da sua necessidade de se autoafirmar e de se provar para si mesmo e para as pessoas à sua volta. Em momentos assim alguns se tornam ainda mais apegados à emoção e se atiram, literal e metaforicamente, a cavar mais o seu buraco, seja confundindo teimosia com persistência, ou atribuindo a alguma divindade o dever de ajudar e abençoar a fazer com que o seu projeto dê resultados.

E, a propósito: antes que eu seja mal-interpretado, já que no parágrafo anterior foi a segunda vez que critiquei quem fica esperando por uma ajudinha divina nos momentos difíceis, permita-me deixar algo claro: Por favor!, não pense que sou cético ou qualquer coisa do tipo. Para quem acompanha a minha trajetória profissional, seja aqui no minasreporter.com, no jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS antes deste site, e nas emissoras de rádio em que trabalhei antes de abraçar o jornalismo escrito, sabe muito bem a importância que dou à devoção religiosa em minha vida e como eu mesmo me agarro a Deus como a meu PAI para me ajudar a seguir em frente na vida. Sou cristão. Assumo. E tenho muito orgulho e consciência da minha fé. A questão é que aprendi bem cedo, principalmente através da leitura do livro de Provérbios de Salomão, que Deus não faz por mim, ou por você que está me lendo, aquilo que eu mesmo tenho de fazer. Um último a parte: Eu acredito, sim, em milagres, e até já os experimentei em minha vida; mas entendo que Deus, geralmente, só faz milagres quando se esgotam todas as nossas alternativas de fazer por nós mesmos o que deve ser feito.

Dito isto, voltemos à nossa discussão em torno de quem está no fundo do poço e continua cavando. No mundo moderno há alguns dispositivos que são capazes de avaliar, ainda que seja por leitura de satélite, se o terreno onde você quer cavar tem mesmo o produto que você quer tirar de lá. Mesmo que você não tenha acesso a essas tecnologias, dá pra ter uma boa noção se um negócio é viável ou não com base na observação pura e simples.

O primeiro exercício de observação é perguntar o seguinte: Mais alguém já tirou desse lugar o que você pretende encontrar no poço?

É bem verdade que as grandes conquistas da humanidade foram alcançadas por pessoas ousadas. Mas entenda uma coisa: Colombo já sabia que tinha terras a oeste do continente europeu. A ousadia dele se deu em torno de como chegar lá, mas ele já sabia o que queria, e tinha certeza de que estava lá. O mesmo pode ser dito de Pedro Álvares Cabral. E mesmo em se tratando de negócios mais modernos, pensemos num caso famoso: Steve Jobs teve sucesso com os equipamentos da Apple porque reuniu em torno de um mesmo dispositivo o que havia de melhor em aparelhos de várias outras marcas e empresas. Se cada uma daquelas funções fazia sucesso separadamente, imagina o que aconteceria quando fossem reunidas em um mesmo aparelho?… Mesmo assim ainda poderia dar errado? Sim, poderia. Mas, de novo: a ousadia de Jobs se deu pelo fato de ter coragem de peitar a concorrência, e não em torno do produto em si. Metaforicamente, ele estava cavando num terreno onde tinha certeza de haver água. Ele sabia que o solo era duro, mas que havia água ali, havia.

Mesmo no caso das grandes conquistas que foram obtidas graças à ousadia pura e simples dos seus empreendedores (e, sim, há algumas), quero convidar você a pensar nos milhões de fracassos silenciosos que existem para cada ação ousada que se converteu em sucesso. Você que está me lendo agora tem condições de aceitar e subsidiar numa boa ser um desses milhões de casos que deram e que dão errado? Se sim, beleza! Siga em frente. Mas lembre-se de que há uma estatística informal de que para cada negócio bem-sucedido conduzido no escuro há 999.999 que fracassaram — mas, exatamente por terem fracassado, foram relegados ao silêncio e à ignorância da maioria de nós.

Ainda em falando de negócios, uma das formas de avaliação para saber se deve ou não seguir em frente é observar a média da qualidade de vida das pessoas que lidam em um determinado segmento. Se um profissional, ou um empreendedor, estiver se saindo mal, mas todos os seus concorrentes, ou pelo menos a maior parte deles, estiverem se saindo bem, o problema pode ser que esse profissional/empreendedor não esteja sabendo gerir a sua própria vida e o seu negócio. Porém, se todas as pessoas de um determinado segmento estiverem na mesma situação — e ruim —, pode ser que o problema seja o segmento em si. Nesse caso é melhor parar de cavar. E, melhor ainda: nesse terreno é melhor nem começar a cavar.

Vou enumerar a seguir alguns erros na condução de quaisquer negócios que podem ser comparados a um empreendedor que continua cavando o buraco da sua cova:

1 – Misturar as finanças pessoais com as finanças da empresa. Acredite, este é, como se diz aqui na terrinha, meio caminho andado para o fracasso. Dinheiro do empreendedor é dele. Existe algo chamado pró-labore, salário, retirada… nesse pode tocar. Já o dinheiro que está no caixa da empresa é do negócio. Misturar os dois caixas, o da pessoa física e o da pessoa jurídica, é quase sempre um caminho sem volta para o fundo do poço.

2 – Não dividir as tarefas apropriadamente. Ainda que o empreendedor comece — apenas comece — como um exército de um homem só, ou de uma mulher só, é necessário que periodicamente se defina um cronograma de atividades para o seu dia, para a sua semana e para o seu mês, sempre levando em consideração o que é urgente, o que é prioritário, o que é apenas importante e o que é, de fato, trivial. O que é urgente sempre deve vir antes do que é prioritário; o que é prioridade sempre vem antes do que é apenas importante; e o que é importante sempre deve ser colocado à frente do que é apenas trivial. No caso de empreendedores que já contam com uma equipe, por menor que seja, é importante ensinar a todos a trabalharem como um grupo harmônico, mas tendo autorresponsabilidade para as tarefas do seu setor. Em lugar onde todo mundo faz tudo, quase sempre ninguém faz nada. É preciso que fiquem claras as responsabilidades de cada um para que haja monitoramento de resultados. Ah! E detalhe: Estimule a sua equipe a produzir mais do que é pedido, ainda que seja remunerando por isso, mas não tolere ou seja condescendente com quem não cumpre as metas, ainda mais quando esse descumprimento se tornar um hábito.

3 – Querer agradar a todo mundo. Essa atitude já é quase um clichê. Eu ouço a advertência para que não se aja assim desde que era criança. E, com base nos registros, já era dita muito antes de eu nascer. O problema é que as pessoas, mesmo entre os empreendedores, continuam a cometer o fatídico erro de querer agradar a todo mundo. Alguns empreendedores buscam uma espécie de equilíbrio entre agradar à família, ao time de colaboradores, aos clientes… enfim, está sempre tirando de um para dar ao outro, e depois reverte o processo acreditando que conseguirá “agradar minimamente” a todos. Quem age assim acaba não agradando a ninguém. E ninguém com quem se relacione se compromete com o seu empreendimento. Vale lembrar que a família fará falta a você; o time de colaboradores até pode ser substituído; mas quando o cliente se cansa dessa ciranda… Game over!

4 – Comparações descabidas. Outro erro muito comum cometido por alguns empreendedores é o de comparar o capítulo 1 da sua história de empreendedorismo com o capítulo 377 dos outros. Isso é tolice, é improducente e quase sempre acaba levando a um buraco que parece não ter fundo. A sua história de vida, principalmente no empreendedorismo, é a sua história. Ela é única e jamais poderá se comparar com a história de quem quer que seja, tanto positiva quanto negativamente. Aquele empreendedor que está mostrando todos os dias o seu faturamento milionário nas redes sociais tem uma história de vida completamente diferente da sua.

Aqui bem perto de nós, em Governador Valadares, temos o caso do empresário Shirleyson Kaisser, que é dono do Grupo KPG, uma holding que tem cerca de vinte negócios sob o seu guarda-chuvas, sendo a maioria dos negócios voltados para tecnologia e Marketing Digital. Em apenas cinco anos Kaisser, como é mais conhecido, saiu de um empreendimento que começou com R$ 500 de investimento para faturar hoje mais de R$ 500 milhões por ano. A KPG, a sua holding, tem um valuation estimado em mais de R$ 2 bilhões. Isso quer dizer, então, que qualquer pessoa consegue crescer exponencialmente assim em tão pouco tempo? Sim, e não.

Quê? Como assim?

