Coronel Sandro Lúcio: “Não estou participando do processo político para deixar que as coisas continuem como estão”

Coronel Sandro Lúcio: “Não estou participando do processo político para deixar que as coisas continuem como estão”

Em 2011, já no Quadro de Oficiais da Reserva da Polícia Militar, o Coronel Sandro Lúcio participou do Fórum Técnico “Segurança nas Escolas: Por uma cultura de paz”, no Encontro Regional dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, sediado no 19º BPM (foto: Marcelo Metzker | ALMG)

— Por David Ribeiro Jr. —

O Coronel Sandro Lúcio Fonseca, ou Coronel SANDRO LÚCIO, como é mais conhecido, ingressou na Polícia Militar de Minas Gerais no ano de 1983 como cadete. Em 1987 foi designado para servir como aspirante a oficial junto ao 19º Batalhão da Polícia Militar em Teófilo Otoni, onde permaneceu até o ano de 1993. Em 2004 foi novamente designado a voltar a Teófilo Otoni, dessa vez como comandante do 19º BPM, onde permaneceu até 2007. Em 2009 voltou à cidade, dessa vez como comandante da 15ª Região da Polícia Militar, à época recentemente fundada.

Atualmente como integrante do Quadro de Oficiais da Reserva, o Coronel tem trabalhado na iniciativa privada. Mas, segundo ele, ao ver o atual quadro em que se encontra o nosso país, e em especial o nosso estado de Minas Gerais, foi convencido por alguns amigos a disputar uma cadeira de deputado estadual pelo PSL. Assumindo-se como um conservador de direita, o Coronel Sandro defende o liberalismo econômico e a Educação como forma de transformação social. Acompanhe, a seguir, o bate-papo que tivemos:

minasreporter.com — O que motivou o senhor a se lançar pré-candidato a deputado estadual?

Cel. SANDRO: Há algum tempo eu, já estando na reserva da Polícia Militar, passei a integrar um movimento informal da sociedade aqui da nossa região, com foco maior nos Vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, denominado “QG Bolsonaro” que busca resgatar valores tradicionais da família, da moral e dos bons costumes contra todas essas coisas ruins que a esquerda, institucionalmente, fez no Brasil nos últimos trinta ou quarenta anos. Foi fazendo parte desse movimento que começamos a estudar e conhecer filósofos da direita conservadora e verificamos o quanto houve degradação na questão da moral e dos bons costumes no Brasil nesses últimos tempos, e isso trouxe reflexos diversos na segurança pública, como o aumento da criminalidade, o caos econômico em que a gente vive hoje, e tudo isso em função de políticas equivocadas do governo do PT e da esquerda. Foi também fazendo parte desse movimento que, no início do ano, eu fui convidado a ser pré-candidato a deputado estadual pelo PSL, que é o partido do presidenciável Jair Bolsonaro, que nós apoiamos. A minha pré-candidatura é amparada por ideologias. Foi isso que me motivou a fazer parte desse movimento que deseja muito mudar a situação política do Brasil. Até porque, convenhamos, do jeito que está hoje o país não agrada ninguém, nem mesmo à esquerda, que foi quem o jogou nesse abismo.

minasreporter.com — A que o senhor atribui essa virada à direita que está havendo no País?

Cel. SANDRO: Bem… para dizer a verdade, não entendo que houve uma virada à direita. Eu não vejo isso. A população do País sempre foi conservadora de direita. O que não havia antes era uma forma de interligar essas pessoas porque todos nós com esse perfil ficávamos à mercê da grande mídia como a Revista VEJA, a Rede GLOBO de Televisão, o JORNAL DO BRASIL, a FOLHA DE SÃO PAULO, o ESTADÃO… enfim. Havia e ainda há um filtro ideológico nas notícias e nas informações que são passadas por esses veículos. O que mudou é que, com o surgimento das redes sociais, o FACEBOOK, o INSTAGRAM, o WHATSAPP e outras, os brasileiros descobriram que havia muita gente conservadora no país, pessoas que são liberais e que torcem pela preservação dos bons costumes, pessoas que queriam resgatar aqueles valores lá do tempo do governo dos militares… essas pessoas começaram a se conectar. De repente, descobrimos que somos milhões e que houve um catalisador para isso tudo. Esse catalisador, essa pessoa de referência, é a pessoa da vez. Se chama Jair Bolsonaro, um homem que há mais de trinta anos defende isso, mas suas ideias não tinham vazão porque eram filtradas pela grande mídia. Agora, com a rede social, todos nos tornamos um pouco jornalistas; todos somos leitores e todos somos produtores de conteúdo. Isso fez com que nos conectemos e aí descobrimos que nós que temos esses valores somos maioria da população brasileira. Então, não houve uma virada. O que houve foi uma descoberta. Nós, os conservadores, descobrimos que somos a maioria e que estamos fazendo a diferença nesse momento decisivo para o Brasil.

minasreporter.com — A maioria dos deputados da nossa região costuma se assenhorear de programas e políticas governamentais que, mesmo sem eles, viriam para cá. Em sendo eleito, qual será a principal bandeira do pré-candidato Coronel Sandro para o diferenciar dessas outras figurinhas carimbadas?