Vamos por partes. SIM. Há muitos empreendedores, segmentos e negócios que podem crescer ainda mais exponencialmente do que o de Kaisser cresceu. Mas NÃO. Não é todo mundo, mesmo no segmento dele, que conseguirá esse mesmo resultado; e a razão é muito simples: Kaisser, antes do Grupo KPG, já tinha falido três vezes e contava com dez anos de experiência no Marketing Digital. Dificilmente alguém que começar hoje, mas sem a mesma expertise acumulada de Kaisser, conseguirá construir em apenas cinco anos um negócio na mesma proporção que o Kaisser construiu. Mas entenda que não há nenhum problema nisso. A realidade de você que está me lendo é diferente da realidade de Kaisser. A sua história é a sua história, não a dele. Então, aceite o tempo certo das coisas e deixe a sua história discorrer de forma plena, mas vivendo o seu tempo e o seu momento. Não compare o seu início com o início de ninguém, até porque as realidades e os pontos de partida não são exatamente iguais (lembra do exemplo de João e Frederico que usei no preâmbulo desta exposição?) E se você não deve comparar sequer os primeiros capítulos, muito menos o seu capítulo 1 com o capítulo 377 dos outros. Viva a SUA vida e a sua HISTÓRIA como ela deve e pode ser vivida.

5 – Operar com prejuízo. Qualquer pessoa que esteja no meio corporativo há algum tempo já ouviu aquela história de que a hoje poderosa AMAZON, uma das maiores empresas do mundo, operou com prejuízo por seis anos desde que estreou na bolsa de valores, e apresentou lucro muito modesto frente ao seu faturamento nos catorze anos seguintes. Atualmente se diz o mesmo da Uber, iFood e até de uma empresa brasileira, a NUBANK. Bem… é verdade que algumas dessas empresas operam com prejuízo, mas é com um prejuízo calculado e com métricas que levam em consideração o seu fluxo de caixa. Trocando em miúdos: Uma determinada empresa percebeu que para cada R$ 10 investidos terá R$ 1 de lucro, o que representa dez por cento de retorno sobre o investimento. Percebeu, também, que se dobrar o investimento em uma determinada ação comercial, o lucro mais que dobra. Ou seja: para cada R$ 20 investidos o lucro salta de R$ 2 para R$ 2,5, e há um aumento do percentual de retorno da ordem de 5% a mais para cada novo investimento de R$ 10. … Complicado? Pois é… é assim que operam os grandes negócios, com métricas complicadas, mas que os seus gestores e executivos dominam bem. Foi assim que a AMAZON saiu de um único cômodo para se tornar uma das maiores varejistas do mundo, se não a maior. Portanto, entenda uma coisa: Empresas como iFood e Uber adotam uma estratégia chamada de LTV, que é a sigla da expressão inglesa “Life Time Value”. O que é isso? É a previsão de lucros que um cliente gerará para uma empresa ao longo do tempo em que se mantiver usuário dos seus produtos e serviços. Se a perspectiva de LTV é alta, vale a pena a empresa investir pesado para fidelizar o cliente, ainda que isso represente operar com algum prejuízo no início dessa relação. O que conta é o retorno que trará em longo prazo. Não é preciso discorrer mais sobre isso para que fique claro que, para operar assim e não quebrar, é necessária muita técnica, além de perícia e percepção dos números e do processo de um negócio para não resultar numa falência monstruosa. Ah! E, claro: É preciso ter muito fluxo de caixa também. Um pequeno empreendedor que ouça esses exemplos e que acredite que pode replicá-los em seu negócio sem entender como esses cases realmente operam, com base em recorrência e fluxo de caixa, pode estar assinando o atestado de óbito do seu negócio ao começar a cavar um buraco que não vai dar em nada… aliás, vai, sim. Como não conseguirá sair de lá, esse buraco pode se tornar a sua sepultura. Então, fique atento e entenda de uma vez por todas que, como dizia o comandante Rolim Amaro, o homem que transformou a TAM na maior companhia aérea brasileira enquanto estava sob sua gestão: “Só o lucro legitima as nossas empresas”.

6 – TEIMOSIA e/ou ARROGÂNCIA. Não importa se o empreendedor insiste em continuar cavando porque é teimoso (acredita que a sorte privilegia os ousados… ou talvez porque alimente a ideia de que alguma intervenção divina o ajudará a acertar) ou se é por ser arrogante (não querer admitir que se está errado e que precisa de ajuda). Indiferentemente de ser teimosia ou arrogância, o resultado é sempre o mesmo. Quem continua cavando, mesmo já estando no fundo do poço, vai transformar esse buraco em uma sepultura.

RESUMINDO esta PRIMEIRA LIÇÃO: Não importa qual seja o seu negócio ou por que razão ele não está dando certo. Às vezes é preciso parar, reavaliar a situação e dar um tempo. É preciso parar de cavar.

E como saber se depois podemos continuar cavando, ou não?

Ótima pergunta. E a resposta será dada ao estudarmos a segunda DECISÃO de quem precisa e pretende sair do buraco.

É só continuar lendo.

DECISÃO nº 2
Seja HUMILDE

Esta é, sem sombra de dúvidas, a decisão mais difícil de ser tomada por alguém que se encontre no fundo do poço; mas talvez seja a mais importante. Pessoas humildes dificilmente vão parar no buraco. Sendo assim, ser humilde é crucial para sair de lá. A lógica, inclusive, seria que esta lição fosse exposta antes da anterior. O próprio JESUS fez isso no Seu Sermão da Montanha, que começa no Evangelho de Mateus, no capítulo 5, e que, segundo os teólogos, é a base para todo o Novo Testamento. Nessa ocasião JESUS disse: “Bem-aventurados (ou felizes) são os HUMILDES, porque deles é o Reino do Céu.

Só a título de esclarecimento, JESUS não falava Português… mas acredito que você já saiba disso. Ele falava Aramaico. As Suas palavras, no entanto, foram registradas no Novo Testamento em Grego. No original, a palavra que o evangelista Mateus utilizou para HUMILDE é “ptochoi” que, embora muitos traduzam como pobre, tem mais a ver com “pequeno”. A expressão completa “humilde de espírito” ou pequeno de espírito “ptochoi to pneumati” refere-se às pessoas de pouco fôlego, de espírito pequeno, e que, por suas limitações, não dão conta de fazerem sozinhas o que deve ser feito. Esses “pequenos” reconhecem que precisam da ajuda de Deus e das outras pessoas. Isso é HUMILDADE.

Nesta exposição não comecei afirmando que a HUMILDADE deve ser a primeira decisão para quem quer sair do buraco porque, para querer sair de lá, o indivíduo, empreendedor ou não, precisa, antes, aceitar que está no fundo do poço e não mais cavando o seu oásis.

Por que a HUMILDADE é importante para sair do buraco?

Porque dificilmente alguém que esteja no fundo do poço conseguirá sair de lá sem ajuda. É possível? É. Mas sozinho é mais difícil… beeem mais difícil. É muito mais fácil sair quando alguém que está do lado de fora joga uma corda e, melhor ainda, quando esta corda está firmada em algo que dê sustentação para aguentar o peso de quem está saindo do buraco. Na vida empresarial e corporativa isso representa dizer que você pode e deve receber ajuda para sair do fundo do poço.

Se o seu problema for fluxo de caixa, é possível receber ajuda de um banco, de um fundo de capital, de um investidor privado e até mesmo da família (desde que seja para sair do buraco, não para continuar cavando).

É importante ser bem assessorado por pessoas que te ajudem a entender a diferença entre cavar um poço para um oásis e cavar um buraco no meio do nada — que é o que muitas vezes o empreendimento se torna. Às vezes até o conselho de alguém da família pode ajudar, mas o empreendedor, por mera arrogância, costuma evitar esse tipo de ajuda por julgá-la uma interferência.

Outras vezes a ajuda de que o empreendedor precisa pode vir de forma indireta, como através de uma palestra, motivacional ou de orientação técnica, que pode ser assistida gratuitamente numa plataforma virtual de vídeos. Por falar nisso, é simplesmente incrível como há boas lições em forma de vídeos postados na internet! Infelizmente, a maioria dos empreendedores que está no buraco ignora completamente a existência desse tipo de ajuda e de como ela pode dar uma nova direção a ser adotada à frente do negócio… e por quê? Porque não tem humildade para buscar ajuda nem uma opinião/percepção diferente da sua.

Dieison Ribeiro Santos era um dos melhores profissionais de lapidação de pedras preciosas aqui mesmo em Teófilo Otoni. Tinha o seu negócio próprio estabelecido há mais de uma década, e ele mesmo era profissional da área há vinte e sete anos. Contudo, apesar de tanta história, estava há algum tempo insatisfeito com a profissão, já que, nos últimos anos, se tornou muito mais barato lapidar pedras preciosas e semipreciosas em países como Índia e China. Por isso, por acreditar que não havia mais como crescer, Dieison queria mudar de profissão. Mas como mudar depois de 27 anos em um mesmo segmento?!

Sempre que conversava com os seus amigos e colegas de profissão, Dieison ouvia que era impossível mudar depois de tantos anos. Era arriscado e, provavelmente, não daria certo. Todos diziam que era melhor ele parar de pensar naquilo.

Mas Dieison não estava disposto a parar de pensar naquilo. Sentia que a sua atual profissão, por mais digna que fosse, havia chegado a um estado de saturação. Ele queria mais. Ele ambicionava por mais e estava disposto a buscar algo diferente para si, algo onde pudesse acreditar que ainda haveria como crescer e continuar se desenvolvendo. A oportunidade para  pivotar a sua carreira começou a tomar corpo por acaso quando ajudou a alguns parentes que se mudavam de uma casa para outra. Nesses casos, sempre se precisava de alguém com algum talento para desmontar os armários e guarda-roupas e montá-los novamente na nova residência. Dieison fazia aquilo tão bem que passou a ser uma referência; todo mundo queria a sua ajuda. Sua fama cresceu e até pessoas de fora do seu círculo de amizade passaram a procurá-lo, e, nesses casos, evidentemente, ele cobrava pelo serviço, mas os clientes pagavam felizes e satisfeitos e ainda o recomendavam.

Numa ocasião uma cliente para quem estava montando armários de cozinha disse que gostaria de um móvel no canto da parede combinando com o armário. Dieison improvisou e montou o tal móvel. A cliente gostou tanto que, algum tempo depois, encomendou toda uma cozinha nova. Ele fez. Nessa época ainda dividia o seu tempo entre a oficina de lapidação, que, em tese, era uma coisa mais segura, e a nova profissão em que atuava como freelance. Os colegas de profissão ainda diziam que aquilo era loucura e que ele só estava dividindo o seu foco e perdendo tempo. Mas Dieison não desistiu de continuar se aperfeiçoando na nova área.

Tudo mudou quando Dieison começou a assistir palestras sobre empreendedorismo no Youtube. Em uma dessas palestras o preletor dizia que não se pode buscar conselhos com quem não entende da área para a qual se quer conselho. Era uma coisa óbvia, mas na qual ele estava pecando, já que pedia conselhos sobre o negócio de móveis planejados para pessoas que só entendiam de lapidação de pedras preciosas. Dieison, então, começou a seguir no Instagram a profissionais da área que queria trabalhar e até buscou se aconselhar com alguns desses profissionais. Embora ele temesse ser encarado como um novo eventual concorrente, ficou impressionado com a quantidade de dicas úteis que recebeu dos profissionais do setor. Com tanto novo aprendizado, resolveu apostar no novo segmento, ainda mais quando, no início da pandemia (em março de 2020) o setor de lapidação praticamente parou. Já o setor de móveis planejados, por sua vez, disparou. Apesar da recomendação das autoridades para que todos se isolassem… e talvez por causa disso, por passar mais tempo em casa… o que mais havia eram pessoas querendo consertar, mudar ou adquirir um novo armário, uma nova cozinha, um novo móvel para a sala… enfim. O setor estava em alta. Dieison, que já vinha se profissionalizando há algum tempo, não pensou duas vezes em montar uma nova oficina de móveis planejados. No mês passado (julho/2021) a sua oficina acaba de mudar para um novo endereço, maior e mais estratégico, e, neste momento, no segundo ano da pandemia, a D&M Móveis Planejados, como batizou o negócio, já fatura entre quatro e cinco vezes mais do que Dieison faturava na oficina de lapidação. Tudo depois de ter buscado conselho com as pessoas certas.

Alguns mais céticos podem acreditar que bons conselhos custam caro. Mas não há nenhum problema nisso. Se, para ter resultados, você precisar pagar uma consultoria mais cara, que pague. Se não puder pagar, busque ajuda junto às consultorias juniores que costumam ser mantidas pelas universidades. O importante é que se busque ajuda. Ainda que seja numa palestra no Youtube. Na data em que estou publicando este artigo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) está oferecendo mais de 200 cursos online gratuitos que são simplesmente fantásticos dada à complexidade da didática empregada e da relevância dos temas. Entre as opções disponibilizadas: Gestão Empresarial, Marketing, Atendimento ao Cliente, Planejamento, Vendas, Negociação, Gestão de Equipes, além de vários outros assuntos e temas.

Para nós mineiros o Governo do Estado acaba de lançar o programa Trilhas de Futuro, cujas inscrições estão terminando hoje (30/08), e que tem como objetivo oferecer aos jovens, gratuitamente, cursos técnicos de formação profissional. Além desse programa, a plataforma UAITEC, também mantida pelo governo mineiro, disponibiliza uma enorme variedade de cursos online e gratuitos.

Durante anos o Portal VEDUCA, através de uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP), manteve um grande volume de cursos técnicos gratuitos de altíssimo nível. Atualmente, a maior parte do catálogo de cursos do portal é paga, mas os cursos continuam com o mesmo nível de qualidade e são acessados por uma mensalidade bem acessível, ainda mais quando se leva em consideração a qualidade do ensino oferecido.

Além dessas opções que relacionei, há uma enormidade de outras opções de cursos gratuitos disponíveis na internet. Há, também, os cursos pagos, mas por um valor bem acessível. A questão é: Para quem está buscando informação e conhecimento, nunca na história da humanidade, e, por conseguinte, do empreendedorismo, tivemos tanta informação disponível para ajudar o empreendedor a saber se o terreno em que pretende cavar tem potencial para fazer jorrar um oásis ou não vai passar de um buraco, uma cova.

Já que começamos a capitular esta segunda das cinco DECISÕES comentando as palavras de JESUS, que tal nos manter na Bíblia e agora fechar a lição com a sabedoria de Salomão, quando ele diz que “na multidão de conselhos há segurança” (Provérbios 11:14).

Então, SEJA HUMILDE. Aceite ajuda. Aceite que precisa do apoio dos outros e continue lendo.

DECISÃO nº 3
REPROGRAME sua MENTALIDADE e suas CRENÇAS

Grande parte dos empreendedores que acaba cavando buraco para si e para os seus negócios só o faz porque tem uma motivação errada para empreender ou porque tem crenças muito equivocadas sobre a condução do negócio. Um exemplo bem claro de uma mentalidade limitante é a atitude já mencionada de confundir, voluntária ou involuntariamente, as finanças pessoais com as finanças do negócio. Isso é um erro que ocorre porque alguns empreendedores acreditam que, por o negócio ser deles, na prática é, também, uma extensão de si mesmos, da sua vida, da sua casa e da sua família. O resultado disso é que o negócio acaba não ganhando valor agregado. Ou seja: o público não o encara de fato como um negócio, e sim como uma atividade exercida por aquela pessoa, mas que pode muito bem ser exercida por outra qualquer.

Mas essa não é a única crença ou ideia errada que leva um negócio para o fundo do poço. A seguir listarei algumas outras crenças limitantes ou equivocadas que atrapalham o sucesso de praticamente qualquer negócio, e que, portanto, devem ser eliminadas do cotidiano de quem deseja prosperar. O empreendedor, então, precisa se reprogramar para se livrar dessas ideias que lhe fazem tanto mal. E, detalhe: Não basta apenas adotar uma atitude assertiva. É preciso se reprogramar para ter uma vida assertiva.

Espero que você que está me lendo não tenha nenhuma dessas ideias que listarei a seguir. Mas, se tiver, comece a se reprogramar hoje. Aliás, agora.

1 – Manter o negócio como um exército de um homem só. Num mundo em que toda e qualquer pessoa tem acesso à informação apertando um botão, ou dando um clique numa tela, é quase inadmissível que isso ainda ocorra quando há tantas orientações mostrando o mal que essa mentalidade causa ao negócio… mas, infelizmente, ainda ocorre. O empreendedor que pensa assim não quer contratar porque acredita que se ensinar o seu negócio a um eventual colaborador, estará, na prática, criando um concorrente. O que ele não compreende, por mais que os gurus da gestão moderna ensinem isso o tempo todo, é que se apenas ele trabalha, o negócio é podado e se perde praticamente toda e qualquer possibilidade de escala. Sem escala, também não há valor agregado e dificilmente se poderá chamar ao empreendimento de um negócio de fato.

Um desdobramento dessa forma de pensar é a daquele empreendedor que é extremamente centralizador e que deixa por sua conta todas as responsabilidades importantes por não confiar em mais ninguém, como já dito, mesmo quando tem uma equipe de colaboradores. Outros vão ainda mais além e não deixam os funcionários terem acesso ao que consideram como o núcleo do seu negócio. O problema é que, agindo assim, você sempre estará ocupado trabalhando nesse núcleo e não terá tempo nem condições para trabalhar de forma assertiva na ampliação do negócio. Uma coisa é você dividir a equipe com cada colaborador trabalhando em um setor definido e sendo devidamente cobrado por isso, sem que um entre na área do outro. Assim, cada profissional da sua equipe vai entender apenas do seu setor e não do negócio como um todo. Aí, tudo bem. Mas centralizar quaisquer áreas em torno de si mesmo é levar o seu negócio para o buraco.