Cel. SANDRO: Veja bem: o nosso atual sistema político… montado, construído e consolidado por todos esses representantes que estão hoje tanto na Câmara Federal quanto nas assembleias legislativas é um sistema político perverso e que privilegia quem já está lá. O sistema não possibilita a renovação e mantém as pessoas escravas de uma só opção. Isso que você falou é uma realidade. Já há previsão no orçamento para a maioria dessas “melhorias” que chegam nos municípios como se fosse encaminhado pelo deputado “A” ou pelo deputado “B”, principalmente em municípios-polo, como é o caso de Teófilo Otoni, que é uma das vinte maiores cidades do País. Com ou sem a atuação do deputado esses recursos teriam que ser destinados para a cidade; mas, infelizmente, isso nem sempre ocorre. O sistema está montado de tal maneira que, de fato, é necessária a intervenção do deputado no orçamento dizendo que é necessário encaminhar o recurso “X” para o município tal. Na verdade, esse sistema foi elaborado de forma a iludir as pessoas dando a entender que, que sem o deputado, os recursos não viriam. Esse sistema está completamente falido. E é por isso que digo que não estou participando do processo político para deixar que as coisas continuem como estão. Um município importante como Teófilo Otoni não precisa de deputado dizendo que está conseguindo recursos no orçamento do Estado. O município, por ser um dos maiores do Estado, tem que ser agraciado com recursos de infraestrutura, saúde e educação porque isso é o natural e o correto. Sendo assim, uma das minhas bandeiras é exatamente empenhar e me esforçar ao máximo para romper com esse modelo que aí está, um modelo que, sistematicamente, privilegia uma casta, uma elite que já está na assembleia legislativa não permitindo a renovação enquanto engana as pessoas. Outra bandeira minha tem a ver com a Educação…

minasreporter.com — Coronel, todo candidato, ou pré-candidato, vive dizendo que tem propostas para a Educação. O que o senhor propõe, de fato, e de novo, para a área educacional?

Cel. SANDRO: Talvez as minhas propostas nem sejam, necessariamente, algo novo, mas eu vou explicar e você entenderá que são, de fato, funcionais. O Ensino Público hoje no Brasil está falido. As crianças não aprendem o que deveriam aprender em sala de aula porque na grande maioria das vezes elas, ao invés de estarem aprendendo matemática e português, estão sendo doutrinadas por professores que estão cooptando essas crianças para se tornarem logo cedo pequenos e jovens militantes de esquerda. Com isso, essa geração não está recebendo o conhecimento que deveria realmente receber, que é de História, Matemática, Geografia, etc., ou seja, tudo aquilo que iria prepará-la para o futuro e para o mercado de trabalho. Bem, essa foi a análise. Agora, qual é a solução? Eu tenho alguns projetos para a Educação, mas, para não me alongar muito, vou me ater a duas das minhas propostas, e que eu considero as de maior abrangência. Eu peço a todos que observem como nas escolas militares essa situação é diferente. Nas escolas militares as crianças realmente aprendem as matérias que fazem parte da grade curricular. Então, a minha proposta na área da Educação se divide em duas. Primeira fase: Nós vamos ampliar a rede de escolas militares em Minas Gerais, os Colégios Tiradentes da Polícia Militar. A ideia é que em cada cidade onde há um colégio nós criemos mais dois. E quero criar instalar colégios em todas as cidades onde há Batalhão da Policia Militar para começar essa experiência nesse período de quatro anos que estarei como deputado. O que quero é atender pelo menos parte da população e transformar em uma política pública do Estado, e não apenas da Polícia, um programa de segurança permanente nas escolas, já que outro problema que temos atualmente é a questão da segurança. Os professores são ameaçados, há o problema das drogas, alunos que não respeitam professores… enfim! Precisamos implementar um programa de segurança eficiente nas escolas como eu lancei em Teófilo Otoni no período em que aí estive como comandante do Batalhão, e depois como comandante da 15ª RPM. Relembrando, são duas as minhas propostas para a área educacional: aumentar o número de colégios Tiradentes e instituir um programa permanente de segurança para professores, alunos e educandários de Minas Gerais.

minasreporter.com — Mas, Coronel… uma das queixas da população para com os colégios Tiradentes é que há uma prioridade para que os filhos de policiais estudem nessas escolas-modelo. Nessa sua proposta, haverá ampliação de vagas para todo e qualquer aluno que queira se matricular no Colégio Tiradentes?