2 – Não crescer para não pagar mais impostos. Alguns empreendedores até aceitam que têm de contratar mais pessoas e ampliar a capacidade de atendimento ao cliente… mas desde que isso não implique no crescimento jurídico da empresa. Há alguns dias ocorreu um caso desses aqui mesmo na cidade quando um restaurante relativamente famoso perdeu uma oportunidade de ouro porque ainda estava registrado como microempreendedor individual, o MEI. O negócio tinha um único funcionário contratado para a cozinha e os garçons eram freelancers. Até a limpeza era feita por diaristas. Parece uma ideia genial, um golpe de mestre para se evitar pagar mais impostos, mas acabou se revelando apenas um fator limitante para o crescimento e para o sucesso do negócio. Empreendedor que tem mente aberta não teme crescer. Até porque ele entende que, por mais que o crescimento implique em aumento de impostos, e de quebra, de custos, o seu lucro também está aumentando na mesma proporção, o que dá a ele muito mais recursos para viver com dignidade e para ampliar ou empreender novos negócios e novas fontes de renda.

3 – Trabalhar apenas com capital próprio. Eis outra típica característica de uma pessoa com mentalidade limitada. Se você se dispôs a montar um negócio é preciso encará-lo como um negócio de fato. Infelizmente, no Brasil, e aqui em Teófilo Otoni não é diferente, é muito comum que o empreendedor comece a trabalhar “pra ver se vai dar certo”. Com isso se entende que ele não tem um plano de negócios estabelecido, uma estratégia definida… é, literalmente, uma experiência. E, por ser uma experiência, o empreendedor quer tocar o negócio apenas com o caixa que tem disponível. É um erro gravíssimo. Se é um negócio e você tem expertise para tocá-lo, não há porque não buscar financiamento para fazer o seu negócio crescer e ter fôlego, principalmente na fase inicial. Alguns bancos de fomento, como é o caso do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste, têm linhas de financiamento para negócios com juros de aproximadamente 1% ao mês, às vezes até menos. Não se justifica trabalhar com capital próprio se há dinheiro tão barato para ser investido no negócio.

Mas que fique claro: ao defender o financiamento do negócio com capital de terceiros não estou aqui fazendo apologia ao endividamento irresponsável e inconsequente. O empreendedor só deve buscar financiamento quando souber onde será alocado cara real captado, como advogaremos a seguir…

4 – Não ter um plano de negócios definido. Essa mentalidade, que nem chega a ser limitante — é quase suicida mesmo —, se escora na falácia de que alguns empreendedores como Mark Zuckerberg, dono do Facebook, começou o negócio como uma brincadeira e hoje é um dos cinco homens mais ricos do mundo. Detalhe: Essa não é toda a história. Mark Zuckerberg de fato começou o aplicativo do Facebook como uma brincadeira. Ao ver o potencial de negócio daquela aplicação, se associou a alguns amigos e passou a encarar o que estavam fazendo como um negócio, respeitando todas as normas legais vigentes no País, e, evidentemente, buscando investimento para expandir o negócio que fez dele o quinto homem mais rico do mundo (na data de hoje).

Por Plano de Negócios eu nem estou falando de um documento com trocentas páginas. Às vezes nem precisa ter documento algum, mas é preciso que o empreendedor entenda do seu negócio, conheça os números do setor, do seu mercado, e, com base em onde está, e aonde se pretende chegar, tenha condições de definir alvos, metas e objetivos claros para o seu negócio crescer com base numa lógica de mercado, e não com base em achismo puro e simples acreditando numa ajudinha da sorte. Um Plano de Negócios bem-elaborado é o que garantirá a utilização assertiva do dinheiro de terceiros captado para ser aplicado no empreendimento.

5 – Acreditar que fracassar é comum. Estamos vivendo em uma era onde algumas pessoas fazem verdadeira apologia ao erro e ao fracasso. Para os defensores dessa idiotice, quem nunca errou não pode falar de sucesso verdadeiro. Mas isso é só mais uma falácia e uma mentalidade equivocada. Atualmente, temos alguns casos bem sólidos que vão contra essa bobagem. Podemos citar, apenas a título de exemplo, empreendedores como o guru digital Pablo Marçal e o empresário bilionário Flávio Augusto da Silva, fundador do Grupo Educacional Wiser, que tem entre os seus produtos o curso Wise Up, de idiomas. Essas e muitas outras pessoas sempre pautaram as suas vidas e dirigiram os seus negócios com base em rígidos princípios de gestão, e, por isso, não têm históricos de fracassos em seus currículos. Erros, sim. Mas como sempre foram empresários bem-sucedidos, eventuais “pequenos prejuízos” em alguma estratégia nunca foram encarados como relevantes, já que, no final, a coluna da esquerda em seu balanço patrimonial sempre esteve maior e mais cheia de zeros à direita.

É claro que errar faz parte do processo de crescimento do ser humano e, por conseguinte, do empreendedor. Quem não se expõe à possibilidade de errar, não faz nada, até porque há sempre algo que pode dar errado. Porém, ao se lançar em um empreendimento, quem tem juízo e uma mentalidade assertiva procurará entender tudo o que puder sobre o negócio, inclusive contando, se possível, e se preciso, com a ajuda de conselheiros e consultores para minimizar a possibilidade de erros. Expor-se à possibilidade de erro é uma coisa; todo mundo faz isso quando se levanta da cama. … Se lançar não se sabe onde — nem como — e chamar a isso de empreendedorismo é loucura; é cavar cova funda para entrar. O famoso empresário e publicitário Nizan Guanaes, sócio e co-fundador do Grupo ABC de Comunicação, disse que “aprender com os próprios erros quando se pode aprender com os erros dos outros é burrice. Aprender com os erros dos outros é mais prático, mais cômodo, menos traumático e muito, mas muito mais barato”.

6 – Acreditar que foi longe demais para voltar atrás. Tão prejudicial quanto acreditar que errar e fracassar é comum e aceitável é dizer que foi longe demais para voltar atrás. Isso é um erro gravíssimo. E, pior: alguns serão parados de qualquer maneira, ainda que seja pela força das circunstâncias.

Algo que eu não disse em todo este artigo é que, na minha infância, já cavei cisterna — literalmente. É que eu morava em um bairro onde não havia água encanada à época. Algo que aprendi com aquela experiência é que se não houver um lençol freático naquele terreno, você pode cavar do jeito que for que a sua cisterna não vai dar em água. Às vezes o indivíduo insiste em continuar cavando, talvez pelo desespero de oferecer água para sua família, mas vê todas as suas esperanças frustradas quando se depara com uma rocha que impede continuar. Até quem perfura poços artesianos às vezes se vê na obrigação de dizer para o cliente que naquele terreno não adianta cavar mais porque está mais do que claro que o esforço não vai dar em nada.

No mundo corporativo, o empreendedor tem de aceitar que às vezes, por mais que tenha ido longe demais, precisa parar, voltar e até desistir de continuar cavando. Quanto mais demorar a sua decisão de parar, mais difícil será pivotar e recomeçar um novo empreendimento.

7 – Encarar os concorrentes como inimigos. Esse é mais um dos pensamentos equivocados que é bastante comum na cultura brasileira; e é um erro e uma mentalidade limitante tanto quanto os listados anteriormente. É bem verdade que os concorrentes são, em alguma medida, “concorrentes”. O nome já diz tudo. Eventualmente, adversários — quando numa disputa em um processo licitatório, por exemplo, ou em algo do tipo. Mas inimigos, não. Pelo menos não precisa ser assim. Você leu há pouco o que ocorreu com Dieison, da D&M Móveis Planejados, que encontrou ajuda e orientação com pessoas que, em tese, seriam suas concorrentes.

No início dos anos 2000 foi criada aqui mesmo em nossa cidade a “Cooperativa de Compras de Teófilo Otoni” (COOPERTONI), e que tinha como objetivo reunir donos de pequenas mercearias, armazéns e minimercados para comprarem conjuntamente dos fornecedores e, assim, buscar promoções e preços mais competitivos. A intenção era oportunizar a esses pequenos empreendedores se manterem no negócio apesar da enorme concorrência das grandes redes varejistas de supermercados. A ideia deu muito certo. Contudo, com o passar do tempo alguns dos cooperados acreditaram que já poderiam alçar voos sozinhos. Preferiram não compartilhar estratégias nem know-how com concorrentes. Resultado: a maioria dos que saíram da cooperativa acabou tendo problemas e fechou as suas portas. Essas pessoas que se viram expurgadas do mercado foram punidas — pelas circunstâncias, e não por outras pessoas — por não aceitarem trabalhar em parceria com os seus concorrentes.

Para reunir empreendedores concorrentes e fazê-los trabalhar conjuntamente pelo bem do seu segmento há os sindicatos patronais, as cooperativas, as associações de classe e várias outras entidades que todos os dias têm conseguido demonstrar que há bastante espaço para todos, e que o concorrente às vezes pode ser o seu maior parceiro.