Cel. SANDRO: Na verdade, hoje a rede de colégios Tiradentes da Polícia Militar não consegue sequer atender a demanda de todos os filhos de militares que buscam uma vaga. Mas, independentemente disso, a rede precisa ser aumentada, sim; principalmente para atender em regime de igualdade de condições aos civis que a procuram. Com essa ampliação que proponho, possivelmente conseguiremos triplicar o número de colégios Tiradentes em Minas Gerais e, com isso, vamos conseguir atender parte da população civil que almeja que seus filhos tenham um ensino nos moldes do padrão militar que é efetuado nos colégios Tiradentes. Então, sim, com a minha proposta, vamos atender à população de modo muito melhor e ainda mais eficiente do que atualmente.

minasreporter.com — Do jeito que o senhor está falando será possível otimizar a educação no Estado mesmo sem aumentar gastos, já que a ideia será usar uma escola já existente e ali adaptar a metodologia de ensino dos Colégios Tiradentes

Cel. SANDRO: Exatamente. Ocorrerá a mudança que queremos com um projeto extremamente barato. Além de não implicar em gastos, transformará a educação e produzirá os melhores resultados em termos de rendimento e desenvolvimento para os alunos do Colégio Tiradentes.

minasreporter.com — Embora isso não seja necessariamente importante, atualmente não há um único nome do Leste de Minas no primeiro escalão do Governo do Estado. O senhor, em sendo eleito, indicará pessoas da nossa região para atuar nas diferentes esferas do Governo ajudando a defender os interesses da região?

Cel. SANDRO: Eu acredito que a composição de uma boa equipe de trabalho inevitavelmente tem que passar por aquelas pessoas que ajudaram na construção da pré-candidatura e na definição das propostas da plataforma política. Então, é natural, sim, indicarmos esses nomes. Isso faz parte do projeto de cada um que seja pré-candidato a deputado estadual, a deputado federal, ao Senado e, no meu caso, que sou pré-candidato a deputado estadual, é importante compor a equipe da região onde suas propostas foram aceitas. Isso faz parte, sim, do meu projeto político. Quero dar maior representatividade aos vales do Mucuri, Jequitinhonha, São Mateus, Rio Doce, Vale do Aço… enfim, o Leste de Minas como um todo.

minasreporter.com — Historicamente, os deputados eleitos pela nossa região não se unem. Alguns se declaram inimigos de fato. Em sendo eleito, o senhor chamará os seus colegas parlamentares eleitos no Leste de Minas para trabalharem juntos?

Cel. SANDRO: Veja bem: Quando parlamentares se juntam eles o fazem por algumas razões. Primeiro: pela afinidade de ideias e de ideologia. Como eu te disse, sou um pré-candidato com ideologia de direita conservadora e um liberal econômico. Outra razão para os parlamentares se unirem é pelo aspecto da territorialidade levando em consideração o quesito geográfico. É natural que todos nós que possivelmente alcançaremos uma eleição, em sendo de uma mesma região, é razoável que nos unamos para buscar recursos e melhorias para aquela região; isso faz parte; não do modo que é feito agora, que é enganando as pessoas dizendo que o governo liberou “X” recursos; não é isso. O que é necessário é definir todos os representantes políticos da região e definir quais são as atividades e obras importantes e relevantes com infraestrutura e educação para atender a região. O que deve ser buscado pelo representante político não é destinar cinquenta, vinte, cem mil, ou milhões que seja, para a cidade, mas de forma esparsa. Precisamos buscar fazer obras de infraestrutura; precisamos atuar para que haja definitivamente uma redução de tributos. Hoje a carga de tributos de Minas Gerais é enorme; temos o ICMS mais alto do País. Isso precisa ser reduzido porque isso propicia que o empresário possa empreender mais, dar mais emprego, barateamento de produtos, aumentar a base da arrecadação… Isso é possível e é claro que priorizarei isso. O que quero é juntar todos os representantes para que a gente, em blocos, consigamos as melhorias para a região, mas de uma forma diferente, não como é feito agora.

minasreporter.com — Depois que a Estrada de Ferro Bahia-Minas foi extinta especulou-se alguns projetos de fortalecimento da economia regional: ZPE nos anos 70 e depois nos anos 90; gemologia nos anos 80; polo de fruticultura nos anos 90; polo de educação regional nos anos 2000, mas nada disso produziu uma transformação plena, como prometido. De forma específica, o que o senhor propõe para o desenvolvimento regional?