Em 2008 uma empresa de fora da cidade veio para Teófilo Otoni e aqui fundou o primeiro jornal diário. Alguns dos colegas donos de jornal passaram a encarar a equipe do diário como inimiga e não queriam contribuir com os chegantes em nada. Foi quando chamei esses colegas à razão e os lembrei que um jornal diário seria uma ótima alternativa para nos ajudar a manter leitores num momento em que a internet já mostrava o seu potencial jornalístico. Todos estávamos tendo dificuldade para manter a fidelidade dos nossos leitores com jornais semanários e quinzenários quando a internet vendia a ideia de que notícia boa era instantânea. O meu argumento foi que havendo um jornal diário na cidade o hábito da leitura em jornal seria mantido entre a comunidade, e agora diariamente, o que seria muito bom para todos nós. Caberia aos demais jornais (como o meu O REPÓRTER NOTÍCIAS) oferecer uma cobertura mais analítica dos fatos do que discricionária. Os que concordaram comigo e aceitaram o raciocínio se mantiveram no mercado e passaram a ser até mais respeitados com a nova abordagem editorial. Quem não entendeu e começou a criticar ao novo jornal, como se fosse um inimigo, acabou ganhando apenas a antipatia do público.

Outro exemplo do perigo de se elevar concorrentes ao posto de inimigos se deu aqui mesmo na terrinha quando a Rede de Farmácias INDIANA, na época ainda começando o seu projeto de expansão, quis inaugurar a sua primeira unidade 24 horas. Alguns dos empresários do setor se ergueram enfurecidos contra aquela ideia absurda e protestaram veementemente contra a concorrente. Diziam que aquilo era uma estratégia selvagem que só visava acabar com os negócios menores. Detalhe: Já havia uma farmácia que funcionava 24 horas na rodoviária da cidade, mas era um negócio pequeno apenas com medicamentos de uso mais frequente. O lobby da concorrência impediu a INDIANA de abrir a loja 24 horas… até que um bom advogado (olha aí de novo a importância de se ter bons assessores e consultores) encontrou uma brecha legal: o Código de Posturas do Município proibia a abertura de farmácias 24 no Centro da cidade sem o aval da Câmara Municipal. A INDIANA foi lá e abriu a sua unidade num bairro de periferia que era apenas perto do Centro. O resultado para a INDIANA foi o mesmo. Os concorrentes que se opuseram acabaram perdendo a oportunidade da boa vontade daquele poderoso parceiro. Alguns daqueles concorrentes já fecharam as portas há bastante tempo ou venderam seus negócios para empreendedores com mais visão estratégica. Algumas daquelas lojas foram adquiridas pela própria INDIANA que, hoje, tem cerca de 140 unidades espalhadas por dezenas de cidades em três estados (Minas, Bahia e Espírito Santo).

Aceite que nem sempre as pessoas que trabalham no mesmo ramo que você devem ser encaradas como inimigas. Muitas vezes elas são até ferramentas para o seu negócio, já que os concorrentes nos desafiam a querer melhorar o tempo todo. Graças aos concorrentes nossos clientes têm uma base de comparação dos nossos produtos e serviços. Alguém mais teimoso pode até acreditar que esse princípio não se aplica ao seu negócio porque se está em busca do seu “oceano azul” (teoria que defende a exploração de mercados inexplorados, dando ao empreendedor bastante tempo de vantagem nesses mercados). OK! Boa teoria. Só entenda que os negócios que navegam sozinhos em oceanos azuis tiveram que investir muito tempo, e muito dinheiro também, para criar algo absolutamente novo. Muitas vezes, depois do novo oceano descoberto, ainda aparece gente tentando navegar nessas águas. Um exemplo: Durante décadas a Microsoft navegava em um oceano azul com o Windows e, particularmente, com o pacote Office. Hoje várias empresas disponibilizam aplicações, muitas delas gratuitas, que concorrem em pé de igualdade com o Office.

8 – Inovar apenas quando for inevitável. Um ditado antigo ensina que “em time que está ganhando não se mexe”. Será mesmo? Bem… essa lógica pode até servir para times esportivos, não para negócios. O coach Nazareno Marques adverte que é quando se está bem — por cima, por assim dizer — que uma empresa tem fôlego para experimentar novos processos e novas ideias.

Há pouco eu disse que empreendedores como Pablo Marçal e Flávio Augusto da Silva já cometeram erros, sim, mas por terem sido estratégias experimentadas quando seus negócios estavam em alta, absorveram o prejuízo causado por aqueles erros e continuaram inovando. Nas novas experiências de inovação eles acertaram e, como o prejuízo anteriormente registrado não comprometeu aos seus negócios, continuaram crescendo e prosperando. Mesmo pequenos empreendedores como Dieison, da D&M Móveis Planejados, precisam ter esta visão de inovação. O próprio Dieison só conseguiu aproveitar a alta do mercado de móveis planejados porque se aperfeiçoou enquanto ainda tinha a sua oficina de lapidação para subsidiar o seu aprendizado no novo negócio. Se tivesse deixado para começar apenas quando a pandemia começou (e o setor de lapidação paralisou), não teria condições de se sustentar enquanto aprendia e inovava no novo empreendimento.

Alguns empreendedores se apegam tanto ao que os psicólogos chamam de zona de conforto que se esquecem completamente de que a história da sociedade é cíclica e que, muito provavelmente, a “estabilidade” em que vivem hoje será ameaçada por quaisquer fatores externos que venham contra o seu negócio amanhã. Daí a importância de se estar sempre buscando inovar em novos processos e estratégias.

Outro exemplo aqui da terrinha: A Cooperativa de Crédito Vale do Mucuri, que a maioria de nós conhece pelo nome de CREDIVALE, foi fundada em maio de 1988 e começou as suas atividades em novembro do mesmo ano. Na época as cooperativas de crédito tinham as suas operações bancárias amparadas pelo Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC). Apenas um ano e meio depois o BNCC foi extinto pelo Plano Collor e muitas cooperativas de crédito quebraram na esteira dos acontecimentos. A CREDIVALE, à época presidida pelo empreendedor Antônio Galvão, migrou as suas operações bancárias para o banco estadual Minas Caixa. Algumas das cooperativas de crédito que ainda sobreviveram fizeram o mesmo. Em 1998 Antônio Galvão recebeu uma proposta muito vantajosa para migrar o suporte bancário da CREDIVALE da Minas Caixa para o Banco do Brasil. Alguns nomes de sua diretoria disseram à época que aquilo era bobagem e que as vantagens oferecidas não compensavam a trabalheira que a migração daria. O presidente obedeceu ao seu instinto e aceitou a proposta do Banco do Brasil. Se era vantajoso, por que não experimentar e inovar? Em setembro, três meses depois da migração, a Minas Caixa foi extinta pelo então governador Eduardo Azeredo. De novo houve uma série de cooperativas de crédito que faliram. Mesmo entre as que não quebraram, o período foi extremamente traumático e difícil para administrar mais aquele duro golpe. A CREDIVALE, por sua vez, que tomou a iniciativa de inovar e migrar quando ainda estava por cima, sem crises, passou por aquele momento como se nada estivesse acontecendo; com isso, ganhou ainda mais credibilidade e o respeito de todos: comunidade, cooperados, usuários dos seus serviços… enfim, todos. Hoje a CREDIVALE é uma das maiores cooperativas de crédito de Minas Gerais e uma das mais respeitadas do interior do País; e tudo porque o seu gestor entendeu que é quando se está por cima, nos bons momentos, que se deve inovar, e não quando as mudanças são inevitáveis.

Em janeiro de 2014 o jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS apresentou ao seu público o minasreporter.com, esta plataforma de notícias em quem você está lendo este artigo. À época já encaminhávamos aos nossos leitores uma newsletter por e-mail, inclusive com conteúdos que sequer chegavam a ser publicados no jornal impresso. Com o lançamento do site, passamos a encaminhar na newsletter apenas os links das notícias, agora publicadas no minasreporter.com. De novo alguns colegas diziam que a comunidade teófilo-otonense não tinha a cultura de acessar informações jornalísticas via internet e que o povo gostava de sentir o jornal em suas mãos. É claro que eu não concordava com aquilo, até porque monitorava o grande número de pessoas que acompanhava nossa newsletter. Em apenas dois anos o minasreporter.com alcançou a expressiva marca de mais de 16.000 acessos únicos diariamente e cerca de meio milhão de visualizações por mês. Os números eram tão expressivos e positivos que em 2017 descontinuamos o jornal impresso e nos concentramos apenas em nossa plataforma virtual de jornalismo. Menos de três anos depois estourou a pandemia e ninguém queria tocar em jornal impresso, sem falar no fato de que as próprias gráficas passaram a funcionar com expediente reduzido e preço de impressão muito maior por causa da elevação do custo dos insumos. Sem querer bater palmas para o próprio umbigo, a nossa aposta na inovação foi certeira. Atualmente, o grupo SANTHAR, do qual o minasreporter.com é integrante, está para anunciar uma inovação ainda maior que, temos certeza, revolucionará a comunicação regional.

9 – Não ter autorresponsabilidade. Por mais incrível que pareça acreditar nisto, ainda há, sim, empreendedores que não têm autorresponsabilidade. Isso ocorre em vários níveis e camadas psicológicas, mas um dos casos mais comuns tem a ver com aquela pessoa que passa mais tempo reclamando de um problema, e tentando encontrar um culpado, do que procurando resolver o problema. Um exemplo triste foi o de Charles (o nome está convenientemente trocado aqui). Charles tinha uma loja que estava começando a crescer e a se desenvolver quando emprestou o seu nome para um “amigo”. O amigo em questão, como você já deve imaginar, sujou o nome de Charles. Por ser o titular da sua empresa, e estar com o nome sujo, passou a ter dificuldades para conseguir crédito junto aos bancos e principalmente junto aos fornecedores. Ao invés de buscar uma solução para o real problema, Charles passava a maior parte do tempo indo atrás do amigo que o prejudicou cobrando uma atitude. Charles ligava para ele várias vezes ao dia e o importunava acreditando que assim o sujeito o tiraria daquele problemão. O que Charles demorou a entender, ou aceitar, é que se o tal amigo não foi capaz de zelar pelo seu próprio crédito, por que ele zelaria pelo crédito de Charles? O amigo acabou indo embora da cidade. A loja, sem crédito, fechou. Pior: faliu. Charles passava a maior parte do seu tempo reclamando e comentando como o seu amigo o prejudicou e o fez quebrar e falir. Que era verdade que o amigo prejudicou Charles, sim, era. Mas reclamar não ajudaria em nada. Sem falar que o amigo só o prejudicou porque ele mesmo abriu a guarda.

A atitude assertiva a ser tomada no caso de Charles era reclamar menos e sair em busca de uma solução real. Poderia, por exemplo, buscar um sócio — investidor ou não — e deixar o negócio em nome desse sócio se valendo de um contrato de gaveta para se precaver. Acredite, isso é muito mais comum do que a gente pensa. Mas Charles, por ter um bloqueio emocional e psicológico que não o deixava entender a sua própria responsabilidade no ocorrido, preferia passar a maior parte do tempo se vitimizando. Só anos mais tarde, quando se submeteu a uma terapia, compreendeu o que era autorresponsabilidade. Começou um novo negócio e hoje está prosperando entendendo que tudo o que lhe ocorre, de bom e de ruim, é sua responsabilidade. Hoje ele entende que se vitimizar e dizer que tudo foi culpa de outra pessoa não elimina a sua própria culpa em deixar que tudo aquilo tenha acontecido.

RESUMINDO esta LIÇÃO: A sabedoria oriental nos ensina que nos tornamos aquilo que pensamos ser. Em síntese: As nossas crenças determinam a vida que levamos. Se temos uma vida ruim é porque as nossas crenças implicam em nos fazer acreditar que essa vida ruim é comum, é a vida que devemos ter… ou, pior ainda: que merecemos ter. A maioria de nós acaba fazendo refletir em nossos negócios as nossas crenças.

Assim, somente com uma reprogramação — às vezes total — é possível você tomar a quarta DECISÃO — que exporei a seguir — para sair do fundo do poço, e sem a qual nenhum negócio pode sobreviver.

Então, reprograme-se e continue lendo!

DECISÃO nº 4
Aumente e Amplie as suas FONTES de RENDA

Antes que uma eventual crença limitante e equivocada faça você entender errado o que esta lição quer nos ensinar, não estou aqui falando em RENDA EXTRA. Renda Extra é igual a “bico”, ou seja: algo temporário. Empreendedor que é empreendedor busca sempre fontes sustentáveis de RENDA. É bem verdade que você, dentro de um planejamento estratégico, pode buscar uma renda temporária para incrementar o seu negócio por um tempo. Depois é preciso definir se essa renda temporária será convertida em um novo negócio, pleno e sustentável, ou apenas a base, ainda que financeira, para subsidiar a implementação de um empreendimento maior e verdadeiramente novo. Uma pastelaria, partindo desse raciocínio, pode começar a vender açaí no verão, ou chocolate quente no inverno, mas não pode perder o foco do seu negócio principal, a não ser que a inovação se mostre tão rentável que valha a pena pivotar.

Um empreendedor que se deu conta de estar no buraco, no fundo do poço, precisa pensar de forma assertiva para aumentar as suas rendas e não apenas para ter uma renda extra. Uma vez que estabilidade não existe, como ensina Flávio Augusto da Silva, a renda extra de hoje acabará por se perder amanhã. O ideal, então, é que o empreendedor que está no fundo do poço estruture primeiro uma fonte de renda antes de partir para a próxima… mas que nunca perca de vista a importância de se ter múltiplas fontes de renda, e todas elas devidamente organizadas e estruturadas como um negócio de fato, e não como um “bico”.

Se você tem estrutura, inclusive de pessoal, para tocar mais de uma fonte de renda ao mesmo tempo, ótimo. Parabéns! Faça isso. Mas, se não tiver, não corra riscos desnecessários. Otimize primeiro o seu negócio, amplie-o, explore todas as suas alternativas para ampliar a receita deste negócio… e só depois comece algo novo. … Mas esteja certo de que é preciso buscar, sim, algo novo — novas fontes de receita.

Um exemplo: Se você vende um determinado produto em uma loja física, é possível passar a vender esse mesmo produto na internet com um investimento baixo, já que você já tem uma estrutura de fabricação e/ou de logística operacional para este produto ou serviço.

Ricardo Silva é fundador e gestor da KR Uniformes, uma empresa que, como o nome sugere, fabrica uniformes, mas também camisas personalizadas, além de outros produtos. Quando começou a KR, Ricardo só trabalhava com encomendas. Assim que aquele segmento estava minimamente estruturado, começou a desenvolver campanhas promocionais com camisetas personalizadas — com frases bíblicas, temas profissionais, etc. Quando se consolidou em promover campanhas, começou a vender pela internet e até criou uma loja virtual com um nome bastante sugestivo, a “dastribos.com.br”. A loja virtual hoje representa uma fatia considerável do seu negócio. É importante enfatizar que todas essas variações do negócio de Ricardo pertencem ao mesmo segmento e todas partiram de uma mesma base operacional. Agora, depois de se consolidar no seu nicho, e nos subnichos, pretende se lançar em outros negócios também, como no setor de cursos online e no segmento de brindes personalizados. Hoje, se Ricardo pode se dar ao luxo de ampliar para novos segmentos de verdade, é porque entendeu a necessidade de estruturar uma frente antes de partir para outra.

Obs.: Nunca confunda a necessidade de se estruturar primeiro em um empreendimento com PROCRASTINAÇÃO, que é o pernicioso hábito de empurrar sempre para amanhã o que pode… e às vezes até DEVE ser feito hoje.

Finalizando: Ter múltiplas fontes de renda é tão importante que o sábio rei Salomão, no livro de Eclesiastes, no capítulo 11, verso 6, assim escreveu: “Pela manhã semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas”. No verso 2 do mesmo capítulo o mesmo Salomão já havia dito algo que é muitas vezes mal-interpretado: “Reparte com sete e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra”. Muita gente, mal-intencionada ou apenas por replicar equivocadamente o que ouve, acredita que Salomão no verso 2 está mandando você repartir os seus bens com outras pessoas… mas não é isso. Por mais que ele realmente explane muito sobre solidariedade em outros textos, é nítido que em todo este capítulo o rei está se referindo a empreendedorismo, a negócios e prosperidade. Salomão usa exemplos como semente porque a agricultura era a principal matriz econômica da sua época. Quando diz “reparte com sete, e até com oito” está se referindo a repartir a semente na terra. Ou seja: não apostar em uma única árvore nem em uma única fonte de renda. Com todo o respeito a quem pensa diferente dessa abordagem, isso não é questão de opinião, nem mesmo de interpretação. É só ler o texto na íntegra e não inventar desdobramentos para o que está bastante claro.

Agora você provavelmente já entende porque é comum que grandes fundos de capital, grandes investidores e até companhias famosas em um segmento tenham tantos investimentos pulverizados em setores completamente distintos da sua principal área de atuação. Eles só estão repartindo a semente porque não têm certeza qual delas prosperará ou se todas prosperarão igualmente.

Eu sei que talvez você sempre tenha entendido o texto de Salomão como um apelo à solidariedade e à beneficência. Tudo bem! Eu também o interpretei assim um dia. Só pra você não ficar triste, saiba que pensar nos outros é, sim, uma forma de sair do buraco.