Cel. SANDRO: Tudo isso tem um exclusivo culpado: quem ocupou o governo estadual nesses últimos anos. Na verdade, é preciso aproveitar a vocação das regiões para promover o desenvolvimento econômico. Quem tem que diagnosticar, detectar e fazer o planejamento no mínimo de médio prazo é o Executivo, é o Governo do Estado. Eu sou militar, vivo de planejamento; o erro é do Governo Estadual que tem que fazer esse planejamento das regiões e começar esse desenvolvimento porque você aproveita a vocação das regiões. É por isso que eu digo que o parlamentar pode e deve influenciar na decisão dessas políticas, mas num sentido macro para todo o Estado porque o limite de atuação do parlamentar é para todo o Estado e incluindo nesse planejamento macro do Estado para os próximos anos o aproveitamento das vocações regionais como o caso de Teófilo Otoni que você citou para promover desenvolvimento e a melhoria de qualidade de vida das pessoas.

minasreporter.com — Será possível compor com os nomes favoritos à eleição para o Governo do Estado viabilizando projetos que sejam viáveis para a nossa região?

Cel. SANDRO: Acredito que sim. Nós buscaremos de todas as maneiras uma composição que seja natural e viável, mas eu não vou abrir mão dos meus princípios e dos meus valores, que são valores tradicionais e conservadores para fazer acordo com o governo. Isso, não. Nós temos uma luta e entramos nessa missão exatamente para promover em primeiro plano o resgate de valores, dos bons costumes, da moral, da tradição da família, do respeito às pessoas, uma menor intervenção do Estado na vida das pessoas, de redução do número absurdo de agentes políticos que existe hoje no país. Temos esse propósito e é claro que havendo um resultado positivo após a confirmação da nossa pré-candidatura na convenção, e havendo a eleição, nós vamos buscar, sim, conciliar os programas que temos. Havendo essa conciliação de interesses, possivelmente estaremos compondo com um futuro governador que será eleito no estado de Minas Gerais, mas apenas se houver orientação neste sentido do meu partido e do movimento “QG Bolsonaro”, que já mencionei antes.

minasreporter.com — O senhor apresentará sua pré-candidatura ao povo de Teófilo Otoni nesta sexta-feira (03/08). Imagino que o senhor tenha um grande carinho por essa cidade…

Cel. SANDRO: Tenho, sim. Teófilo Otoni é uma cidade muito querida para mim. Passei grande parte da minha vida profissional nessa cidade; meu primeiro filho nasceu nessa cidade; meu pai residiu por muito tempo e até faleceu morando nessa cidade. As pessoas têm um carinho muito grande por mim desde o meu tempo em que fiz um trabalho junto à Polícia Militar, que foi muito bem avaliado. Por isso, Teófilo Otoni está dentro do meu coração e as cidades de seu entorno também fazem parte do meu projeto. O lançamento da nossa pré-candidatura será no Hotel Palmeiras nesta sexta-feira, 03. Esperamos que todos compareçam. Será um prazer recebê-los. Ali divulgaremos as nossas ideias, mostraremos as pessoas porque aceitamos essa missão e conversaremos com os amigos, conhecidos e pessoas aí de Teófilo Otoni porque foram muitos anos que passei nessa cidade maravilhosa, e agradeço a Deus por tudo isso.

minasreporter.com — Obrigado pela entrevista, e fique à vontade para suas considerações finais.

Cel. SANDRO: Eu gostaria de agradecer a oportunidade e dizer que quando deixei o serviço ativo da Polícia Militar de Minas Gerais desenvolvi algumas atividades na Prefeitura de Teófilo Otoni, onde fui o gestor da TEOTRANS. Depois disso também me envolvi na área de Ensino Superior; fui gestor de uma universidade aqui no vale do Rio Doce e hoje a universidade funciona a pleno vapor. Hoje eu continuo trabalhando porque eu acredito que política não é lugar de aventureiro e de quem não tem nada para fazer. Na política a gente deixa um pouco os afazeres um tempo para dar uma contribuição para melhorar as condições de vida do país, da coletividade do nosso estado de Minas Gerais. Depois a gente volta para suas atividades. Então foi essa uma das condições que coloquei; não deixo o meu trabalho porque política não é meio de vida. Política é um meio de a gente promover um desenvolvimento do lugar onde se vive, promover a melhoria de qualidade de vida das pessoas, não é melhoria de vida, a nossa melhoria de vida é o trabalho que a gente tem, é a habilidade que a gente tem de produzir e ganhar o sustento.

Em 2010 o Coronel Sandro Lúcio foi homenageado com a Comenda Teófilo Otoni (foto: Lia Priscila | ALMG)



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