Sério?

É sério, sim. E você entenderá o conceito ao ler a lição contida na última decisão necessária para o empreendedor sair do buraco.

É só continuar lendo.

DECISÃO nº 5
Fazer TUDO pensando nas PESSOAS

Eis uma lição que só será aceita por alguém que conseguiu REPROGRAMAR as suas crenças e a sua mentalidade.

E por que digo isso? Porque, para ampliar as fontes de renda, como recomendado na lição anterior, é preciso entender com exatidão o que é CAPITALISMO. A maioria absoluta das pessoas, indiferentemente da sua orientação política, entende o CAPITALISMO como se ele só tivesse a ver com dinheiro. É um erro pensar assim. Esse pensamento equivocado leva muita gente a comparar Capitalismo com Comunismo, como se fossem abordagens que se antagonizam entre si. Mas não são.

O contrário do comunismo é “abertura de mercado e liberdade para escolher”. Comunismo é uma forma de governar. Capitalismo é uma mentalidade formada pelo pensamento de quem entendeu que, para prosperar, é preciso servir às pessoas. Assim, Capitalismo não tem a ver com ganhar dinheiro pura e simplesmente. Tem a ver com servir pessoas e ser devidamente remunerado para isso.

Antes que você insista em me contradizer, quero lembrá-lo, a título de exemplo, do maior governo comunista que já passou pelo Planeta Terra: a União Soviética. Não há como negar que aquele governo fosse comunista. Ali se praticava o comunismo em toda a sua essência. Contudo, mesmo sendo comunista, o governo soviético sempre manteve relações capitalistas com outras nações ao oferecer o seu gás e o seu petróleo (que a Rússia, herdeira da União Soviética, continua vendendo até hoje). Isso, por si só, já desmonta a tese de que comunismo e capitalismo são antagônicos entre si. Outro exemplo mais recente é o da China, que continua sendo governada pelo Partido Comunista, mas com uma enorme abertura econômica (CAPITALISMO) para comprar e vender produtos para e de outras nações.

Como a intenção deste artigo não é falar de comunismo, e sim do uso racional do capitalismo para ajudar empreendedores a saírem do buraco, insisto: Capitalismo tem a ver com a atitude de servir pessoas e ser devidamente remunerado para isso.

Como assim?

Vou dar um exemplo bem prático: Todos os dias à noite eu sinto fome… fome, não; vontade de comer. Imagino que você sinta o mesmo. Como trabalho o dia todo, à noite estou muito cansado e sem ânimo para ir para o fogão. Mas, como a vontade de comer é soberana, é uma necessidade fisiológica, preciso atendê-la. O que eu faço, então? Bem… no meu caso, costumo ir até à lanchonete mais próxima de casa, ou a um restaurante da minha preferência, para que eu encontre a comida de que gosto pronta para me ser servida.

Um alienado pode dizer assim: “Mas você terá de pagar por ela, pela comida”.

Mas é claro! E é justo que seja assim. Pense por um instante em quantas pessoas foram necessárias para produzir e vender um único hambúrguer. Começando: o dono da lanchonete e pelo menos mais dois ou três funcionários estão na ponta do atendimento que eu recebo. Antes deles, a cadeia produtiva envolveu quem criasse a vaca cuja carne foi usada para produzir o hambúrguer; quem plantasse os temperos, o trigo para fazer o pão, além de toda uma cadeia produtiva de laticínios para produzir o queijo… e outro sistema ativo de agricultura para produzir o tomate, a alface, o milho, a ervilha…

Chega!!

Não, não chega. Não estamos nem na metade. Tudo isso é só o começo. Para que eu possa comprar e comer o meu hambúrguer no final do dia ainda é necessário um sistema de logística para fazer com que tudo isso que citei antes chegue à lanchonete. Também é necessária a assessoria de um contador para dar assistência contábil ao negócio da lanchonete, isso sem falar no gari que recolhe o lixo, no motorista que dirige o caminhão do lixo, na companhia de energia elétrica que produz a iluminação para eu me locomover à noite, na companhia de saneamento que faz a água chegar à lanchonete para lavar aos ingredientes do meu hambúrguer, e à própria lanchonete quando terminar o expediente…

Ufa! E olha que estamos falando de um hambúrguer. Você já tinha parado para pensar em quantas pessoas e negócios paralelos são necessários para a produção de um simples hambúrguer?

Agora você consegue entender, ainda que minimamente, que o capitalismo não tem a ver com um empresário ganancioso que quer me vender um hambúrguer. Isso pode existir, sim, mas é o joio no meio do trigo. O capitalismo de verdade tem a ver com servir pessoas.

O dono da lanchonete me serviu ao me disponibilizar um hambúrguer que eu não tive que ter todo o trabalho de preparar. Os funcionários da lanchonete servem ao patrão ajudando-o no seu negócio, e também aos clientes quando oferecem um bom atendimento. Eu gosto muito de ser bem-atendido e tenho certeza de que você que está me lendo, também.

Mas a cadeia de serviço não parou ainda. O contador serve ao dono da lanchonete ao assessorá-lo e ajudá-lo a manter o seu negócio em dia. O padeiro que produz o pão do hambúrguer serve ao dono da lanchonete, e a mim por associação, ao produzir o melhor pão possível. O agricultor que plantou o tomate, o milho, a ervilha, a alface e a soja que foi a base do óleo usado no meu hambúrguer serviu a todas as pessoas que estão integradas neste enorme ecossistema que gira em torno de um único hambúrguer.

As pessoas mais espiritualizadas costumam dizer que quando se faz com carinho e amor você emana uma energia boa sobre o que está fazendo, e isso volta de alguma maneira, tanto em forma do lucro que você, com justiça, aufere deste produto ou serviço, ou em forma de gratidão por parte daqueles que se sentem felizes com o atendimento recebido e até recomendam o seu produto ou serviço.

Seja através de uma abordagem espiritualizada, ou pragmática pura e simples, capitalismo tem a ver com servir às pessoas. A esse respeito o coach Nazareno Marques disse algo interessante: “Nunca foi tão possível na história da humanidade se tornar um milionário. Você só precisa servir a um milhão de pessoas com um produto ou serviço que custe R$ 1; a cem mil pessoas com algo que custe R$ 10; a dez mil pessoas com algo que custe R$ 100; a mil pessoas com algo que custe R$ 1.000,00… ou indo direto ao ponto e servindo a uma única pessoa com algo que essa pessoa queira e se disponha a pagar R$ 1 milhão. E tudo fica melhor ainda se esse produto ou serviço gerar recorrência”, finalizou o coach. Só pra deixar claro: Recorrência tem a ver com algo que, como o hambúrguer, eu como hoje e, amanhã, muito provavelmente vou querer — e às vezes até precisar — comer novamente.

Ainda falando de comida, perto da minha casa há um restaurante que vende uma marmita completa, com uma enorme variedade de combinação de comidas, inclusive com churrasco, pela bagatela de R$ 12,00. Será que justifica eu parar de trabalhar aqui na direção do minasreporter.com, onde ganho bem mais de doze reais pela minha hora trabalhada, para ir para o fogão e preparar minha própria comida? É claro que não!

Com essa mesma abordagem em mente, entendo que toda a equipe daquele restaurante não me vê como uma presa de quem querem tomar R$ 12,00 (isso é argumento de quem odeia o capitalismo). Prefiro entender que aquelas pessoas me veem como alguém a quem estão servindo, e bem, e em troca me pedem a irrisória quantia de R$ 12,00. Quando digo “irrisória” é porque já levei em consideração o quanto abriria mão de ganhar se deixasse a direção do jornal para ir preparar a minha comida.

Fechando a abordagem do restaurante: Ainda que eu esteja com pressa e sem tempo de ir até lá, basta pagar uma taxa extra, que é muito pequena diante da sua utilidade, que um entregador traz o meu almoço aqui no escritório. De novo, capitalismo não é sobre dinheiro; é sobre servir e ser remunerado por isso. É sobre atender a necessidade das pessoas com produtos e/ou serviços.

Com base na exposição do que considero o princípio do capitalismo, entenda que para tirar o seu negócio do buraco, o empreendedor precisa mudar a sua mentalidade e, para fazer dinheiro, para que o seu negócio prospere, deve passar a focar em servir às pessoas e não mais em ganhar dinheiro.

Antes, quando eu ouvia palestrantes dizerem que “só começaram a ganhar dinheiro quando pararam de pensar em dinheiro”, acreditava que aquilo fosse balela, que era só uma frase sem muito sentido que diziam para chocar ao seu público e para ganhar a atenção da plateia curiosa por saber aonde aquele argumento levaria. Hoje eu sei que isso não é uma frase sem sentido. É um princípio do capitalismo empiricamente provado.

É lógico que não estou sugerindo que você gerencie ao seu negócio de modo irresponsável… É claro que não! Também não estou dizendo que, para agradar ao cliente, vale tudo. De novo: É claro que não! Começamos este artigo deixando claro o perigo de querer agradar a todo mundo. Mas há uma diferença entre “querer agradar” e “servir” ao seu cliente.

Por servir você deve entender a necessidade de se focar em oferecer ao seu cliente uma experiência que, na cabeça dele, na cabeça do cliente, possibilite o surgimento de um verdadeiro relacionamento com a sua marca, com o seu produto ou serviço. Pessoas não são fiéis a marcas nem a produtos. Pessoas se conectam apenas com outras pessoas e amam sentir novas experiências que estejam relacionadas à sua humanidade e à sua personalidade.

Lembra do que eu disse lá atrás sobre empresas como Uber e iFood, e até mesmo a Amazon investirem muito dinheiro em proporcionar uma experiência para o seu cliente que, depois de fidelizado, deixará de ser um cliente para ser um parceiro, alguém com quem a empresa tem um relacionamento? O princípio aqui é o mesmo. Quando uma pessoa chama um uber, não está, em sua percepção, chamando a uma multinacional; está chamando a “alguém” que vai levá-la, e da melhor maneira possível, com conforto e segurança, do ponto “A” para o ponto “B”. Quando se pede comida no aplicativo do iFood, ninguém, nem mesmo os de orientação comunista, se importa em dar dinheiro a uma multinacional que está por trás daquele aplicativo. O usuário do aplicativo só quer saber de pedir a comida que deu vontade de comer e ter a experiência de comer essa comida.

EXPERIÊNCIA
Carlos Senna é diretor de Relacionamento de uma empresa que se especializou em fornecer produtos para empreendedores que querem lançar a sua própria marca no segmento de moda masculina, mais ou menos como ocorre no drop shipping, mas apenas em território nacional. Assim que assumiu o posto, Carlos ficou impressionado ao ver como alguns dos seus clientes vendiam uma camisa produzida por ele por até R$ 400,00 (quatrocentos reais) enquanto outros clientes para quem também fornecia o mesmo produto vendia essa camisa por R$ 100,00 (cem reais). E, detalhe: a curiosidade de Carlos foi atiçada pelo fato de que o cliente que vende a camisa por R$ 400 encomendava cerca de mil peças por mês enquanto o que vende a camisa por R$ 100 encomendava no máximo 10 (dez) peças.

Ao avaliar as estratégias de venda de ambos os clientes, Carlos entendeu o que diferencia um e outro. O que vende por R$ 400 encomendava, além da camisa, um estojo, uma embalagem para o produto. A embalagem era bonita, decorada com um laço, como se fosse um presente, e dentro havia uma carta parabenizando pela aquisição daquela peça tão “exclusiva”. Quem não gosta da experiência de se sentir integrante de um rol exclusivo?

Além disso, o cliente que vende mais ainda estimulava os seus compradores a postarem no Instagram, e ainda repostava a publicação do cliente nos stories do perfil da empresa, sempre com um elogio. A empresa que vende o produto por R$ 400 oferece ao seu comprador toda uma “experiência” que o faz se sentir especial. A que vende por R$ 100 é apenas uma empresa que está disputando preço com dezenas, talvez com centenas de outras mais que também têm como único apelo e estratégia de venda apenas disputar preço com os concorrentes. Quem nunca se deparou com anúncios do tipo: De R$ 199,99 por apenas R$ 99,00?

Qual dessas empresas você acredita que ainda estará no mercado em cinco anos? E em dez?

É claro que é a empresa que oferece ao cliente uma experiência.

Pela própria natureza da matemática, por vender muito mais, e com um lucro exorbitantemente maior, é de se supor que a empresa que vende por R$ 400 tem muito mais chances de estar criando um OÁSIS do que a outra, a que vende por R$ 100, e que, por mais que não esteja gerando prejuízo nessa venda, não tem nenhum valor agregado. Sem valor agregado está a meio caminho de começar a cavar uma cova funda.

Outra coisa importante: Focar-se nas pessoas não pode ser apenas algo retórico. Não pode ser algo que você propague. Deve ser algo que se faça de fato. É preciso que realmente o empreendedor se preocupe com a experiência que o seu cliente tem ao usar os seus produtos e/ou serviços, e estimule a melhor experiência possível.

Se você vende água no sinal, não veja o seu negócio como “vender água”. Reprograme a sua mente e se convença de que você está ajudando pessoas a saciarem a sua sede enquanto estão no trânsito.

Se você vende uma camiseta, pare de vender camisetas e comece a vestir as pessoas, a dar uma identidade às pessoas, a oferecer conforto e bem-estar enquanto essas pessoas usam a camiseta que você fabrica ou vende.

O mesmo princípio vale para quem fabrica móveis planejados. Não venda móveis planejados. Ofereça às pessoas a oportunidade de transformarem um cantinho da sua casa em um lugar mais bonito e mais agradável onde se possa viver lindas e inesquecíveis experiências.

Nos anos noventa eu assessorei uma empresa de moda que vendia peças personalizadas. Na época criei uma campanha de mídia com o slogan “… onde você faz a moda!” Funcionou. O dono da empresa não acreditou quando fizemos o monitoramento de resultados da primeira campanha e superamos todas as metas propostas. E continuamos a superar ano após ano por estarmos focado em fazer o cliente se sentir especial.

Quer que o seu negócio saia do buraco e decole como um foguete?

Então aprenda a se focar nas pessoas, em servir e em oferecer uma experiência agradável. Quando você acertar na experiência, acredite, ninguém se incomodará em pagar R$ 400 pela camisa que você vende, mesmo que outra pessoa esteja vendendo a mesma camisa por R$ 100. É provável até que digam que a do outro é falsificada, que é uma imitação da sua. Detalhe: o exemplo acima realmente ocorreu. Um dos clientes da empresa em que Carlos Senna trabalha alcançou tanto sucesso vendendo roupas ali fabricadas que outro cliente, que também terceirizava a produção, começou a vender as peças com o argumento de ser a melhor réplica da marca que estava em evidência… Mas não era uma réplica. Era a mesma roupa com outra etiqueta.

Veja o que um relacionamento bem-feito entre o seu negócio e o seu cliente é capaz de gerar. Até o seu concorrente passa a se apresentar admitindo ser uma versão de segunda mão de você. O problema é que, com isso, esse concorrente tira de si mesmo toda e qualquer possibilidade de crescimento. O cliente dele pode até comprar a “réplica”. Mas na primeira oportunidade preferirá comprar de você para poder dizer que tem o produto original.

Finalizando: tão importante quanto produzir uma boa experiência para o seu cliente é produzir uma boa experiência para você também ao tocar o seu negócio. JESUS ensinou a amar ao próximo como a você mesmo. Então, para amar ao próximo primeiro você precisa se amar. Você também precisa estar contente, feliz e realizado ao gerir o seu negócio.

Um bom exemplo da importância da sua experiência também ser positiva enquanto empreende pode ser visto num relato da vida do poeta Olavo Bilac, e  e que chega até nós no ótimo livro “Útil e Agradável – Vol. 1” do meu amigo Julimar Banc. Acompanhe a seguir:

Dando valor ao que é seu

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:

— Sr. Bilac, estou precisando vender meu sítio. Como o senhor o conhece tão bem, será que poderia redigir um anúncio para o jornal?

Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:

“Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na varanda”.

Meses depois, o poeta encontra com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sitio.

— Nem pensei mais nisso. Quando li o seu anúncio percebi a maravilha que tinha sob minha propriedade.

MORAL DA HISTÓRIA: Às vezes não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros. Valorize o que você tem, os amigos que estão perto de você, o emprego que Deus lhe deu, o conhecimento que você adquiriu e a sua saúde.

Este texto é só mais uma das muitas pérolas publicadas no volume 1 da série “ÚTIL e AGRADÁVEL”, de Julimar Blanc. Vale a pena você conferir o livro, e a série como um todo. E vale muito a pena você passar a dar mais valor às suas próprias experiências para, em seguida, saber como oferecer boas experiências aos outros também.

***

Bem… chegamos ao final destas lições que têm como objetivo apresentar a você 5 DECISÕES necessárias para quem quer sair do buraco, ou cinco atitudes que podem ser adotadas por quem não está no fundo do poço, e que também não deseja ir parar lá.

Uma vez que todas estas lições estão expostas, você pode dizer que já sabe tudo isso… e pronto. Ou pode, como recomendou JESUS, ser humilde e procurar aprender mais. Ao aprender, conscientize-se da necessidade de parar de cavar, de reprogramar a sua mente e suas crenças… estruture as suas fontes de renda e comece a produzir novas, e, lembre-se sempre: Capitalismo não tem a ver com dinheiro. Tem a ver com servir às pessoas e ser devidamente remunerado por isso.

Te vejo do lado de fora do poço para que nós possamos decolar juntos!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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